Um ano após a tentativa de golpe com ataques aos poderes em 8 de janeiro de 2023, em Brasília, a Bahia reafirma seu compromisso com a democracia brasileira. A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) foi uma das organizações que participaram, na manhã desta segunda-feira (8), de um ato em defesa da democracia e contra o golpe, na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA).
A ABI foi representada no ato por seu diretor de Cultura, Nelson Cadena. Pesquisador e jornalista responsável pelo resgate da história da instituição através do livro ABI – 90 Anos, Nelson traçou um histórico rápido sobre como, com poucos anos de existência, a ABI resistiu aos abusos do período de ditadura tornando a defesa da democracia um elemento agregador. “Eu quis registrar o ato permanente da ABI de resistência desses 93 anos [de existência da associação]”, comentou Nelson Cadena.
Veja a íntegra da fala de Nelson Cadena
“Hoje é um dia que estamos aqui para nunca mais esquecer dele e dizer que não vamos aceitar, nunca mais na nossa história, que o que aconteceu um ano atrás volte a se repetir”, defendeu a presidenta da CUT Bahia, Maria Madalena Firmo, conhecida como Leninha, responsável pela mediação do evento.
O presidente da ALBA, Adolfo Menezes (PSD), trouxe para sua fala uma menção ao jornalista e jurista baiano que é uma das principais referências da ABI e do Brasil ao comentar a atuação do STF após os atos de 8 de Janeiro. “Há 109 anos, em 1915, no Senado Federal, esse baiano fenomenal, chamado Ruy Barbosa, discursava: ‘O Supremo Tribunal Federal é essa instituição criada, sobretudo, para servir de dique de barreira e de freio às maiorias parlamentares”, lembrou o deputado.
Já o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), destacou o simbolismo dos movimentos sociais e populares de organizarem o ato. “Se não fosse os movimentos nós não estaríamos aqui, poderíamos até fazer um ato simbólico, importante, bonito, mas não teria o sabor daquilo que nós temos que fazer”, afirmou.
O petista também ressaltou a necessidade de dar espaço para a juventude nesse tipo de ação como parte do movimento de renovação e manutenção da democracia. Ao fazer paralelos com o golpe de 1964, comentou sobre o papel das mídias. “A estratégia agora foi outra. Eles utilizaram as redes sociais e a gente achando que as redes sociais são para a gente ficar brincando, olhando o Instagram, o WhatsApp etc. e eles operando por aí. Utilizaram a imprensa, uma parte da imprensa, para transmitir aquela cena triste que nós assistimos em 8 de janeiro, parecendo que estávamos anestesiados, nós não tínhamos como reagir, nós não nos preparamos para o golpe”, comentou.
Participaram do ato, que aconteceu no Auditório Jornalista Jorge Calmon da ALBA, movimentos sociais, centrais sindicais, representantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e integrantes do Ministério Público, Defensoria Pública, Ordem dos Advogados do Brasil – seccional Bahia e União dos Municípios da Bahia.