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Casa da Ponte reabre no Pelourinho e consolida legado da Orquestra Afrosinfônica

No último domingo (13), às 17 horas, após dois anos de obras de recuperação reabriu no Pelourinho, a Casa da Ponte, sede da Orquestra Afrosinfônica. O casarão do século XVIII, tombado pelo Iphan e situado de frente à Igreja do Rosário dos Homens Pretos, passa a ser ocupado integralmente pelos projetos idealizados pelo maestro Ubiratan Marques, entre eles a escola Núcleo Moderno de Música e o Ponte para as Comunidades.

Com 862m², o imóvel histórico preserva sua estrutura original após passar por um retrofit, processo que moderniza construções antigas sem descaracterizá-las. As intervenções garantiram novos espaços de ensaio, gravação e ensino musical, além de áreas administrativas e pedagógicas. O quintal, com vista privilegiada para a Baía de Todos os Santos, também ganhará um deck com café e palco para apresentações de alunos e pocket shows.

Esta casa não foi construída para pessoas como nós, mas por pessoas como nós, pelas mãos dos nossos ancestrais. Agora ela é ocupada por um projeto voltado para a população negra, pensado por uma pessoa negra”, afirma o maestro Ubiratan Marques, emocionado com o novo momento do espaço.

A história da Casa da Ponte se confunde com a trajetória do Núcleo Moderno de Música, criado por Ubiratan e Gilberto Santiago. Entre 2009 e 2011, a escola funcionou no casarão ainda em salas alugadas e foi ali que nasceu a Orquestra Afrosinfônica, aclamada por unir música erudita e sonoridades afro-baianas.

Em 2018, com a concessão de uso do imóvel, o Núcleo voltou a ocupar o espaço, consolidando-se como uma escola de formação e qualificação musical. Desde então, foi palco de ensaios e gravações de artistas como BaianaSystem, Mateus Aleluia, Marisa Monte, Gerônimo, Lazzo Matumbi e blocos afros.

A parceria com Marisa Monte, iniciada em um concerto beneficente na Concha Acústica em abril deste ano, também fortaleceu os laços da Casa da Ponte com a cena nacional. Encantada com a orquestra, a cantora incorporou arranjos de Ubiratan Marques em sua próxima turnê.

Além de Marisa, o maestro já colaborou com grandes nomes da música brasileira. Assinou arranjos da Afrosinfônica para o projeto “Negritudes”, do BaianaSystem, exibido no Fantástico, com participações de Gilberto Gil, Olodum, Luedji Luna e Russo Passapusso, e para o concerto histórico com Maria Bethânia, em 2015, no Teatro Castro Alves.

Música, educação e ancestralidade

Mais do que um espaço de produção musical, a Casa da Ponte consolida-se como uma organização sociocultural voltada para a educação e a formação musical nas comunidades negras de Salvador. Em 2024, o projeto Ponte para a Comunidade formou oito Orquestras Afrobaianas, entregues a entidades como Ilê Aiyê, Banda Didá, Olodum, Pracatum, Cortejo Afro, Filhos de Gandhy, Malê Debalê e o Grupo Étnico Cultural Bairro da Paz.

Concertos e programação

A reabertura da Casa da Ponte marca o início de uma nova fase de intensa programação cultural. Além de ensaios abertos e apresentações da Orquestra Afrosinfônica, o maestro Ubiratan Marques planeja uma série de eventos que integrarão os bairros de Salvador e o Recôncavo.

Entre as ações recentes, o Ponte Para as Filarmônicas reuniu grupos musicais de Santo Amaro, Cruz das Almas, Cachoeira, Muritiba, Acupe e São Félix. A partir de dezembro, a Afrosinfônica realizará uma série de concertos nas escadarias da Fundação Jorge Amado, reforçando a presença da música afro-baiana no coração do Centro Histórico.

Fonte: Portal Umbu

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