ABI BAHIANA

Oficina na ABI ensina técnicas de conservação e restauro de documentos antigos

Atividade integra a programação do Museu de Imprensa para o mês de março

A mesa com álcool, água sanitária, água deionizada e pó de hidróxido assusta, mas a museóloga Renata Santos garante: qualquer um pode ser capaz de se tornar um conservador. Aliando a teoria à prática, a mini oficina de conservação e higienização documental do Museu de Imprensa teve seu encerramento nesta quinta-feira (17), no auditório da Associação Bahiana de Imprensa (ABI).

A atividade integra a ação de contrapartida do Museu com uso do subsídio pago pela Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura de Salvador, por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc (Chamada Pública 004/2020 Mapa Cultural de Salvador), recursos da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal. 

Ministrada por Renata, e as técnicas em restauro Marilene Rosa, Marines Paixão e Vanice Modesto, a oficina ocorreu nos dias 15, 16 e 17, e contou com 11 participantes nesta edição.

Parabenizada pela paciência e didática no ensino, Renata utilizou a experiência da primeira oficina de restauro ofertada pela ABI na forma de pensar o curso, mais focado na prática. “Eu gosto de ensinar na prática. Acho que à medida que estamos fazendo, estamos conseguindo atrair um público maior. Já tem uma lista de espera para o próximo curso”, completa a museóloga, recordando que ainda neste ano irá ocorrer mais uma oficina sobre restauro. 

Durante a tarde, os alunos aprenderam como limpar documentos e livros antigos, quais os pincéis adequados para o estado de cada documento e como fazer o “banho” em documentos avulsos, a fim de tirar a oxidação do tempo. O material usado na oficina partiu dos acervos de Glauber Rocha, doado em setembro do ano passado pelo cineasta José Umberto Dias, e o de Walter da Silveira, como estratégia de aproximação do público com essas duas figuras de grande importância para a cultura baiana.

Mais do que apenas se firmar nas técnicas, as facilitadoras buscaram ensinar o respeito à memória preservada naquelas peças. “Falando não como profissional, mas como membro da sociedade baiana, eu acho que a gente não valoriza a nossa memória. A partir do momento em que você se apropria de qualquer patrimônio e qualquer documento histórico, você preserva essa memória”, afirma a museóloga.

“Eu acho que se a gente valorizasse mais a memória a gente teria salvado vários patrimônios hoje, monumentos, tanto arquitetônicos, quanto na forma documental, em papéis, qualquer nível de suporte que venha ser conservado. Acho que ainda falta muito disso para o povo baiano”, completa.

Teoria e prática 

Com um público diversificado de alunos, a oficina atendeu desde jovens, como os estudantes de nível médio Carlos Jesus e Bruno Santos, a estudantes da graduação de História e Arquitetura e técnicos já familiarizados com a área.

Para Pablo Souza de Oliveira, estagiário no setor de Centro de Memória da Bahia na Fundação Pedro Calmon, a oficina trouxe também a oportunidade de poder atuar em breve com o restauro de documentos. “Eu estava muito preocupado, temeroso, achava que seria um trabalho muito complicado, porque são documentos antigos. Mas, fui aprendendo aos poucos, anotando todas as dúvidas e a explicação foi ótima”, avalia. 

“A Bahia é um dos estados mais ricos da história do Brasil em documentos, Salvador não fica atrás em nada de lugar nenhum do mundo. Só que os desafios são grandes. São poucos os lugares que têm essa preocupação, então a capacitação é algo fundamental para que o patrimônio continue sendo preservado ao longo dos anos”, declara Pablo. 

A aluna do curso técnico em conservação e restauro no Instituto Central de Educação Isaías Alves (ICEIA) Rosilene Oliveira, formada em administração, se aproximou da área por conta do interesse que sempre possuiu em História e Artes. Ela recorda que atualmente o curso de restauro nas instituições teve sua carga reduzida, o que pode consequentemente afetar a qualidade do aprendizado sobre a área, e, portanto, oportunidades como a mini oficina ajudam a garantir uma formação mais completa. 

“O curso foi acima das expectativas, posso dizer. Porque a gente vem imaginando teoria, mas a oficina foi totalmente prática. Isso foi muito importante, esse diferencial. Porque você ouvir, aprender e fazer ao mesmo tempo ajuda muito no estudo”, afirma. Questionada se retornaria para uma segunda edição da oficina, Rosilene afirmou que sim. “Além do ensino, é um espaço bom. As instalações são super adequadas para a gente ter o aprendizado e tem uma vista maravilhosa”, finaliza, rindo. 

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