Luis Guilherme Pontes Tavares*
O título acima anuncia que, em julho de 2024, celebraremos os 180 anos de nascimento do empresário, jornalista, designer baiano Luiz Tarquínio. Estou certo de que não faltarão celebrações, inclusive na Associação Bahiana de Imprensa (ABI). Ele publicou artigos na imprensa nacional e patrocinou, talvez, os primeiros house organs (periódicos internos) da Bahia, destinados aos operários da sua Companhia Empório Industrial do Norte, além da Revista Popular (set1897-ago1898), editada pelo gráfico, nascido em Cachoeira, Cincinnato José Melchiades (1858-1920).
Saliento que em 09 de outubro vindouro, transcorre o 120º aniversário de falecimento de Tarquínio. Que ele seja lembrado, pesquisado e sirva de exemplo para todos nós! A propósito, os organizadores do livro Gestões empresariais inspiradores (Salvador: edição dos autores, 2022) incluiu o perfil dele, assinado pelo professor Adriano Leal Bruni. Ademais, o conteúdo está disponível na web – https://gestoesinspiradoras.ufba.br/livro-interativo/industria/luiz-tarquinio/
Nas páginas 413-414 da 10ª edição do seu História da Bahia (Salvador: Edufba; São Paulo: Edunesp, 2001), o escritor Luis Henrique Dias Tavares (1926-2020), no capítulo XXIII, publica o perfil de Luiz Tarquinio:
“Luis Tarquínio é o mais ilustre e destacado pioneiro das tentativas de industrialização da Bahia nas décadas finais do século XIX e início do século XX. Nasceu na cidade do Salvador a 14 de julho de 1844, filho de uma extraordinária mulher, Maria Luíza dos Santos, cuja pertinácia em mantê-lo e educá-lo ele jamais deixou de exaltar.
Todo o ensino que ele teve foi o elementar (primário). Aos 10 anos de idade já estava trabalhando como balconista de uma loja de tecidos. Por sua inteligência, vivacidade e disposição para o trabalho conquistou admiradores e amigos. Chegou à firma Frères Bruderer, de dois suíços importadores diretos de tecidos das fábricas inglesas localizadas em Manchester. Tornou-se próximo de João Gaspar Bruderer, que o estimulou a desenhar e submeter aos fabricantes ingleses sugestões de padronagens por ele consideradas mais de acordo com o gosto brasileiros. Foram aprovadas e executadas, dando-lhe reconhecimento que o elevou a sócio da firma suíça (1877).
A Bahia dos anos de 1850 possuía fábricas de tecidos, mas eram poucas e de tecnologia ultrapassada. Sócio de Bruderer e Cia, Luis Tarquínio tinha o suficiente para ser mais um rico comerciante da Bahia. Inimigo, porém, do sistema de trabalho escravo dominante no Brasil, lutou por sua extinção, chegando a apresentar um plano para o seu fim em tempo rápido. Ele bem sabia que a industrialização exigia operários pagos pelo trabalho que realizavam. Em viagens à Inglaterra, aprendeu o que era indústria, muito especialmente a de tecidos. E desejou fundar uma fábrica têxtil na Bahia. Veio a ser a Empório Industrial do Norte, construída na Boa Viagem, local aprazível da parte baixa da cidade do Salvador.
A Companhia Empório Industrial do Norte data de 4 de março de 1891. Em 1890 tinham surgido várias iniciativas industriais na Bahia, em parte resultantes do ímpeto inspirado pela política do ministro da fazenda do 1º governo da República, Ruy Barbosa. A Empório de Luís Tarquínio foi a única que chegou próxima aos nossos dias.
Luís Tarquínio morreu em 1903.”
Este texto é ilustrado com o retrato de Tarquinio que adorna parede na Associação Comercial da Bahia (ACB), pintado, em 1975, pelo professor, artista plástico e restaurador João José Rescala (1910-1986) com base em fotografia do homenageado.
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*Jornalista, produtor editorial e professor universitário. É 1º vice-presidente da ABI. [email protected]
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