A Associação Bahiana de Imprensa chega ao fim de 2024 com o marco lastimável de um ano sem poder operar o Museu de Imprensa, localizado no térreo do Edifício Ranulfo Oliveira, no Centro Histórico de Salvador. A Associação se viu obrigada a suspender as atividades do museu, que abrigou exposições como a que homenageou o fotojornalista Anízio Carvalho, após precisar investir quase R$ 1 milhão para modernizar o Ed. Ranulfo Oliveira por solicitação da Prefeitura Municipal de Salvador, locatária de parte do imóvel. Além desse investimento, os contratos referentes à locação pela Prefeitura já completam mais de 9 anos com valores congelados, forçando a ABI a adotar medidas extremas de corte de gastos.
O presidente da ABI, Ernesto Marques, lamentou o aniversário de fechamento do museu, enquanto espera a concretização do último convite do Prefeito Bruno Reis para negociar a regularização do aluguel, feito no dia 2 de dezembro. “[Esse museu] custou muito trabalho, foram quase 350 mil reais que a ABI investiu e agora vem mais uma temporada de verão que vamos estar com o museu fechado. É inadmissível isso, e a ABI continua esperando o convite que o Prefeito disse que faria para resolver o assunto”, frisou.
“A persistir a anomalia contratual que asfixia a quase centenária Associação Bahiana de Imprensa, os prejuízos alcançarão os acervos do Museu e da Biblioteca Jorge Calmon”, adverte o presidente. As rotinas de conservação foram severamente prejudicadas pela adoção do trabalho remoto, explica Marques.
Além disso, a ABI teve que abrir mão de vários projetos que demandaram anos de muito trabalho. O projeto Casa da Palavra, versão repaginada do velho Museu Casa de Ruy Barbosa, também está praticamente inviabilizado a esta altura. Da mesma forma, a casa onde Ruy nasceu e viveu até os 16 anos já poderia ter sido recuperada com recursos do PAC Cidades Históricas, mas faltou dinheiro para contratar os projetos necessários. Os acervos da Casa de Ruy estão numa reserva técnica improvisada, mas sem os trabalhos de restauro, documentos, livros, fotografias e obras de arte estão em franco processo de degradação.