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2019: Projeto da Abraji e Farol traz projeções para o jornalismo no Brasil

Pela terceira vez, Farol Jornalismo e Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) convidaram jornalistas e pesquisadores para projetar o jornalismo no ano que se aproxima. Os profissionais foram desafiados a pensar 2019 e revelaram um horizonte de desafios, mas também de oportunidades.

Pela terceira vez, Farol Jornalismo e Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) convidaram jornalistas e pesquisadores para projetar o jornalismo no ano que se aproxima. Os profissionais foram desafiados a pensar 2019 em um momento no qual a poeira do pleito eleitoral estava longe de assentar. O resultado da nova edição do especial O jornalismo no Brasil é um quadro que contempla parte do cenário complexo de 2018. De acordo com a série, o jornalismo enfrentará agravamento da desintermediação e credibilidade em baixa.

O jornalista Moreno Osório, professor de jornalismo na PUCRS e cofundador do Farol, diz que o horizonte é de desafios, mas também de oportunidades. Para aproveitá-las, segundo ele, será preciso acordar. “As eleições de 2018 ofereceram uma prévia do cenário a ser enfrentado pelo jornalismo brasileiro em 2019. As campanhas eleitorais, em especial a do presidente eleito, Jair Bolsonaro, aceleraram um processo de desintermediação característico da internet social. Impôs-se de maneira decisiva a máxima de que a informação precisa cada vez menos de mediadores tradicionais para circular, abalando a já fragilizada credibilidade do jornalismo”.

Para o professor, beneficiada por um cenário de polarização, intolerância e agressividade, a lógica de conexão ponta a ponta construiu uma realidade que muitas vezes esteve alheia aos fatos. “Nesse novo ecossistema, atores políticos, de um lado, apresentam cenários que mais lhes interessam. Do outro, o público recebe uma narrativa que melhor representa o seu modo de pensar. Tudo isso passando ao largo do jornalismo e sua função mediadora”, avalia.

“Expor as entranhas das plataformas sociais será essencial”, enfatiza. Osório alerta, no entanto, que isso não será o suficiente para convencer novamente a sociedade da importância do nosso trabalho. Para responder à desintermediação, o jornalismo precisará aprofundar a sua relação com o público. A resposta à desconfiança da imprensa será aumentar a transparência e investir mais em diversidade e colaboração.

A transparência também permeia a reflexão do jornalista e editor do Projeto Comprova, Sérgio Lüdtke, sobre desinformação. Frente a um ecossistema marcado por bolhas de paredes cada vez mais espessas, para conter a desinformação, é imperativo que os atuais esforços de fact-checking sejam mantidos. Mas não bastará que os jornalistas sigam apenas expondo o problema. Será preciso convencer as pessoas de que a narrativa jornalística busca o bem comum. Para isso, o jornalismo necessita de “novo contrato de confiança com a sociedade”.

Esse novo contrato passa por um esforço maior para conhecer o público. No caso da checagem de fatos, a jornalista do Filtro Fact-Checking e pesquisadora Taís Seibt sugere a adoção de formatos que conversem melhor com os ambientes onde o brasileiro costuma se informar. Ela acredita que checagens em vídeo ou em áudio podem ter mais chance de circular no WhatsApp, por exemplo.

As informações contidas nesse texto foram extraídas da série O Jornalismo no Brasil em 2019.

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