Um Anízio Carvalho choroso e bastante emotivo passeou pelo Museu de Imprensa da Associação Bahiana de Imprensa, na manhã desta quarta (10), rememorando suas quase seis décadas de atuação na imprensa baiana. O fotojornalista não pôde comparecer ao evento de lançamento de sua exposição “Ginga Nagô”, no mês de abril, por estar hospitalizado. Agora, ao se deparar com sua obra exposta nas paredes do equipamento cultural, Anízio, sempre falante, mal conseguia segurar as lágrimas.
“Isso aqui é uma realização. É o que faltava para eu ficar em paz. Agradeço muito pela ABI ter reconhecido o meu trabalho desse jeito”, disse o nonagenário, que já teve a história contada pela ABI por meio da Revista Memória da Imprensa.
A presença do célebre fotojornalista, de 93 anos, mesmo sem divulgação, atraiu admiradores do seu trabalho. Um pequeno grupo de aprendizes do velho Anízio disputavam um espaço para conversar com o mestre, fazer um registro fotográfico ou mesmo lhe dar um abraço. Dessa vez, nada de videoconferência. Anízio estava lá, rodeado por amigos e pelos filhos Iguatemi, Juarez e Itamar, celebrando a vida e a potência da simplicidade.
Ao final da reunião da Diretoria Executiva, que ocorre uma vez por mês, jornalistas, fotógrafos, antigos colegas e aprendizes de Anízio Carvalho, representantes de entidades ligadas à cultura e à memória da Bahia se juntaram para um almoço do Auditório Samuel Celestino, no oitavo andar do Edifício Ranulfo Oliveira, sede da Associação. Todos queriam demonstrar seu afeto, carinho e respeito pelo legado do homenageado.
Estavam presentes, além dos dirigentes da ABI, o gerente de Comunicação da Novonor, Marcelo Gentil; a advogada e consultora Ana Paula de Moraes; Eduardo Moraes, ex-presidente da Associação Comercial da Bahia (ACB) e do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB); Arthur Sampaio, presidente da Fundação Casa de Jorge Amado; e Ângela Fraga, coordenadora da Flipelô.
Ginga Nagô
O presidente da ABI, Ernesto Marques, salientou a importância da mostra “Ginga Nagô”. Segundo ele, a intenção da entidade é incentivar instituições culturais a atuarem na preservação do acervo reunido pelo fotojornalista em quase seis décadas de atuação plena como repórter fotográfico.
“Para nós é uma alegria enorme ter Anízio aqui hoje, poder prestigiar um grande mestre. Preparamos um catálogo lindo da exposição ‘Ginga Nagô’. A versão digital pode ser conferida no site da ABI. Esse primeiro exemplar foi impresso especialmente em razão da visita dele”, salientou Marques.
Com curadoria do jornalista de imagem Manu Dias, a exposição Ginga Nagô valoriza a genialidade de Anízio Circuncisão de Carvalho, ao disponibilizar ao público uma verdadeira aula de História. As lentes desse baiano de Conceição da Feira eternizaram acontecimentos marcantes da história da Bahia e do Brasil, com destaque para as coberturas do período da ditadura militar e campanhas políticas, manifestações culturais e religiosas, além da cena artística e o cotidiano da vida baiana.
Manu Dias encarou a difícil tarefa de selecionar amostras desses momentos em meio à riqueza que é o acervo de Anízio. As fotos eleitas compõem os quatro painéis exibidos no Museu de Imprensa.
A mostra Ginga Nagô abrilhantará o Museu de Imprensa até o final do mês de maio. A visitação ocorre de segunda a sexta, das 9h às 16h, com entrada gratuita.
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