ABI BAHIANA

Com abordagem histórica, ABI debate negritude e gênero na imprensa soteropolitana

Roda de Conversa fez parte da comemoração aos 474 anos da capital baiana

O encerramento da Roda de Conversa “Salvador, 474 anos: Entre história, memória e luta” movimentou o Auditório Samuel Celestino, no edifício-sede da ABI, nesta quarta-feira, 29 de março. Conectada e comprometida com as muitas camadas sociais que envolvem o pensar a cidade, a ABI promoveu, no dia do aniversário de Salvador, uma importante discussão sobre negritude e gênero na imprensa soteropolitana, a partir de uma abordagem histórica e cultural.

O evento teve como convidados o professor e historiador Rafael Dantas, com o bloco “O 29 de março e a Cidade do Salvador: Iconografia e História”; e da jornalista Silvana Oliveira, com o debate “Negritude e gênero na imprensa de Salvador. Os blocos foram mediados pelo jornalista e pesquisador Luis Guilherme Pontes Tavares, 1º vice-presidente da ABI, e pela jornalista Jaciara Santos, diretora de Comunicação da instituição.

Através da iconografia, Rafael Dantas explicou o processo de formação da cidade, seus contextos sociais e culturais. Na sequência, Silvana Oliveira levantou importantes questionamentos sobre o papel e o lugar do negro e da mulher na imprensa da capital baiana.

“A ideia de analisar iconograficamente essas peças é tentar entender Salvador e a sociedade daquele período, onde as imagens representam possibilidades de olhares, mas que não são as únicas formas de enxergar a cidade ao longo desses mais de 400 anos”, destacou Rafael Dantas.

O pesquisador enfatizou que a data 29 de março não corresponde à fundação de Salvador. “Não sabemos e não saberemos, de fato, quando a cidade do Salvador foi fundada. Do ponto de vista documental, não foi preservado um documento que comprove isso”, explica. Segundo ele, a data diz respeito à chegada de Tomé de Souza. “Foi uma data escolhida no século XX por uma comissão de notáveis”, afirmou.

Representatividade

“Apesar de sermos uma cidade tão preta, tão negra, tão parda, quantas mulheres negras em cargos de direção você conhece?”, questionou a jornalista Silvana Oliveira. Ela apresentou diversos levantamentos que registram as desigualdades no mercado de trabalho em relação aos recortes de raça e gênero, principalmente nos últimos anos. “Tivemos evolução? Sim. Na frente da tela e na frente do microfone. Mas, e na gestão?”, disse, provocando reflexões e discussões na plateia.

A roda de conversa em homenagem ao aniversário de Salvador aconteceu nos dias 28 e 29 de março, na ABI. No primeiro dia, o debate “Túnel para pedestres: Qual o impacto na mobilidade do Centro Histórico?” reuniu o arquiteto urbanista Paulo Ormindo, a engenheira Ilce Marília Dantas Pinto e o secretário municipal de Infraestrutura e Obras Públicas (SEINFRA), Luiz Carlos Souza. (Assista aqui)

  • Confira todos os momentos da discussão direto do Youtube da ABI:
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