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Projeto colaborativo aponta cenários para o jornalismo em 2022

Parceria entre Abraji e Farol Jornalismo contou com a colaboração de dez profissionais da área

Se o ano passado foi desafiador para as redações, 2022 promete mais obstáculos. As redações ainda precisam redescobrir como se manter em a fechamentos de veículos; o jornalista precisa exercer sua atividade em um ambiente de desinformação e desconfiança; as redações precisam avançar em questões já antigas, como a inclusão de minorias no espaço de trabalho e a luta para tornar o conteúdo jornalístico mais acessível. É desses e outros temas que trata a sexta edição do especial “O Jornalismo no Brasil”, fruto da parceria entre a Abraji e o Farol Jornalismo.

O especial conta de 2022 com a colaboração de dez profissionais, entre jornalistas da BBC, UOL, Alma Preta, da agência Fiquem Sabendo, e textos assinados por pesquisadoras da USP e da Universidade Federal Fluminense. Você pode acessar o especial por aqui

Confira abaixo o que os jornalistas projetam como desafios e oportunidades para ficarmos atentos neste novo ano. 

Jornalismo e democracia 

O jornalista Sylvio Costa, fundador do Congresso em Foco, recorda que para 2022 o desafio será de fazer a cobertura das eleições majoritárias em meio a um contexto de maior adesão ao discurso autoritário e a uma desconfiança com a imprensa em geral, atitude muitas vezes endossada por membros do governo federal. 

“O presidente e sua base de apoio mantêm permanente assédio virtual contra jornalistas. Veículos e profissionais são ostensivamente perseguidos, além de excluídos de entrevistas e do acesso a informações de interesse público. Sem falar de problemas antigos, como a violência contra jornalistas e o uso da via judicial como arma de constrangimento (lawfare)”, analisa.

Como parte de sua experiência no Congresso em Foco, Sylvio traz alguns conselhos que podem ajudar o jornalista a se guiar nesse contexto: estabelecer maior parceria com a ciência e o saber acadêmico através da inclusão de pesquisas e análises na apuração; a incorporação da tecnologia nos processos da redação, como foi feito no projeto do Congresso em Foco, o Radar do Congresso (base de informações automatizada sobre os parlamentares);  e o fomento a uma maior conexão com os leitores através da escuta e da  troca, principalmente por meio de redes sociais. 

No entanto, por mais que o ambiente seja hostil para o jornalismo, Sylvio afirma que isto não o isenta de seus erros. “Um dos mais graves, a meu ver, é a tendência a desqualificar de maneira genérica a política e os políticos. Promover a ‘antipolítica’ facilita a vida dos populistas que se pretendem colocar acima das instituições e das leis”, completa. 

Eleições 2022

Para a jornalista do UOL Juliana Dal Piva, a grande questão de 2022 será como cobrir um presidente que se recusa a falar com os jornalistas. Em ano eleitoral, o “hábito” do presidente Jair Bolsonaro de se recusar a participar de debates e a conceder entrevistas representa um empecilho para uma boa cobertura política e para o amplo confronto de opiniões. A jornalista aponta que há uma possibilidade muito alta de que o presidente não compareça aos debates eleitorais ou que continue não aceitando ser questionado por qualquer dos escândalos envolvendo crimes relacionados a ele ou a sua família, divulgados durante o seu governo. 

“Empresas e jornalistas precisam avaliar alternativas para tentar suprir a lacuna e tirar Bolsonaro de sua zona de conforto e trazê-lo para o confronto de ideias sobre o Brasil e sua gestão. Seria possível pensar na organização de entrevistas reunindo diferentes veículos de imprensa no lugar das tradicionais sabatinas exclusivas dos veículos?”, reflete a jornalista sobre a cobertura das eleições. 

Sobra ao profissional fazer seus questionamentos durante as caminhadas de rua que, para ela, vêm se mostrando momentos repletos de grosserias e agressões. “(…) além do trabalho do ponto de vista editorial, como garantir segurança para que os jornalistas possam, nesses momentos de campanha de rua, trabalhar sem sofrer agressões? Essa questão nunca se impôs tanto”, questiona. 

Outra questão que se coloca é o papel das plataformas. Juliana Dal Piva recorda que se por um lado nas últimas eleições vimos o perigo dos disparos em massa e das fake news disseminadas nas redes, por outro as plataformas estão sendo cobradas a ter mais agência contra o problema da desinformação. Sobre isso, a repórter chama a atenção para a necessidade de estarmos atentos aos movimentos do TSE, que deverá impor novos limites para a atuação digital dos candidatos. 

