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Documentário “1798 – Revolta dos Búzios” completa seis semanas em exibição

Diretor Antonio Olavo celebra sucesso do filme em Salvador e mais 11 capitais brasileiras

A preocupação com a bilheteria, problema comum para filmes independentes, foi superada pela recepção positiva do público ao documentário “1798 – Revolta dos Búzios”, do cineasta e pesquisador baiano Antonio Olavo. A obra, primeira de uma sequência que retratará também a Revolta dos Malês (1835) e a Sabinada (1837-1838), estreou no final de maio e acaba de completar seis semanas consecutivas em cartaz, em Salvador e outras capitais brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, Belém, Manaus, Recife, Maceió, São Luís e Aracaju.

A matinê de ontem (7), no Cine Glauber Rocha, reuniu 108 pessoas. “Não é pouca coisa para uma manhã de domingo ensolarado em Salvador”, celebra Antonio Olavo. Ao final da sessão, ainda sob intensos aplausos e a emoção tomando conta da sala, o cineasta saudou o público em agradecimento, além de reforçar o pedido de apoio, para que cada vez mais pessoas conheçam o longa. “Já estamos na surpreendente sexta semana e isso mostra que, num bom horário, o cinema baiano atrai público. De minha parte, é somente dizer ‘gratidão’”.

Produzido pela Portfolium Laboratório de Imagens e distribuído pela Abará Filmes, a obra faz parte do projeto do pesquisador de registrar os movimentos de insurgência negra na filmografia nacional. O cineasta tem se dedicado ao tema desde 2006 e vê nessa empreitada uma forma de fortalecer a identidade do povo negro.

Estreia de “1798 – Revolta dos Búzios” | Foto: Divulgação

Olavo vê o resultado da bilheteria com otimismo, considerando-o uma “homenagem mais que merecida aos personagens históricos que lutaram para modificar a história do país”. Para o pesquisador, o mais importante é que a população conheça as conquistas alcançadas pelo povo negro ao longo dos séculos.

“Estar no Circuito Comercial em 12 capitais do Brasil, sem dúvida é muito importante”, reflete, enquanto analisa o sucesso de público. “O Brasil, que tem uma população majoritariamente negra, precisa conhecer essas histórias”, afirma.

Resistência e afirmação

Historicamente, a Revolta dos Búzios representou um avanço perante o ideal de liberdade que era propagado no Brasil do século XVIII: branco, masculino e ainda limitado. Como pesquisador, Antônio Olavo vê no movimento um diferencial qualitativamente revolucionário – a luta pelo fim da escravidão, ideal que não foi defendido por outras insurgências como a Inconfidência Mineira, de 1789.

“No Brasil, o que a historiografia tradicional fala sobre o negro é essencialmente a história da escravidão, como se a vida do negro se resumisse a isso”, critica Olavo, ao traçar um paralelo entre os dois movimentos de revolução brasileiros. “O movimento de 1798 na Bahia defendia explicitamente a Independência do continente do Brasil, uma República Democrática e o fim da escravidão, nenhum outro movimento da época fez isso”, explica.

Foto: Divulgação

De acordo com o cineasta, conhecer a história de resistência e afirmação do povo negro traz pertencimento, fortalece uma identidade e contribui sobremaneira para consolidar a autoconfiança e estima.

A produção do filme teve apoio da ANCINE, FSA, BRDE, Governo do Estado da Bahia, Secretaria de Comunicação Social do Estado da Bahia, Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia – IRDEB e da TV Educativa da Bahia. O projeto de distribuição do filme foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura e Governo Federal.

Sobre o diretor

Antonio Olavo, cineasta e pesquisador, trabalha com temas ligados à valorização da memória negra. É autor do livro “Memórias Fotográficas de Canudos'” (1989) e gestor da Portfolium Laboratório de Imagens, produtora pela qual dirigiu 19 filmes documentários, entre os quais sete longas-metragens: “Paixão e Guerra no Sertão de Canudos” (1993); “Quilombos da Bahia’ (2004); ‘Abdias Nascimento Memória Negra” (2008); “A Cor do Trabalho” (2014); “1798 Revolta dos Búzios”; “Quilombo Candeal – Roda de Versos na Boca da Noite” (2021) e “Ave Canudos! Os que sobreviveram te saúdam” (2021). Dirigiu também uma série para TV denominada “Travessias Negras” (2017) e atualmente está finalizando o filme “A Protetora – Memória Negra da Bahia”.

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