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“Vozes que Conectam” reúne lideranças da comunicação em Salvador e destaca urgência de segurança informacional

A Associação Comercial da Bahia (ACB) abriu, nesta terça-feira (4), as portas do seu Salão Nobre, no Comércio, para sediar a primeira edição do Vozes que Conectam, um seminário dedicado a discutir comunicação, tecnologia e segurança informacional sob a perspectiva de profissionais dos setores público e privado. Das 8h30 às 12h, jornalistas, gestores, pesquisadores e executivos acompanharam debates que colocaram a Bahia e o Nordeste no centro das reflexões nacionais sobre o futuro da informação, em uma conjuntura marcada por intensa transformação tecnológica e por um ambiente público cada vez mais permeado pela desinformação.

A presidente da ACB, Isabela Suarez, recebeu os participantes destacando que a entidade, tradicionalmente voltada ao empresariado, se abre também para o diálogo com o ecossistema da comunicação, algo que considera essencial para fortalecer práticas informativas responsáveis. Ao agradecer aos parceiros e diretores da instituição, ela afirmou que, como segunda mulher a assumir a presidência da casa em 64 anos, reconhece “a responsabilidade de conduzir um espaço que também pertence à comunicação”, reiterando o desejo de que o encontro “conecte ideias e estimule uma comunicação verdadeira e saudável”.

A abertura do seminário coube a Ricardo Luzbel, fundador da Associação Baiana de Jornalismo Digital, diretor de Comunicação da ABMP e vice-presidente de Comunicação da ACB, que situou o encontro como parte de um movimento maior de fortalecimento das redes profissionais e institucionais que atuam no campo informacional.

TV 3.0 e os novos desafios da radiodifusão

O primeiro painel, A TV 3.0 e a Comunicação Hoje e Amanhã, mediado por André Dias, superintendente de Rede da Record e vice-presidente de Televisão da Abratel, reuniu Flávio Lara Resende (Grupo Bandeirantes), Mário Kertész (radialista e ex-prefeito de Salvador), Fernando Barros (Propeg) e Robson Galliano (especialista em transformação digital). O grupo refletiu sobre a transição tecnológica da radiodifusão, a chegada da DTV+ e as possibilidades abertas pela TV 3.0, que promete integrar recursos até então restritos ao ambiente digital.

O secretário de Comunicação do Estado da Bahia, Marcus Vinícius Di Flora, enfatizou que qualquer avanço tecnológico que amplie o acesso à informação fortalece a democracia e a atividade econômica. Segundo ele, a TV 3.0 traz para a televisão funcionalidades típicas da internet e, ao fazer isso com maior controle e qualidade, pode reduzir vulnerabilidades que hoje favorecem a circulação de notícias falsas.

Foto: Joseanne Guedes

Para Di Flora, o papel do jornalismo se torna ainda mais decisivo, uma vez que “as mídias tradicionais têm uma referência de confiabilidade que nem sempre existe nas redes sociais”, o que mantém a imprensa como fonte de verificação para grande parte da população.

Integridade da informação e responsabilidade social

O segundo painel, O que a Integridade da Informação tem a ver com nossa vida, reuniu Wendel Palhares (Alagoas), Marcus Vinícius Di Flora (Governo da Bahia) e Renato Salles (FSB Holding), sob mediação de Marcos Machado, diretor-presidente da Rede Bahia. O grupo discutiu o impacto da polarização e das plataformas digitais no cotidiano das pessoas, destacando como a desinformação altera percepções, compromete políticas públicas e afeta a segurança institucional.

O secretário alagoano, Wendel Palhares, tratou da centralidade do Nordeste no debate sobre comunicação, observando que a região tem acumulado experiências relevantes de políticas públicas voltadas à integridade informacional. Sua fala reforçou que o tema transcende a esfera técnica e afeta a vida cotidiana, o que torna urgente a articulação entre governos, empresas e entidades do setor.

O diretor da AC Comunicação, co-organizadora do evento, e atual chefe da comunicação da CNI, André Curvello, avaliou que o evento demonstra uma adesão plena do mercado e expõe a necessidade de aprofundar discussões sobre desinformação e confiança pública. Para ele, há “uma lacuna a ser preenchida com reflexão qualificada sobre um tema tão relevante quanto o combate às fake news”.

Articulações institucionais

A presença de entidades como ABAP Espaço de Articulação Coletiva do Ecossistema Publicitário, Sinapro – Sistema Nacional das Agências de Propaganda do Estado da Bahia, Associação Bahiana de Imprensa – ABI, Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e Aberje – Associação Brasileira de Comunicação Empresarial reforçou o propósito do seminário de ampliar a interlocução entre campos complementares da comunicação.

Foto: Roberta Rodrigues/Texto&Cia

A ABI foi representada por sua presidente, Suely Temporal, que também dirige a ATcom Comunicação Corporativa. Coube a ela a entrega do troféu a Monique Melo, diretora da Texto & Cia, uma das comunicadoras homenageadas durante o evento. Também participaram diretores da ABI, entre eles Yuri Almeida, Luis Guilherme Pontes Tavares, Valter Xéu, Jovivaldo Freitas e Eduardo Tito.

A programação reuniu, ainda, profissionais da publicidade, da radiodifusão e da comunicação institucional, consolidando um espaço de escuta qualificada. As emissoras baianas marcaram presença com executivos e jornalistas, reforçando o debate sobre como o setor tem enfrentado a transformação tecnológica sem perder a conexão com o público brasileiro.

Democracia e desenvolvimento

Ao longo da manhã, as mesas evidenciaram que a integridade da informação e a adoção de tecnologias emergentes não são agendas isoladas, mas aspectos interdependentes de um mesmo processo, o de garantir que a comunicação mantenha sua função social diante de mudanças rápidas, estímulos descentralizados e disputas narrativas intensas.

O Vozes que Conectam encerrou sua primeira edição reafirmando que a qualidade informacional depende tanto da capacidade tecnológica quanto da responsabilidade ética e institucional de quem produz, distribui e media conteúdos.

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