ABI BAHIANA

Com homenagem a Agustín Barrios, Mario Ulloa emociona na Série Lunar

A plateia da Série Lunar foi agraciada por composições de Agustín Barrios Mangoré (1885-1944), na noite desta quarta (30/ago). O responsável por levar o célebre violonista ao Auditório Samuel Celestino, no oitavo andar do edifício-sede da Associação Bahiana de Imprensa, foi o músico Mario Ulloa, professor da Escola de Música da UFBA. Ulloa emocionou o público com ritmos e melodias da música latino-americana, característica marcante na obra de Mangoré.

Barrios é reverenciado pela comunidade violonística, principalmente no Paraguai, como o maior compositor de todos os tempos para o instrumento. Natural da Costa Rica, Mario Ulloa iniciou ao violão com quatro anos de idade em uma família de tradição musical. Ele conta que o trabalho de Mangoré esteve presente em toda a sua formação musical.

“Barrios morreu em 7 de agosto de 1944. Resolvi fazer esse programa inédito para lembrar o seu legado”, explica Mario Ulloa. É a terceira passagem de Ulloa nesta temporada da Série Lunar. Ele agradeceu a oportunidade e celebrou a participação do público.

“Já participei em outras circunstâncias aqui e o publico sempre é lindo. Hoje, tinha algo muito especial, todo mundo parecia tocar junto comigo no palco. Foi muito bonito”, observou o artista. Entre uma música e outra, ele explicava detalhes sobre as composições e falava da relação de Barrios com o Brasil. O público aplaudiu de pé, claro.

O jornalista José Cerqueira, especialista em projetos na área cultural, elogiou as habilidades do violonista. “Ouvia falar do Ulloa, mas nunca tinha visto uma apresentação dele. Eu me dobrei. Ele é realmente além do que a crítica dizia. Ele é extraordinário em qualquer palco do mundo”.

Ele é extraordinário em qualquer palco do mundo.

José Cerqueira, jornalista

Arte em família

O ponto alto da apresentação desta noite foi a participação de sua filha Beatriz Ulloa. Ela, que é arquiteta – Mestra em Conservação é Restauro pela Faculdade de Arquitetura da UFBA e professora substituta da instituição –, nasceu ouvindo o pai estudar o instrumento por horas e desde que pequena fez aulas de violão popular e erudito. Bilíngue, ela cantou “Dos gardenias”, do lendário grupo musical cubano Buena Vista Social Club.

A sintonia surpreendeu o público. Difícil acreditar que não havia sido ensaiado. E Beatriz explicou o motivo. “Já cantamos essa música algumas vezes. Quando pediram, ele puxou e eu fui junto. Cantar com meu pai é sempre um momento especial e de muita conexão. Foi um prazer compartilhar isso com vocês”, disse a cantora.

“Foi uma noite muito agradável. Ele trouxe a sua arte de uma forma muito dinâmica e acolhedora. Foi um momento incrível quando ele tocou com a filha. Ela é brilhante, assim como pai. Eu fiquei maravilhado”, contou o médico Ueliton Ramos.

Ele trouxe a sua arte de uma forma muito dinâmica e acolhedora.

Ueliton Ramos, médico

Para o advogado Rodrigo Moraes, a noite foi tudo de bom. “Com um repertório maravilhoso, Mário não só tocou lindamente as músicas como também contou histórias de Agustín Barrios, inclusive aqui em Salvador”, ressaltou.

Rodrigo aproveitou o espaço para divulgar um recital de violões e o lançamento do livro “Raízes e Frutos da Arte de João Pernambuco”, do biógrafo José Leal. Os eventos – abertos ao público – integram programação cultural da Aula Magna “Desafios da Universidade Pública”, a ser proferida pelo reitor da UFBA, Paulo Miguez, no dia 31 de agosto, 18h30, no Espaço Cultural Raul Chaves, da Faculdade de Direito da universidade, na Graça.

Mário não só tocou lindamente as músicas, como também contou histórias de Agustín Barrios.

Rodrigo Moraes, advogado e escritor

A Série Lunar é um projeto fruto de parceria entre ABI e Emus/UFBA, e acontece uma vez ao mês, em noite de lua cheia. Nesta temporada, estão previstas apresentações até o mês de dezembro.

Diversos artistas e grupos musicais vinculados à Emus já levaram seus concertos ao palco da ABI no âmbito da frutífera parceria, como o Núcleo de Choro, o Tota Portela e Teca Gondim, Ana Paula Albuquerque, Quinteto de Sopros, Jairo Brandão, Eneida Lima, Quarteto Gamboa, Nilton Avezedo Quarteto, Madrigal da UFBA, Osufba e outras formações.

No dia 27 de setembro será a vez do Duo Ricardo Camponogara & Aquim Sacramento se apresentar no projeto.

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