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Tecnologia: O que fazemos com ela e o que ela faz conosco?

Por Baga de Bagaceira*

Hoje em dia acompanhamos celulares, tablets, notebooks e demais aparelhos eletrônicos circulando e nos conectando com o mundo todo. Mas será que paramos para observar o que estamos fazendo com o nosso “novo” modo de ver o mundo?

             Muitas vezes não paramos para observar os efeitos que o uso massivo da tecnologia pode nos acarretar. Essa sensação de proximidade, de ver o amigo ou o parente através de uma tela, é na verdade o lugar que esperamos encontrá-los sem estar realmente perto. Não olhamos mais para a pessoa ao lado sem estar preocupado/a com as redes sociais. Será esse o nosso novo modo de ver e sentir as pessoas?
– Calma! Estou respondendo um comentário na minha nova foto!
              Ainda há de imaginar que nas saídas temos cada vez mais pessoas fingindo estar próximas, mas cada vez conectadas e preocupadas com as curtidas e comentários. Nessa onda, contribuímos, ainda que indiretamente, para o avanço das fake news. Nos deixamos levar pelas informações rápidas e incansáveis das redes e abandonamos o nosso papel de verificação da notícia.
              Esse papel deve ser tomado pelo jornalista como sua base para o conhecimento. É a partir da averiguação e comprovação do fatos pelas fontes, documentos, etc. que compreendemos a importância do tratamento com a notícia e, por sua vez, com a comunicação e tudo que a gera.
              Por isso, nunca foi tão importante entender os efeitos que uma notícia falsa pode causar, a nível política ou até mesmo em seu bairro. É verdade também de que a verdade absoluta nunca existirá, conhecemos os fragmentos de uma verdade, o nosso ponto de vista atrelado a nossa experiência no mundo. Entretanto, não dá pra acreditar em certas distribuições de mamadeiras e kits, quando na verdade o seu efeito repetitivo pode levar a tal notícia a virar uma “verdade” de tantas vezes que ela foi replicada sem nenhuma preocupação com os danos que causaria.
               De nenhum modo procuramos demonizar as mídias ou as tecnologias, até porque cumprem as demandas ao que elas se propõem a oferecer: seja entretenimento e até comunicabilidade virtual. Ainda que essa comunicação não se mostre tão efetiva, como se faltasse algo a acrescentar: o olho-no-olho, sentir as mãos do outro, tocar no ombro ou no encontro das respirações.
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*Baga de Bagaceira Souza Campos é jornalista, performer, mestre em Comunicação pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação – Mídia e Formatos Narrativos – da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), na linha de pesquisa Mídia e Sensibilidades.
Nossas colunas contam com diferentes autores e colaboradores. As opiniões expostas nos textos não necessariamente refletem o posicionamento da Associação Bahiana de Imprensa (ABI).
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