“Você já fez programa de auditório, Franciel?”, pergunta alguém entre a plateia lotada na sede da Associação Bahiana de Imprensa (ABI). O jornalista e escritor nem responde: simplesmente se levanta e puxa um coro com palmas como se fosse o próprio Chacrinha – e o auditório vai abaixo.
Assim foi o lançamento do livro de crônicas esportivas “Tá pensando que tudo é futebol?”, de Franciel Cruz: performático, jovial, e irreverente como só um verdadeiro erudito no quesito Bahia poderia comandar. O evento, que ocorreu nesta sexta-feira (9) no auditório Samuel Celestino, na Praça da Sé em Salvador, ainda teve música ao vivo, debates animados sobre política e – é claro – muito acarajé.
A comparação com um programa de auditório ou “Talk Show” não é coincidência: o autor incorporou sua já tradicional “live das canjebrinas” ao lançamento, manejando o público presencial e online como quem já nasceu sabendo animar uma plateia. As violas de Borega e Rita Tavares fizeram a trilha sonora, e o próprio Franciel também cantou, frequentemente e sem aviso, sempre que lhe “deu na telha”.
Apregoando com sua barba e cabelos de profeta, o cronista ainda usou o palco da ABI para abordar os tópicos mais variados. De futebol a política e histórias de “mil novecentos e bolinha”, imperou, é claro, o tema da Bahia e as controvérsias da baianidade. Franciel defendeu a alegria baiana, mas traçou um limite entre a cultura real e imagens fantasiosas: “Eu defendo efetivamente as coisas da Bahia, mas tenho uma alergia crônica a essa coisa da ‘baianidade’. Não essa brincadeira que eu adoro, a irreverência das pessoas, mas aquela coisa idealizada”, pontuou.
Como exemplo, usou a chuva que vem atingindo Salvador há uma semana. “Salvador é a cidade com um dos maiores índices pluviométricos do país. Mas como é que ela foi vendida pela Bahiatursa e etc? Como a cidade em que é sol o ano inteiro. Aqui chove sem parar”, observou.
“Franciel tem essa personalidade que consegue galvanizar, principalmente o meio dos colegas jornalistas, porque ele faz uma performance muito engraçada, mas também com muito fundamento. Franciel é um cara que tem uma memória fantástica, fomos colegas de faculdade e ele sempre teve esse estilo anárquico, mas que a gente sabe que tem conteúdo. Então é muito interessante participar de um evento como esse.”
Henrique Souza, jornalista
“É bem interessante a ABI abrir suas portas, ainda mais uma noite de lua em um período chuvoso, para reunir tanta gente interessante que Franciel traz, porque ele é um cara muito carismático, muito interessante, muito polêmico. E o jornalismo precisa de pessoas assim. Então uma noite muito agradável e espero que aconteça mais vezes esse tipo de evento, porque o espaço é muito interessante e as pessoas precisam conhecer mais.”
João Paulo Costa, jornalista
“Eu adorei [o evento] porque acompanho o virtual, né? Conheci Franciel tem uns 3 anos, e eu gosto da forma como ele enxerga a realidade sobre óticas diferentes. […] Hoje, de fato, teve um espetáculo. Espetáculo. É isso, eu adorei e se tiver outras vezes, eu ‘tô colado’.”
Leonardo Martins jornalista.