Está disponível no site da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) a edição 2023 do “Relatório Violência contra jornalistas e liberdade de imprensa”. Foram registrados 181 casos no Brasil. De acordo com o levantamento, houve uma queda de mais de 50% em relação aos 376 casos de 2022. Mas um dado preocupa: o crescimento do assédio judicial.
No cenário baiano, apesar da queda de 14, em 2022, para 10 casos em 2023, o estado lidera o ranking de violência no Nordeste, região com 24,86% dos casos (45 casos), segundo lugar na média nacional, atrás apenas do sudeste.
Dentre os dados divulgados pela instituição, estão o recorte de gênero, tipo de mídia e região do país em que os profissionais são atacados com mais frequência. Como de costume, a edição também recolhe relatos das agressões e aponta os principais agressores à categoria.
Os casos de ameaças/hostilização/intimidação ficaram em 1º lugar e totalizaram 42 episódios, uma queda de mais de 50% em comparação com os 77 registros do ano anterior. A categoria foi seguida pelas agressões físicas também diminuíram. Saindo de 49 casos em 2022 para 40 em 2023.
Os casos de cerceamento à liberdade de imprensa por meio de ações judiciais cresceram 92,31% no último ano. O número saltou de 13 ações ou inquéritos registrados em 2022 para 25 em 2023. Já a violência contra os sindicatos e os sindicalistas aumentou 266,67%, passando de três para 11 casos, na mesma comparação.
Os jornalistas que trabalham em televisão foram os mais atingidos pela violência, em 2023, assim como no ano anterior. Foram 81 profissionais atacados diretamente, entre repórteres e repórteres cinematográficos, representando 29,35% do total de vítimas.
O Nordeste foi a segunda região mais violenta para os jornalistas, com um número de ocorrências muito próximo ao do Sudeste: foram 45 casos, o equivalente a 24,86% do total. A região foi a única em que o número de ataques à imprensa cresceu, na comparação com o ano de 2022, quando foram registrados 35 casos.
Entre os estados do Nordeste, a Bahia registrou, pelo segundo ano consecutivo, o maior número de agressões, apesar da diminuição do número de ocorrências, na comparação com o ano anterior.
Segundo a presidente da Fenaj, Samira de Castro, o fim da institucionalização da violência contra a categoria, perpetrada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, fez cair o número de agressões diretas aos profissionais e desabar os ataques genéricos e generalizados a veículos de mídia e a profissionais, categorizados como Descredibilização da imprensa.
“A realidade cotidiana do trabalho dos jornalistas permanece preocupante. As agressões à categoria e ao Jornalismo continuam e, em determinadas categorias de violência, até cresceram significativamente em 2023”, pontua Samira de Castro.
Para o presidente do Sinjorba – Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia, redução do número de ataques se deve ao fato de o governo no país atua “nos limites da democracia”. O dirigente considera importante comemorar o recuo do casos, embora o problema continue merecendo atenção. “É preciso registrar que tais números ainda estão em um patamar alto. Vamos continuar denunciando os ataques, em especial o assédio judicial, que tem sido um instrumento bastante utilizado por quem não respeita a lei, com o objetivo de calar a imprensa”, destacou.
- Confira o relatório na íntegra: Violência contra jornalistas e liberdade de imprensa.