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Palestra na ABI aborda trajetória de pioneirismo do tipógrafo Silva Serva

Na véspera dos 200 anos da morte de Manoel Antonio da Silva Serva (c.1760-1819), celebrados em 3 de agosto, a Associação Bahiana de Imprensa (ABI) promoveu um evento sobre a trajetória do tipógrafo. A palestra ministrada nesta sexta-feira (2), na sede da ABI, pelo professor doutor Pablo Antônio Iglesias Magalhães, da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), revisitou a bibliografia sobre o pioneiro da imprensa privada brasileira.

Na véspera dos 200 anos da morte de Manoel Antonio da Silva Serva (c.1760-1819), celebrados em 3 de agosto, a Associação Bahiana de Imprensa (ABI) promoveu um evento sobre a trajetória do tipógrafo. A palestra ministrada nesta sexta-feira (2), na sede da ABI, pelo professor doutor Pablo Antônio Iglesias Magalhães, da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), revisitou a bibliografia sobre o pioneiro da imprensa privada brasileira. O evento recebeu profissionais da biblioteconomia, da museologia, jornalistas, historiadores e estudantes, em uma intensa troca de conhecimento sobre a história da imprensa.

O comerciante português Manoel Antônio da Silva Serva fundou em Salvador uma tipografia, em 1811, a segunda instalada no Brasil após a chegada da Corte portuguesa ao Rio em 1808, e o jornal Idade d’Ouro do Brazil, o segundo periódico publicado no país (e o primeiro pela imprensa privada). Notável impressor e editor de livros, ele foi o responsável por lançar em 1812 As Variedades ou Ensaios de Literatura, a primeira revista brasileira.

A ideia da palestra foi recuperar e mapear o patrimônio bibliográfico da Bahia, partindo do próprio personagem central da tipografia, o empresário que a criou e deu corpo a ela durante oito anos, entre 1811 até 1819, até falecer. “Ele é figura estratégica para entender o pioneirismo da imprensa tipográfica, a compra dos equipamentos, a atuação de pessoal técnico especializado. No primeiro momento, é uma imprensa portuguesa como qualquer outra”, pontuou Pablo Magalhães. Ele destacou o papel da primeira tipografia na Bahia para a construção da memória e do patrimônio social. Segundo o professor, a presença de uma tipografia aqui barateou os livros, ampliou o número de leitores e a circulação de ideias.

Ao longo de mais de 10 anos, Magalhães empreendeu pesquisas em arquivos nacionais e estrangeiros, investigou especialmente autores como o bibliófilo Renato Berbert de Castro, o jornalista e escritor Leão Serva, e Cybelle e Marcelo de Ipanema. Na palestra, ele estabeleceu correlações em uma espécie de árvore genealógica da família Serva. “A trajetória de Silva Serva é o início de um percurso para recuperar o patrimônio bibliográfico da Bahia, que está fragmentado ou esquecido”, ressalta o historiador, descrevendo fatores socioculturais e econômicos da infiltração e desenvolvimento da tipografia. “Ele tem uma importância capital também no processo de expansão e transformação do cenário cultural do Brasil na última década que antecedeu a independência”, observou.

O professor comentou sobre as formas de controle administrativo e a censura na implantação da Imprensa Régia no Rio de Janeiro, traçou um panorama político e social de desenvolvimento da imprensa no Brasil, através da introdução da tipografia e dos jornais já no 1º Império. Também foi abordada a dimensão da tipografia de Silva Serva na rede internacional estabelecida pela família dele na corte e nas colônias portuguesas. Entre as muitas curiosidades de sua pesquisa, Pablo Magalhães ressaltou que o histórico jornal “A Abelha da China” pode ter sido obra de um familiar de Manoel Serva.

“Ele era tido como o primeiro jornal político feito na China. É possível que o conhecimento tipográfico tenha sido levado para Macau por um parente de Manoel Serva, Bento José da Silva Serva, que era impressor que atuava aqui na Bahia”, disse. “Precisamos pensar sobre o fazer com os livros da Bahia, é o momento de conhecer e catalogar, para colocar essas obras à disposição do público. Sei que a ABI tem uma biblioteca muito boa, algumas servinas, inclusive”, salientou.

Acervo da ABI

Responsável pela abertura do avento, o presidente da ABI, Walter Pinheiro, destacou a importância de Silva Serva para o setor gráfico-editorial e seu papel na história da imprensa. O dirigente ressaltou a importância da iniciativa de Luís Guilherme Pontes Tavares, diretor da ABI, ao propor a palestra. “O tempo se incumbe de fazer com que as memórias sejam apagadas e as novas gerações não tenham o conhecimento sobre essas figuras marcantes da nossa terra. A ABI atua para reverenciar e homenagear os grandes vultos”, disse.

Walter Pinheiro registrou que a ABI possui um rico acervo especializado na Biblioteca de Comunicação Jorge Calmon, sob a responsabilidade de Valésia Vitória, bibliotecária da instituição. “Em agosto de 2016, o saudoso professor Edivaldo Boaventura presenteou a ABI com uma edição fac-símile da coletânea ‘A Abelha da China’ e ela está disponível para consulta em nossa biblioteca”, informou.

“Hoje, o grande especialista em Manoel Antonio da Silva Serva é exatamente o professor baiano Pablo Magalhães. Essa palestra amplia o que já se sabe sobre esse personagem que, entre outros legados, nos deixa o primeiro jornal impresso da Bahia, que é o Idade d’Ouro do Brazil”, lembrou Luís Guilherme Pontes Tavares.

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