Ataque a jornalistas

Verônica Toste, pesquisadora e professora da Universidade Federal Fluminense, recorda outro desafio para o jornalismo em 2022: o aumento da violência contra profissionais no ambiente digital. A professora mostra algumas das camadas desse problema, como a participação de membros do governo ou de partidos políticos nos ataques, a virulência do assédio contra mulheres jornalistas e a instrumentalização das plataformas de comunicação digital para minar a credibilidade do jornalismo. 

A pesquisadora lembra também que a área de cobertura política é uma das que mais sofre com os efeitos do assédio nas redes, o que só irá se intensificar em 2022. No entanto, o ano que se avizinha também exige maior compromisso com o bom jornalismo. “(…) no ano que vem a imprensa deve reforçar seu papel como um braço de investigação e denúncia da violência e desinformação online, fornecendo subsídios para ações legais das instituições responsáveis.”, recorda a autora.

A professora aponta alguns caminhos para resolver esse impasse. Há a necessidade de se traçar um diagnóstico preciso da situação através de iniciativas como o projeto da Abraji em parceria com a organização Voces del Sur, de monitoramento dos ataques à imprensa no Brasil. As empresas também devem proteger seus profissionais, através da adoção de treinamentos em segurança digital ou da adoção de ferramentas de monitoramento e proteção. 

Além de continuar a noticiar os ataques contra jornalistas, há a responsabilidade por parte das plataformas de tornar o ambiente digital mais seguro para esse profissionais. “Será fundamental também pressionar as plataformas para que empreguem mais moderadores com treinamento em direitos humanos, igualdade de gênero e liberdade de imprensa. Essas empresas devem revisar continuamente suas políticas, algoritmos e processos de moderação, pois os ataques estão em constante evolução”, completa Verônica. 

Psicologia e desinformação

O editor do site de fact checking Aos Fatos, Luís Felipe dos Santos, entende a desinformação como um dos desafios a ser entendido para, então, ser solucionado. Através do estudo da psicanalista Maria Homem de Mello, o jornalista entende que o ódio no Brasil atua como uma forma de manutenção dos lugares de classe na sociedade. Da mesma forma, a desinformação nasce de um lugar de manutenção de crenças.

“Quando se combate a desinformação, não se enfrenta apenas o ato em si de desinformar, a alegação falsa ou a falta de contexto da postagem na rede social. O que se enfrenta é um sistema de crenças, de uma pessoa ou de um grupo”, afirma. 

Por isso a desinformação não se combate apenas com a divulgação de fatos e matérias. Luís Felipe recorda que o Brasil atual possui um cenário negativo – para dizer o mínimo: economia e educação estagnadas, alta do custo de vida, 20 milhões de pessoas em situação de fome, além do estrago causado pela pandemia. Fica a pergunta de como voltarmos a construir conexões em um momento como esse. “Em 2022, entretanto, a tendência é que se acelerem as retomadas de atividades presenciais, o que oferece alguns caminhos para uma reconstrução de laços afetivos e sociais”.

O jornalista recorda que há um caminho já traçado para o jornalismo que pretende trazer maior conexão entre o jornalismo e a audiência. Chamado de jornalismo de soluções, essa nova modalidade trata o impacto das pautas além dos problemas, apresentando propostas e soluções. “O termo, entretanto, não pode ser esvaziado de significado: em um contexto de tensão permanente de classes, refletido na piora de índices de qualidade de vida, é importante perceber o que é parte do problema. O clique fácil e o anúncio enganoso que aumentam o faturamento enquanto escondem a informação por trás do paywall ajudam muito pouco”, coloca. 

LGPD e acesso à informação 

Em texto colaborativo com Léo Arcoverde, a jornalista Maria Vitória Ramos, diretora da agência de dados especializada na Lei de Acesso à Informação (LAI) Fiquem Sabendo, alerta para a dificuldade que será cobrir atos administrativos em meio aos retrocessos da transparência pública.

A LAI representa uma luta de anos de movimentos da sociedade civil para garantir o acesso à informações de interesse público. No jornalismo, o uso da lei garantiu algumas reportagens como a cobertura das rachadinhas, feita pelas jornalistas Juliana Dal Piva, Amanda Rossi e Gabriela Sá Pessoa, e a exposição do Orçamento Secreto, investigado pelo jornalista Breno Pires do Estado de S. Paulo, como recorda Maria Vitória.  

“A maior ameaça à Lei de Acesso à Informação (LAI) hoje é o uso indevido da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) para censurar o acesso a dados e documentos públicos. Os jornalistas terão de lidar com negativas absurdas em meio a um turbulento processo eleitoral”, afirma.

Para ela, não há nenhuma incompatibilidade entre ambas as leis, sendo a LAI uma garantia da proteção de informações públicas e a LGPD a proteção da privacidade do cidadão. “Isto não se aplica, no entanto, sobre dados de cidadãos diretamente relacionados aos cargos que ocupam na esfera pública, como políticos eleitos e servidores, ou às relações de cidadãos comuns com órgãos públicos, como o gasto de um indivíduo com uma passagem aérea paga com dinheiro público, o registro de acesso a prédios públicos ou o licenciamento ambiental de um empreendimento”, coloca. 

