No dia 24 de julho de 1844, nasceu Luiz Tarquínio. Soteropolitano, Tarquínio foi jornalista e empresário, celebrado por episódios como a fundação da Companhia Empório Industrial do Norte em 1891 e pela criação da Vila Operária – que possuía oito módulos com 250 casas de até seis quartos. Na manhã desta quarta-feira (10), a Associação Bahiana de Imprensa recebeu em sua reunião mensal de diretoria a jornalista e historiadora Mônica Celestino. Ela analisou os eventos que permearam a vida e a obra do baiano que comemora 180 anos neste mês.
Músico autodidata, Luiz Tarquínio desenvolvia trabalhos com a imprensa, no setor de cultura e como empresário da indústria têxtil, onde chegou a desenhar a padronagem de tecidos da fábrica, revela Mônica Celestino. Segundo ela, Tarquínio foi uma personalidade histórica que carregou muitas contradições, mas deixou um legado incontestável.
A doutora em história e jornalista pela Universidade Federal da Bahia se interessou pela trajetória deste personagem quando apurava uma pauta para o jornal Correio*, publicada no caderno Correio Repórter em 2003 e posteriormente na série Memórias da Bahia do periódico.
“Ele foi alguém fora da curva. Através da imprensa, expressou suas ideias. Falava 4 idiomas e se notabilizou como empresário, mas também atuava em prol dos direitos trabalhistas, quando isso ainda não era consolidado no Brasil”, salientou Celestino.
Tarquínio, apesar de não se declarar abertamente a respeito, teve uma atuação expressiva em relação à abolição da escravatura. “Ele lançou três livros, um deles sobre a abolição”, afirma a doutora Mônica Celestino, ponderando sobre as propostas de Tarquínio e sua contribuição. “Sua proposta para o fim da escravatura incluía uma ideia de ressarcimento para os dois lados, distribuída ao longo de 10 anos”.
Diretor da ABI e presidente do Instituto Histórico Geográfico da Bahia (IGHB), Joaci Goés parabenizou a professora pela pesquisa e demonstrou sua admiração pelo personagem. “Ele foi uma figura maior, merecia todas as homenagens. No IGHB, estamos criando a Medalha do Mérito Luiz Tarquínio”, adiantou. A honraria ainda não tem data de lançamento e está em fase de elaboração pela entidade.
“Ela consumiu com muito critério a biografia a respeito”, elogiou o jornalista Luis Guilherme Pontes Tavares, 1º vice-presidente da ABI. Foi dele a iniciativa de convidar Mônica Celestino para a intervenção nos Temas Diversos.
“Estamos gratificados com todo o conhecimento que você nos proporcionou. Trouxe muitas informações aprofundadas que eu não conhecia a respeito dessa importante figura”, afirmou a diretora de Comunicação da ABI, Jaciara Santos.
Homenagem
A pauta da reunião contou com um momento solene, uma homenagem ao fotojornalista Luiz Hermano Abbehusen, falecido no último dia 26 de junho. Em respeito à memória do colega, que atuou como diretor suplente do Conselho Fiscal da ABI, os demais membros da diretoria fizeram um minuto de silêncio.
Durante o almoço, Abbehusen também foi lembrado, desta vez, com um brinde oferecido pelo presidente da Associação, Ernesto Marques.