A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) lança hoje, 26 de setembro, a 9ª edição da revista Memória da Imprensa, que chega às mãos do público como um tributo ao fotojornalista Anízio Carvalho (1930-2025), falecido no dia 12. Na capa e em uma galeria especial, a publicação presta homenagem a um mestre da imagem que atravessou décadas registrando a vida baiana, com sensibilidade e coragem. A nova edição está disponível em versão digital e terá também distribuição gratuita em formato impresso.
Figura emblemática do fotojornalismo baiano, “Seu Zico”, como é chamado em sua comunidade no Alto do Saldanha, no bairro de Brotas, construiu uma carreira singular, marcada por coragem, sensibilidade e um olhar que soube eternizar a Bahia em suas múltiplas expressões. Ele registrou momentos importantes da história local e nacional, de manifestações políticas a festividades populares, do cotidiano às efemérides, da religiosidade ao choque social, sempre com a intensidade de quem vê na imagem um espaço de narrativa e memória. Por essa razão, esta edição reúne uma galeria fotográfica dedicada à sua obra, uma seleção de registros emblemáticos que dialogam com sua trajetória, revelando rostos, tempos e histórias que ele ajudou a preservar.
A ABI reconheceu sua genialidade também em vida. Em junho de 2022, o depoimento de Anízio abriu a 1ª edição da Revista Memória da Imprensa. Em abril de 2023, a ABI inaugurou no Museu de Imprensa a exposição “Ginga Nagô”, reunindo obras emblemáticas do fotojornalista e lançando um catálogo primoroso.
Para Suely Temporal, presidente da ABI, esta edição é tributo, agradecimento e convite. “Ao homenagear Anízio Carvalho, celebramos o valor da lente, da imagem que emociona e testemunha, e reafirmamos que o que é bem guardado na memória visual, nas fotos, nos depoimentos, nas reflexões, é também sustento para a cidadania. Que este número inspire uma leitura generosa, de reverência e de futuro”, afirma a jornalista.
Além de se associar às homenagens ao ícone da imagem, o número 9 traz cinco veteranos da comunicação da Bahia: o fotógrafo Almiro Nascimento, conhecido como Maguila, expert no registro de ocorrências policiais, enfrentando situações extremamente perigosas; Ana Maria Vieira, repórter que precisou de muito jogo de cintura para cumprir pautas e criar os dois filhos, inaugurando o home office na imprensa baiana; Anna Veras, a garota-propaganda que se tornou apresentadora nos primórdios da TV; o radialista Manoel Canário, uma lenda da radiodifusão baiana; e Paulo Setúbal, cartunista, ilustrador, chargista, que conta como transitou em todas as editorias dos principais jornais de Salvador.
“Saideira”
Em sua última “Palavra do Presidente”, Ernesto Marques celebra a consolidação do projeto editorial iniciado em sua gestão. O ex-presidente da ABI ofereceu um discurso carregado de significado, retomando a trajetória do projeto Memória da Imprensa, pai da revista que desde 2022 é lançada nas versões digital e impressa. Ele lembra que, há 20 anos, a ABI registra histórias de jornalistas veteranos cujas atuações marcaram a imprensa da Bahia. Antes lançados em videodocumentários, os depoimentos passaram a estampar as páginas editadas pelo jornalista Biaggio Talento, com projeto gráfico do artista visual e cartunista Gentil e da designer gráfica Bianca Alves.
As três primeiras edições trazem 30 depoimentos. A quarta é uma publicação especial em comemoração aos 93 anos da ABI. “Ousamos empreender e daí surgiu a revista. Seriam apenas 3 edições e, se estamos na 9ª, é porque miramos no que víamos e acertamos o que não vislumbrávamos”, reflete o ex-coordenador editorial do veículo impresso oficial da primeira entidade da comunicação baiana.
“O projeto comercial de cinco edições se completa com esta, a minha saideira, lançada no mesmo setembro em que renovamos esta nossa primavera, agora com uma jornalista liderando uma diretoria com jovens e veteranos compartilhando a missão de projetar a ABI para o seu segundo século de existência efetiva e marcante”, completa Marques.
Um espaço de encontro entre gerações, a Memória da Imprensa já acumula 58 entrevistas e cerca de 180 horas de gravações com 2 câmeras em 4K. Um acervo que pode ser utilizado em novos trabalhos, como livros, monografias, teses e dissertações, além de produtos audiovisuais com qualidade até para o cinema.
A versão digital da revista está disponível no site e pode ser lida na íntegra pelos associados, pela imprensa e por qualquer interessado em cultura, jornalismo e memória. A versão impressa, com tiragem gratuita, será distribuída nas redações, escolas de comunicação e em empresas e entidades jornalísticas.
Confira aqui todas as edições da Revista Memória da Imprensa.