No entanto, Maria Vitória Ramos aponta alguns caminhos para os jornalistas que podem servir como forma de proteger a lei: traduzir a complexidade da legislação para o cidadão, explicando os caminhos pelos quais a lei funciona; expôr de qual maneira a ausência de transparência afeta os leitores; continuar a utilizar a lei no dia a dia do trabalho; atuar junto às organizações da área que estão atuando em defesa da transparência e angariar apoio de outras áreas. 

Jornalismo de ciência pós-covid

André Biernath, repórter de ciência da BBC, entende que o jornalismo científico adquiriu um novo horizonte durante a cobertura da crise sanitária. Para o jornalista, algumas lições já eram conhecidas pelos profissionais da área, mas se tornaram ainda mais valiosas, como a imposição de se escolher bem as fontes para falar sobre assuntos específicos, a importância de se contextualizar todas as informações levantadas, a dificuldade de se comunicar os fatos que a ciência ainda não entende e a obrigação de se adotar uma postura mais crítica diante das autoridades. 

Além disso, o jornalismo científico possui uma abrangência de pautas cada vez mais urgentes. “Não podemos ignorar também outro tema que entrará cada vez mais na pauta do dia a dia: as mudanças climáticas. Com o aumento da temperatura, as pessoas serão cada vez mais atingidas pelo aumento do nível do mar, por secas, por inundações, por climas extremos… De 2022 em diante, precisaremos cada vez mais contar essas histórias a partir da perspectiva local, de como cada fenômeno acontece e como isso modifica a vida de cada um de nós”, relata.

Além dos cursos e ferramentas que o profissional pode utilizar para se adequar, o jornalista também afirma que a cobertura científica poderá ser melhor sucedida quando se busca incentivar a conexão dos leitores com aquele tema. “Dentro desse contexto, é nosso papel também falar das novidades, das pesquisas que são feitas, de como elas podem contribuir para resolver problemas. Também precisamos contar as histórias das pessoas afetadas e do que é feito (ou não é feito) pelo poder público para lidar com as situações vindouras”, conta. 

Jornalismo e direitos humanos 

Afirmando seu contexto como favelada e empenhada na construção de uma comunicação antirracista, a jornalista do Alma Preta Lenne Ferreira, parte da análise da cobertura da “evangelização” do Brasil para afirmar uma noção antiga: falta diversidade no jornalismo brasileiro. 

Ferreira lembra que o último Censo no Brasil demonstrou que houve um aumento de 61% da população evangélica no país. Cada vez mais presentes na vida política e nos canais de comunicação, a influência protestante não pode ser ignorada. Porém, para a jornalista, a imprensa erra ao tratar dessa parcela da população apenas por um prisma.

“O vício do jornalismo tradicional em dar atenção apenas aos discursos que geram mais polêmica recai numa generalização perigosa que invisibiliza seguidores ‘do favelado preto de Nazaré’ e exclui a narrativa de cristão que desenvolvem boas práticas de combate à corrupção, criticam a instrumentalização da fé por parte da direita, defendem o estado laico e militam pela garantia de direitos das populações feminina, negra, LGBTQIA+, indígena, de terreiro”, afirma.

A jornalista cita uma série de iniciativas de cristãos que visam debater justamente o conservadorismo que há sobre certas pautas. Para ela, falta ao jornalismo trazer esses comunicadores e influenciadores evangélicos para a pauta. Além de não responder a diversidade da população, a cobertura pode afastar os leitores. “Eu acredito em um jornalismo-ferramenta de educação, que deve estar a serviço da parcela da população mais empobrecida, o que inclui o povo evangélico. Essa parcela da sociedade tem de contar com o trabalho de quem está mais próximo da informação”, completa. 

Colaboração, escuta e distribuição

Em 2022, a colaboração deverá  tomar o lugar da competição entre profissionais nas redações. Essa é a consideração do jornalista Laércio Portela, do Marco Zero Conteúdo. Além de uma nova forma de trabalho, a área também está redefinindo a forma pela qual distribui conteúdo e como interage com seus leitores. 

Para o jornalista, os coletivos de mídias do Norte e do Nordeste representam uma nova forma de pensar o jornalismo. “Inseridos em suas comunidades, esses coletivos não atuam apenas na área da comunicação e do jornalismo, se organizam também em torno de projetos de educação, cultura, tecnologia, saúde e segurança alimentar. Na pandemia, tiveram um papel-chave na produção e distribuição de conteúdos para se contrapor à onda de desinformação”, conta, lembrando que essas redes foram uma forma eficaz de se combater fake news que poderiam chegar nas populações mais distantes. 

