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Sindicato venezuelano reporta 181 agressões a jornalistas no país

Ao completar dois meses de protestos contra o governo do presidente Nicolás Maduro neste sábado (12/4), o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP) da Venezuela disse que foram registradas 181 agressões contra 137 comunicadores. Segundo a agência EFE, Marco Ruiz, secretário-geral do SNTP, ressaltou que entre as 181 agressões destaca-se a contra um jornalista ferido à bala, 82 casos de fustigação, 40 de agressões físicas, 35 de roubos ou destruição do material de trabalho e 23 detenções.

A Procuradoria Geral contabiliza, desde 12 de fevereiro, 41 mortos, entre eles 32 civis de ambos os grupos e pessoas atingidas em um virtual “cruzamento de fogo”, e nove agentes de corpos de segurança. Sobre a procedência das agressões contra os trabalhadores da imprensa, Ruiz disse que em 60% dos casos os responsáveis foram funcionários de diferentes instâncias policiais e os demais ativistas identificados tanto com o governo como da oposição.

Enquanto isso…

O presidente venezuelano anunciou ontem (13) que criará, em breve, o Ministério para a Comunicação Internacional, “dedicado exclusivamente à defesa mundial da Venezuela”. “Pensei na necessidade de criar um novo ministério para a comunicação internacional, dedicado exclusivamente à defesa mundial da Venezuela”, disse Nicolás Maduro, hoje, aos jornalistas. “Pensei mesmo em Roy Chaderton [embaixador da Venezuela na Organização de Estados Americanos] para que assumir essa pasta”, adiantou.

Segundo Nicolás Maduro, a criação do novo ministério é uma necessidade destes tempos, que “contará com o apoio de muitos ao redor do planeta”. “É um grande repto para qualquer país poder enfrentar a guerra comunicacional, que se tem manifestado contra a Venezuela, a revolução e, em especial, contra mim como presidente”.

“Grande parte dos ataques que temos vivido desde fevereiro [protestos e violência na rua], com a ‘saída já’, estava ligada a um plano internacional contra a Venezuela, que conseguimos derrotar graças à nossa força no cenário mundial”, disse.

De acordo com Nicolás Maduro, a Venezuela tem muito prestígio em foros como a ONU, a subcomissão de Direitos Humanos, a Organização de Estados Americanos e a União de Nações da América do Sul. “Temos vencido todos os desafios surgidos, mas há que admitir que, do ponto de vista mediático, todos esses meios de comunicação e os porta-vozes da oposição que têm saído pelo mundo a pedir uma intervenção contra a Venezuela têm feito um grande dano ao país”, completa o presidente.

Arbitrariedade

Enquanto a arbitrariedade manda nas prisões feitas durante os protestos, dois prefeitos em exercício e um ex-prefeito, Leopoldo López, dirigente do partido Voluntad Popular, foram privados de liberdade depois de as autoridades venezuelanas os acusarem de instigar os protestos e barricadas nas ruas. No último dia 6, a jornalista Nairobi Pinto foi sequestrada em Caracas e segue desaparecida. A polícia acredita que Nairobi tenha sido sequestrada porque guardava informações sobre a onda de protestos iniciada no começo de fevereiro.

Mas entre as 2.326 detenções que, segundo os registros do Foro Penal Venezuelano, aconteceram desde 12 de fevereiro, nem todas foram de celebridades políticas. De fato, é entre os cidadãos anônimos onde se detectam com maior clareza os aspectos de arbitrariedade e retaliação que caracteriza o contra-ataque combinado dos agentes de segurança e do poder judicial.

No estado Barinas, terra de origem do comandante Chávez, permanece preso há um mês um casal de advogados, Sandra e Hernán Garzón. Eles são acusados de queimar uma instalação da empresa petroleira estatal. No estado de Aragua foi capturado Raúl Emilio Baduel, filho do homônimo que foi titular do ministério de Defesa no Governo de Hugo Chávez. Uma vez retido, seu pai, o general Raúl Baduel rompeu com o governo e foi acusado de corrupção, acusações que o levaram à prisão. Agora, seu filho foi levado a uma das prisões mais perigosas do país, Uribana, no estado de Lara.

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Mas talvez um dos casos mais eloquentes seja o de Massiel Miranda, uma vendedora ambulante de comida que costuma ficar ao redor do Parque do Leste de Caracas. Miranda, de 21 anos, encontrou no primeiro dia de abril um saco abandonado perto de seu posto de trabalho. Quando abriu, viu que o pacote tinha explosivos de fabricação caseira. Denunciou o achado para a Guarda Nacional, que a prendeu. Hoje ela enfrenta acusações de terrorismo, detida no presídio feminino de Los Teques (estado de Miranda).

Há dois meses, a Venezuela enfrenta uma onda de manifestações contra o governo de Nicolás Maduro, motivadas pela crise econômica e pela insegurança, que já deixaram 39 mortos, mais de 550 feridos e quase uma centena de denúncias de violações de direitos humanos. O governo e a aliança opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) iniciaram na última quinta-feira (10/4) uma rodada de reuniões que continuarão nesta terça-feira (15/4) para identificar as razões dos protestos e evitar nelas os fatos de violência.

*Com informações do Portal Imprensa, El País (Edição Brasil), O Globo e Negócios Online.

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