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Em busca de informações bem apuradas, público recorre ao jornalismo profissional

Pandemia do novo coronavírus reforça papel dos profissionais da imprensa no atual contexto de desinformação. Um mês após o primeiro caso confirmado no Brasil, jornais e portais de notícias registram aumento expressivo no consumo de notícias.

A perda de confiança no trabalho jornalístico, estimulada inclusive por discursos de autoridades públicas e pelo crescente tráfego de desinformação nas redes sociais, vem criando conflitos entre políticos, audiência e veículos de comunicação, com consequências que envolvem ataques a repórteres e outros profissionais da notícia. Mas, em meio à pandemia do novo coronavírus, a confiança do público no jornalismo profissional tende a crescer. Um mês após o primeiro caso confirmado no Brasil, jornais e portais de notícias registram aumento expressivo no consumo de notícias. Em busca de informação bem apurada e respostas sérias à suas incontáveis dúvidas, a audiência se movimenta rumo à imprensa profissional.

“As fontes de informações mais confiáveis são os veículos da grande imprensa”, diz a Edelman. Segundo a pesquisa, 64% da população de dez países (incluindo o Brasil) enxerga o trabalho da imprensa como fonte mais confiável no contexto da Covid-19. Os principais veículos noticiosos têm quase duas vezes mais credibilidade do que organizações sanitárias globais (OMS) ou autoridades sanitárias nacionais. Jovens confiam igualmente nas mídias sociais (54%) e na mídia tradicional (56%), enquanto as pessoas com mais de 55 anos classificam a mídia tradicional como quase três vezes mais confiável do que as mídias sociais. Há inegável preocupação com fake news e informações falsas sobre o vírus sendo espalhadas (74%). O estudo revelou que 85% dos brasileiros estão apreensivos com conteúdos falsos sobre a doença.

Outro levantamento confirma a tendência: Pesquisa do instituto Datafolha aponta o jornalismo profissional como porto seguro no atual momento de crise. TVs e jornais lideram, com 61% e 56%, o índice de confiança em informações divulgadas sobre coronavírus. Programas jornalísticos de rádio e sites de notícias, com 50% e 38%, respectivamente, vêm na sequência. Em contraponto, apenas 12% das pessoas dizem confiar no que é compartilhado em aplicativos de mensagem e redes sociais. Para 58% (WhatsApp) e 50% (Facebook) dos entrevistados, o conteúdo não é confiável quando a fonte não é o jornalismo profissional nas plataformas digitais.

“Sem jornalismo, a democracia desaba e viveremos todos cegos de dados e notícias sobre a realidade a nossa volta. À mercê de versões enviesadas e a serviço de causas e bandeiras as mais diversas. Contaminados pelo fake e pelo vírus do obscurantismo como prática”, destaca o jornalista Pyr Marcondes, diretor do site Meio & Mensagem, em artigo publicado em sua blog no último dia 17. De acordo com Marcondes, “o jornalismo sério e competente é um dos pilares da República moderna e das democracias contemporâneas”.

Com mais de 40 anos de atuação, Pyr Marcondes reflete sobre as críticas à cobertura dos fatos e informações transmitidas, vindas tanto do poder estabelecido como da população em geral. E diz que segue acreditando na informação precisa como dever e missão profissional do jornalista. “Jamais deixarei, no entanto, e apesar de tudo isso – ou exatamente por tudo isso – de acreditar no papel do jornalismo como ferramenta e método de investigação e difusão de fatos inalienavelmente relevantes para a construção de uma sociedade democraticamente informada”, afirma.

Ciente de seu papel no contexto crítico de pandemia, a imprensa brasileira tem atuado para prestar serviço à população. Emissoras de TV ampliaram os noticiários locais e nacionais, jornais, sites e revistas abriram seus conteúdos para não-assinantes. Em uma ação inédita, a capa de diversos jornais foi unificada pela campanha #imprensacontraovírus, promovida pela Associação Nacional de Jornais (ANJ).

*Com informações do Palavra Aberta e do Meio & Mensagem.

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