Além disso, Laércio lembra que esses grupos partem da perspectiva do “nós por nós”: são comunicadores populares produzindo conteúdo de qualidade para suas próprias comunidades. Essa nova perspectiva tensiona algumas questões que são regra no jornalismo tradicional. “Nenhum deles advoga pelos conceitos da imparcialidade e da neutralidade, (apontados por Gaye Tuchman ainda nos anos 1970 como um ritual estratégico para defender certas posições), mas todos reafirmam o compromisso com o rigor na apuração dos fatos”.

O novo ano traz desafios para a cobertura de direitos humanos, como saber lidar com discursos de ódio a grupos minorizados. Mas a solução pode estar nessas iniciativas. “(…) passa necessariamente por um jornalismo verdadeiramente comprometido com os princípios da democracia, em defesa dos direitos humanos, contra o racismo, a homofobia, a criminalização da política e dos movimentos sociais. Passa também por um jornalismo que se mistura e se deixa influenciar mais pela arte, a cultura e a linguagem de um público cada vez mais coautor da informação que compartilha”, completa. 

Trabalho jornalístico em rede 

Segundo as pesquisadoras da Universidade de São Paulo, Ana Flávia Marques e Janaina Visibeli, as redações passam por um momento de transição de seu modelo tradicional para um modelo híbrido, com o trabalho também sendo realizado de casa. Mas, a mudança para o ambiente digital também traz seu lado negativo para os profissionais. “Mudar o eixo gravitacional da redação tem como consequência alterações significativas quanto ao espaço-tempo, nas atribuições e no fluxo de trabalho”, afirmam as pesquisadoras.

As análises sobre o home office são diversas. As pesquisadoras apresentam relatos de profissionais que, com o home office, contam que acabaram trabalhando por mais tempo, assumiram mais tarefas e sentiram a perda da colaboração entre a equipe. Por outro lado, o trabalho a distância também auxilia profissionais com questões de saúde ou que não possam arcar com os custos de morar em uma determinada localidade. 

Há também novos desafios para as organizações que surgem com essa modalidade de trabalho. “(…) com o home office os profissionais assumiram os custos de energia, alimentação, internet, computador, notebook e tablet e muitos outros. É preciso que esses direitos sejam incorporados nas convenções e negociações coletivas. Além da estrutura, o chamado direito ao desligamento, que permite ao funcionário não atender chamadas e e-mails fora do horário de trabalho”, colocam.

Por fim, por mais que a mudança no trabalho possa beneficiar as empresas, as pesquisadoras recordam que a mudança completa para home office não pode interferir na qualidade do trabalho. “O momento é de disputa do rumo e função da redação. As organizações precisam se atentar que a dissolução total deste espaço pode até reduzir os custos, mas servirá também àqueles que defendem que o jornalismo não cumpra mais papel relevante nos tempos atuais”, completam. 

Acessibilidade no jornalismo

A partir de sua experiência como um profissional cego, o jornalista Gustavo Torniero afirma: “somos invisíveis pelo mercado de mídia”. Para ele, 2022 não oferece grandes vislumbres de mudanças pela inclusão de PCDs na mídia, mas existem algumas iniciativas animadoras. 

“Quando falamos da cobertura da mídia sobre pessoas com deficiência física, sensorial (que engloba pessoas com deficiência visual e auditiva), mental e intelectual, normalmente temos um show de horrores: matérias que focam na superação ou no coitadismo. Raramente as matérias valorizam a fonte como uma pessoa comum ou como um especialista no tema abordado”, conta. Torniero afirma que a cobertura capacitista é um reflexo da crença de que pessoas com deficiência seriam incapazes. 

Além da cobertura, há também o problema da acessibilidade do conteúdo. O jornalista relata que na maioria dos sites não consegue ter acesso a imagens e gráficos que não tenham uma descrição textual e que a maioria das páginas são péssimas para serem lidas por quem usa os programas de leitura de tela. “Este problema inviabiliza o consumo de vários dados relevantes e que são publicados pela imprensa, de forma interativa ou em uma simples reportagem com imagem de ilustração”. Sendo as pessoas com deficiência uma parte muito pequena nas redações, Gustavo Torniero afirma ainda que falta nas redações projetos que valorizem seus profissionais que sejam PCDs.

O jornalista afirma que há a necessidade de se pensar na acessibilidade como um valor jornalístico. “Quando o conteúdo é projetado desde o início pensando na diversidade, o jornalismo consegue alcançar pessoas cegas, com deficiência auditiva, física, intelectual, pessoas idosas, com dislexia, entre vários outros públicos”.

 Informações da Abraji e do Farol Jornalismo

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