Para celebrar o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, a Associação Bahiana de Imprensa (ABI) promoveu na manhã desta quinta-feira (3), a mesa-redonda “Esquerda x Direita e a sua convergência”. O evento aconteceu no Auditório Samuel Celestino, localizado na sede da entidade.
Mediado pelo jornalista e presidente da ABI, Walter Pinheiro, o debate também contou com a presença do empresário e membro da Academia de Letras da Bahia (ALB) Joaci Góes; do professor, engenheiro e escritor Fernando Alcoforado; do professor de Ciência Política, Paulo Fábio Dantas; e do jornalista e doutor em Filosofia, Francisco Viana.
Durante a abertura do evento, Pinheiro destacou a importância da imprensa para o desenvolvimento do país. “A imprensa é aquele pilar necessário para a democracia, para os povos civilizados, o fortalecimento da cidadania, desenvolvimento e a prática da justiça. Se não fosse a imprensa, será que o Brasil teria chegado ao nível em que chegamos? Em termos de denúncias, da luta pela valorização das práticas entre setores públicos e privados, muita coisa não teria chegado ao conhecimento da sociedade”, pontuou.
Ainda durante sua fala, o presidente ressaltou o alto índice de violência sofrida pelos profissionais de comunicação no Brasil e no mundo. “O trabalho de apuração tem se tornado uma atividade perigosa, com assassinatos de dezenas de profissionais. É para chamar a atenção de tudo isso que foi instituído o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa”.
Convidados
O proponente do evento, Joaci Góes, falou sobre a escolha do tema para ser debatido nesta data. “A ABI não poderia ter escolhido um tema mais adequado para celebrar os 25 anos de criação desse dia tão importante na história da liberdade no mundo, do que essa problemática que divide a família brasileira hoje de um modo crescentemente perigoso”, disse. Góes afirmou que a “sociedade brasileira está respirando um clima de indesejável tolerância”.
“A partir da minha observação pessoal em conversa com pessoas dos diferentes espectros ideológicos, eu pude perceber que na maioria esmagadora, essas pessoas não sabiam na realidade o que estavam falando. Pessoas que se diziam de direita ou esquerda não eram capazes de manter um discurso razoavelmente sistêmico, organizado e coerente, e a partir daí veio a sugestão para que nós realizássemos esse debate”, explicou.
Paulo Fábio Dantas, que integra o Departamento de Ciência Política da FFCH/UFBA, falou de convergência e hegemonia em grupos políticos.
Francisco Viana também abordou a liberdade de imprensa. Para ele, “se a sociedade é livre, a imprensa é livre”. “Eu não conheço sociedade onde a imprensa seja livre e a sociedade não seja. Então o ponto de partida disso é da liberdade da sociedade, e numa sociedade livre ela precisa incorporar e dar voz a todas as correntes de pensamento”, disse. Viana acredita que é preciso ter um “centro” mediador para equilibrar os debates da esquerda e direita.
Fernando Alcoforado fez um panorama do cenário político do país. Ele afirma que “o nível de bem estar desfrutado pela população do país determina o índice de governabilidade existente”. Ainda de acordo com Alcoforado, a incapacidade do governo brasileiro em oferecer respostas eficazes para superação da crise econômica e debelar a corrupção contribuiu para o aumento da violência política. “Sem a solução desses problemas o pais poderá ficar convulsionado”, concluiu.
Liberdade de Imprensa
O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa foi proclamado pela Assembleia Geral da ONU, em 1993, em seguimento à Recomendação aprovada na 26ª sessão da Conferência Geral da UNESCO, em 1991. Isso, por sua vez, foi uma resposta ao apelo dos jornalistas africanos que, em 1991, elaboraram a Declaração de Windhoek sobre o pluralismo e a independência da mídia.
A data (3 de maio) é uma ocasião para informar os cidadãos sobre as violações à liberdade de imprensa – um lembrete de que, em muitos países do mundo, as publicações são censuradas, multadas, suspensas e encerradas, da mesma forma que jornalistas, redatores e editores são perseguidos, atacados, detidos e até assassinados.
A Unesco recomenda que “a data é para incentivar e desenvolver iniciativas em prol da liberdade de imprensa, assim como para avaliar a situação da liberdade de imprensa em todo o mundo. (…) É também um dia para se lembrar dos jornalistas que perderam a vida na busca de uma história.