Ele conseguiu imprimir uma marca profunda na história da comunicação na Bahia. Em mais de 50 anos de atuação, o jornalista José Pedro Daltro Bittencourt testemunhou grandes transformações do setor. Hoje, 28 de agosto, ele foi homenageado pela Associação Bahiana de Imprensa com a Medalha Ranulfo Oliveira.
O reconhecimento veio como um tributo aos seus inestimáveis serviços prestados ao jornalismo empresarial no estado, especialmente por suas contribuições à área de assessoria de imprensa.
Pedro começou a carreira no Jornal do Clube Fantoches, aos 15 anos, passando também pelos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, e pelo Jornal A Tarde. Mais tarde, partiria para a assessoria. Ele, que é sócio da ABI desde 1976 e integra sua diretoria como membro do Conselho Fiscal, viu a área da comunicação empresarial e o jornalismo na Bahia se desenvolverem, participando das primeiras experiências de assessoria no estado.
“Naquela ocasião [entre 1967 e o começo da década de 70] não tinha assessoria de imprensa, ninguém fazia. Era só Ariovaldo Mattos”, recorda. Ao longo das décadas, o jornalista moldou e aprimorou a prática, tendo sido responsável pela editoração de revistas e jornais informativos para empresas como o Banco Econômico, Construtora Norberto Odebrecht, Correa Ribeiro SA, Frutos Dias e Paes Mendonça, além de mais de 100 números da Revista da Associação Comercial da Bahia (ACB).
Reconhecimento
O evento, cercado de carinho e respeito, reuniu familiares, amigos, e colegas de profissão que testemunharam um momento de beleza e significado. Com a voz embargada e os olhos marejados, Pedro Daltro subiu ao palco, ao lado de sua esposa Margarida, para receber a honraria que simboliza sua dedicação pela profissão. Ele foi aplaudido enquanto recebia a medalha.
Seu legado, marcado pela ética, inovação e compromisso, inspirou diversas gerações de profissionais da imprensa. Não por acaso, a cerimônia foi pontuada por um discurso emocionante, lembranças compartilhadas e a gratidão expressa por aqueles que tiveram o privilégio de trabalhar ao lado de um profissional tão íntegro e visionário.
O jornalista e radialista Ernesto Marques, presidente da ABI, explicou que a Medalha Ranulfo Oliveira foi instituída em 1998, para reverenciar profissionais que se notabilizaram pela sua contribuição à liberdade de imprensa e ao exercício pleno da atividade jornalística.
“Em nome da diretoria, reforço a razão para ele estar sendo homenageado pela Associação Bahiana de Imprensa com a Medalha Ranulfo Oliveira. É por essa trajetória, esse perfil. É uma inspiração para todos nós”, afirmou o dirigente.
Entre lágrimas e seu bom humor característico, Daltro agradeceu a todos que fizeram parte de sua jornada, dedicando a medalha à sua família.
Pedro agradeceu aos pais e aos avós. “Tenho muito orgulho em dizer que ‘fui criado por vó'”, sinalizou. Ele se emocionou ao falar da ex-secretária do lar de sua família. “Bá foi uma das responsáveis pela minha educação. Ela foi uma mãe que eu tive”, relembrou, mal contendo as lágrimas.
“Essa medalha também pertence a Margarida, minha companheira há mais de meio século. Aos meus filhos, Daniela e José Maurício”, continuou Pedro, sem deixar de citar netos, nora, genro. “Um obrigado especial aos funcionários da ABI”.
Proponente do Projeto de Resolução que resultou na concessão da honraria a Daltro, o jornalista Luis Guilherme Pontes Tavares, 1º vice-presidente da ABI, comentou sobre dois aspectos da carreira de Pedro. “Um é a formação de quadros de jornalistas baianos, aqueles que passaram nas empresas de Pedro e estão aí rendendo bons resultados até hoje. O outro aspecto é que o trabalho de Pedro vai embasar futuros estudos sobre a economia baiana por causa dos muitos periódicos que ele produziu”, afirmou.