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Cid Teixeira vive na memória

Intelectual e divulgador da história baiana faleceu em casa aos 97 anos

Mestre. Memória eterna da Bahia. Senhor História. Muitos são os nomes usados para se referir ao historiador e intelectual Cid Teixeira. O professor faleceu aos seus 97 anos, na manhã desta terça, 21, enquanto dormia. Ainda não foram divulgadas informações sobre o sepultamento. 

Cid formou-se bacharel em Direito pela UFBA, em 1948, porém advogado foi a única profissão que não exerceu. Aproximou-se da matéria de História – para a qual dedicaria grande parte de sua vida – através de seu trabalho como copista no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, onde iniciou suas primeiras pesquisas. Foi também professor de História na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA e, posteriormente, foi lecionar na Universidade Católica de Salvador. Em 1990 foi convidado para dirigir a Fundação Gregório de Mattos e desde 1993, Cid Teixeira ocupava a cadeira de número 19 da Academia de Letras da Bahia. 

Atuou também como jornalista, com passagem pelas redações do Diário da Bahia, do jornal A Tarde, como editorialista do Jornal da Bahia e redator-chefe do Tribuna da Bahia. Implantou o serviço de Rádio Educação da Rádio Educativa da Bahia. Aliás, foi através da comunicação que Cid popularizou seus conhecimentos. Estreou nas rádios e na TV, narrando eventos da história da Bahia, desmistificando fatos e contando pequenos casos que fazem parte da história macro. 

“A Bahia ganhou Cid Teixeira. Uma vida longa, um legado maravilhoso, uma belíssima declaração de amor pela Bahia”, afirma o jornalista e radialista Ernesto Marques, presidente da ABI. Questionado se a partida do historiador representa uma perda irreparável, o jornalista prefere lembrar de Cid por outro ponto de vista. “Como derradeira contribuição para a história baiana, o Professor faz de todos nós, herdeiros e herdeiras da obrigação de não permitir que o vasto e precioso acervo reunido ao longo da sua vida não se perca. A solidariedade precisa alcançar o cuidado com livros e documentos diversos que foram matéria-prima para muito do que o mestre produziu, além de ter sido compartilhado com inúmeros pesquisadores, alunos ou não”, afirma.

A vida dedicada à Bahia rendeu vários livros, entre eles “História da Armação”, “Bahia em Tempo de Província”, “História do Petróleo na Bahia”, “História da Energia Elétrica na Bahia” e um livro de memórias, “Histórias Minhas e Alheias”. Por sua contribuição intelectual e científica, Cid Teixeira foi reconhecido com duas importantes honrarias: a Medalha Tomé de Souza, concedida em 1992 pela Câmara Municipal de Salvador, e a Comenda 2 de Julho, concedida em 2013 pela Assembleia Legislativa da Bahia. 

O professor tornou-se fonte para jornalistas e estudantes, e famoso por ser solícito com todos. Recebia-os em seu apartamento, dedicado somente para seus livros, tamanha era a sua coleção. A antropóloga e jornalista, Cleidiana Ramos, recorda os momentos em que Cid foi sua fonte e inspiração. “Quando ia entrevistá-lo ganhava o dia, além de ser privilegiada com uma aula particular sobre História da Bahia que me ajudou e ajuda muito em tantas direções. Além do vasto conhecimento era extremamente generoso e bem humorado. Raras vezes vi alguém com tanta facilidade para dominar a comunicação capaz de ser entendida pelos mais variados públicos. E sobre isso ele gostava de lembrar suas experiências em rádio e jornal. A Bahia está se despedindo não apenas de uma mente brilhante, mas acima de tudo de uma pessoa especial que dava leveza à produção intelectual”, completa a jornalista.

Informações por Metro 1 e do site Bahia com História.

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