Em uma noite emocionante, o fotojornalista itapipoquense José Valter de Lessa Pontes, diretor da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), recebeu da Câmara Municipal de Salvador o Título de Cidadão soteropolitano, nesta terça (19). Em seu discurso, o cearense de 87 anos rememorou fatos marcantes da história da Bahia e do Brasil que foram eternizados por suas lentes, ao longo das últimas seis décadas. O evento que reconheceu a sua contribuição foi prestigiado por diversas autoridades e profissionais ligados à comunicação.
Ao som de “A volta do boêmio”, na voz do cantor Roberval Santos, Lessa foi conduzido ao Plenário Cosme de Farias pela esposa Divaneia Lopes e pelos filhos. O Título de Cidadão da Cidade do Salvador foi entregue pelo presidente da mesa, vereador Atanázio Júlio, e pelos familiares.
Lessa chegou às terras soteropolitanas no ano de 1955 e, a partir de então, passou a fotografar personalidades da sociedade baiana e transformações que ocorreram em Salvador em sua paisagem urbana. Ele passou a trabalhar com um dos mais renomados fotógrafos brasileiros, o icônico Leão Rosemberg, no mais importante estúdio fotográfico baiano. Em 1957, foi contratado pelo jornal A Tarde, onde permaneceu até 1970.
A homenagem foi uma iniciativa do vereador Atanázio Júlio por sugestão de diretores da ABI. Segundo ele, Valter Lessa se mudou com 17 anos de Itapipoca (CE), em 1949, quando atuava no Departamento Nacional de Estradas de Ferro. Morou primeiro em Jequié, período em que ganhou uma máquina da marca Rolleiflex e começou a trabalhar como fotógrafo profissional. Ele foi chefe de Comunicação do Departamento de Infraestrutura de Transportes da Bahia (Derba).
O político traçou uma retrospectiva da vida profissional de Valter Lessa e destacou sua importância para a história da cidade. “Tem a terra que você nasce e tem a terra que lhe abraça como filho. E foi isso que Salvador fez com Valter Lessa. Hoje, esta cidade está celebrando e reconhecendo seu belíssimo trabalho”, afirmou. O vereador também se colocou à disposição para encaminhar o projeto da Sessão Solene que homenageará a Associação Bahiana de Imprensa pelo transcurso dos seus 90 anos, em agosto de 2020.
Na mesa solene, Walter Pinheiro, presidente da ABI e do jornal Tribuna da Bahia, ressaltou o pioneirismo do fotojornalista e a relevância de sua atuação para a memória da imprensa nacional. “Ele possui o maior arquivo particular de fotos da Bahia. São mais de 108 mil fotografias catalogadas e outras 80 mil ainda sem catalogação”, afirmou, sobre o precioso registro da vida social, cultural e política da Bahia.
Nem mesmo o discurso bem-humorado conseguiu disfarçar a voz embargada do novo soteropolitano. Em seu agradecimento, Lessa recuperou fatos marcantes de sua carreira como quando precisou se desfazer de uma bicicleta do filho para pagar uma promissória do Banco Econômico para a compra da sede própria da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Estado da Bahia (Arfoc-BA), instituição que ele presidiu por quatro gestões. O poeta da fotografia ainda parafraseou Cartola. “Sem amor não há uma boa fotografia. Já percorrido tantos anos e até hoje não consigo romper o cordão umbilical que nos une. É uma paixão incontrolável”, concluiu.
Além de Lessa, Walter Pinheiro e o vereador Atanázio Júlio, integraram a mesa solene o secretário de Comunicação da Prefeitura Municipal de Salvador, Pacheco Maia; o presidente da Academia de Letras da Bahia, Joaci Góes; o vice-almirante André Luiz Lima de Santana Mendes, comandante do 2º Distrito Naval; e Eurian Teixeira Assunção, diretor da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Itapipoca. O evento foi prestigiado por diretores da ABI: Valber Carvalho, Luís Guilherme Pontes Tavares, Romário Gomes, Jorge Ramos, Luiz Hermano Abbehusen, Nelson José de Carvalho; e outros profissionais ligados à área da comunicação e da cultura, políticos e juristas.