A jornalista Lo-Hanna Magnavita, apresentadora do programa “Cabrália no Ar”, da Record TV Cabrália, em Itabuna, a 436 Km de Salvador, foi demitida na tarde da última terça-feira (10). A direção da emissora tinha afastado Lo-Hanna das atividades desde que o vídeo de uma confusão envolvendo a jornalista, seu marido, e um policial à paisana, se espalhou pelos sites de notícias e redes sociais no dia 27 de agosto.
A direção da emissora foi procurada pela Associação Bahiana de Imprensa (ABI) nesta manhã (11). Fomos atendidos por Tom Ribeiro que preferiu não se pronunciar sobre o caso, e pediu que procurássemos o setor de Recursos Humanos (RH) da TV. Já o RH preferiu informar o contato telefônico do setor jurídico, em São Paulo. A jornalista continua com as redes sociais desativadas.
Entenda o caso
A gravação, realizada pela própria apresentadora mostra a troca de insultos, xingamentos e agressões físicas entre o marido de Lo-Hanna e o PM que portava uma arma. Durante a confusão, a jornalista chega a ser atingida por um soco e o celular que registrava a ação vai ao chão.
A briga teria iniciado após o casal questionar a maneira como um adolescente foi abordado pelo policial, que segundo informações da imprensa local, tinha acabado de furtar pacotes de biscoitos de um supermercado onde o PM presta serviço.
Após o vídeo viralizar na internet, a emissora decidiu na última quinta-feira (29) afastar a jornalista do telejornal por tempo indeterminado. No dia seguinte, Lo-Hanna usou seu perfil no Instagram para contar sua versão da história. Ela disse nunca ter passado a mão na cabeça de bandido nenhum e afirmou que o policial tinha agredido o jovem, e que a melhor atitude seria a condução do infrator para a delegacia.
O fato é que a situação divide opiniões sobre a conduta do policial, que mesmo sendo filmado, não se intimidou e desferiu vários socos contra o casal, que a princípio questionou apenas a truculência do agente de segurança pública.
Desdobramento
Uma grave questão chama a atenção no desenrolar do caso. Se não bastasse o perigo de ficar expostos ao risco de serem atingidos por um tiro acidental ou não durante a discussão, a jornalista teve sua imagem veiculada em cards que circularam nas redes sociais e grupos de whatsapp da pior maneira possível, como “defensora de bandido”.
A situação acende um alerta por tamanho risco enfrentado pela profissional de imprensa, que já é amplamente conhecida apresentar o telejornal da região, e agora passa a ter sua imagem associada de forma extremamente negativa.
Segundo o presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), Walter Pinheiro, a atitude do PM durante a discussão não deve ser aceita numa sociedade civilizada. “O policial, embora à paisana, precisa compreender o papel que exerce na comunidade e domar o espírito agressivo e covarde exercido contra um adolescente faminto e já imobilizado, além da violência sofrida pela apresentadora e seu marido”. O presidente ainda se solidariza com a exposição sofrida por Lo-Hanna.
O deputado estadual Soldado Prisco (PSC) é um dos representantes da categoria na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA). Para ele, o casal deveria ter sido preso por toda a confusão que acabou contribuindo com a fuga do acusado, e considerou fake news o card que se espalhou com a foto da jornalista. “A montagem não partiu de membros da corporação, ele pode ter sido feito por qualquer pessoa. Não tenho como orientar a corporação sobre o compartilhamento do card porque está bem claro se tratar de uma fake news”, disse o parlamentar, que alegou já ter sido vítima de notícias dessa natureza.
O também deputado estadual Capitão Alden (PSL) afirma que a “corporação não tem o costume de incentivar o compartilhamento de mensagens de qualquer natureza, especialmente com o objetivo de denegrir a imagem de quem quer que seja”.
Procurada pela ABI, a Polícia Militar se posicionou através de nota. “O comando do 15º Batalhão de Polícia Militar (Itabuna) abriu um Feito Investigatório para apurar as circunstâncias do fato ocorrido entre um policial militar e um casal em Itabuna. Quanto ao Card, orientamos que a jornalista registre o fato na delegacia a fim de que o caso seja investigado. A Polícia Militar não coaduna com este comportamento e rechaça todo e qualquer tipo conduta criminosa”.