Aloisio da Franca Rocha Filho*
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“Passé… Villa Franca…“
rede da infância
uma manga cai do alto…
folhas secas a acolhem
como uma mão frágil
partiu-se em amarelo
espalhou seu cheiro
pelo pomar
sem nenhum rumor…
aspirei-o com total deleite
insatisfeito
comi-o…
Que prazer!!
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“O mundo nos precede e…“
A vida cai no mundo
Como um meteoro flácido…
Quem dele escapa?
E o mundo logra a vida…
Quem dela se livra?
interrogação permanente…
Duas quedas dois rumores…
Se deles se safassem
tudo seria desconhecido…
sem as estranhezas humanas
amor…sofrimento …poder
prazer…dinheiro … tragédia …
riqueza …guerra… pobreza…
poesia…
e… e… e…
porque só existiria a morte
se ela existisse!
mas o mundo continuará
até o seu fim
independente de nós
sem dele sabermos…
oh! Deus que desabafo!
e TU?
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“Meu olho sente o gosto“
Do que nunca viu
desejo…
O ouvido tateia a imagem
Que jamais percebeu
fortuna…
O nariz ouve o silêncio
Que nunca notou
Infinito…
A língua o fedor
que nunca provou
imaginação…
O dedo toca o nada
que sempre existiu
vazio… ▀
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*Aloisio da Franca Rocha Filho é professor e jornalista; ex-diretor da Associação Bahiana Imprensa (ABI)
(Texto originalmente publicado na coluna de Literatura do site Bahia Notícias)