Walter Pinheiro – Presidente da ABI
Sempre me chamava de “Antoninho” porque, a seu exemplo, tenho Antônio no nome. Tudo fruto de uma velha amizade, iniciada na segunda metade dos anos 60, quando França Teixeira revolucionou a radiofonia esportiva baiana.
Menino pobre criado no Bairro da Liberdade, com o seu vozeirão e muita coragem passou a empunhar um microfone e criou um estilo inconfundível. Na Rádio Cultura da Bahia, quando a sede ainda funcionava na Av. Euclides da Cunha, dominou o horário das 12 às 13 horas, com um programa ao vivo de alta audiência. Cunhou expressões tipo “Pau na Pleura”, “É ferro na boneca”, que a princípio incomodavam os conservadores, mas terminaram entrando para o cancioneiro popular, virando bordão e ganhando o mundo.
Sem “papas na língua”, como costumava dizer, tornou-se polêmico, conquistando amigos e desafetos. Só que tudo isso rendia estórias e ampliava a sua popularidade. Revelou muitos outros jovens, hoje talentosos profissionais na “arte da comunicação”. Na TV Itapoan também popularizou o jornalismo investigativo, ganhando ainda mais seguidores e admiradores. Daí para a política foi um pulo, e com facilidade elegeu-se por duas vezes deputado federal.
A vida, diga-se de passagem, não lhe foi fácil. A começar pela perda da esposa num acidente de carro. Seguiu-se uma depressão que o afastou da segunda legislatura, à qual veio renunciar pela impossibilidade de cumprir o mandato que o povo lhe conferiu.
Não demorou muito, veio a merecer do então governador Nilo Coelho uma vaga no Tribunal de Contas do Estado.
Egrégia Instituição à qual serviu até poucos meses atrás, enquanto os problemas hepáticos não lhe retiravam forças para exercer o cargo.
Assim foi Antônio França Teixeira, que, “para não perder o hábito com o público”, divertia-se escrevendo crônicas bem-humoradas, com muita verve, publicando-as na Tribuna da Bahia.
A fragilidade de sua saúde era conhecida, mas não se esperava que nos deixasse tão cedo. Só que o tempo não perdoa: “cochilou, o cachimbo caiu”, relembro mais um dos seus bordões.
Ficamos, então, sem o França, que aqui veio, viu e venceu. Advogado, radialista, jornalista, publicitário, foi um transformador, irrequieto, inconformado com as injustiças, e, por isso mesmo, deixou gravado o seu nome por onde passou, em especial na imprensa baiana, razão maior da homenagem que agora recebe de muitos, inclusive do “Antoninho”.
Em 19.07.2013