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Em noite marcada por homenagens, Sinjorba lança Biblioteca Florisvaldo Mattos

Acabou o mistério. O Sinjorba – Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia promoveu uma noite de homenagens a grandes nomes da imprensa baiana, nesta terça-feira (16), e anunciou a Biblioteca Florisvaldo Mattos. A revelação aconteceu durante o ato de reinauguração da sede da entidade, no histórico edifício Bráulio Xavier, na Rua Chile, em Salvador.

Além de lançar oficialmente o espaço dedicado a publicações de jornalistas baianos, o Sinjorba apresentou sua nova marca institucional e também homenageou duas figuras importantes para a trajetória da entidade: Heron de Alencar, um dos fundadores e primeiro presidente do Sinjorba, teve o seu nome gravado na placa da sala; Já a família de Jorge Ramos recebeu uma placa em reconhecimento à atuação do ex-presidente do Sindicato, falecido no último dia 4, em decorrência de um infarto.

Jorginho, como era chamado pelos amigos e colegas, fez uma contribuição especial para a Biblioteca do Jornalista dois dias antes de sua partida. Jorge Ramos era 2º secretário da ABI.

A viúva Aninha Ramos participou do ato ao lado dos filhos Desirée e Diego Ramos, que falou sobre a trajetória do pai e o quanto ele era querido por todos. “Meu pai dedicou uma parte significativa da vida dele aqui ao sindicato. Muito obrigado a todos vocês que fizeram a homenagem”, agradeceu Diego, emocionado.

“Mantenham sempre viva acesa a chama do sindicato. O jornalista só vai ser valorizado quando a classe de ficar fortalecida e vocês precisam levar isso à frente”, disse.

O evento – parte das celebrações do mês do jornalista e dos 73 anos da entidade – uniu diversas gerações do jornalismo baiano e teve a participação de representantes de órgãos públicos, de instituições ligadas à cultura e à imprensa local.

Prestigiaram o ato o presidente da Associação Bahiana de Imprensa, Ernesto Marques, ao lado dos diretores Amália Casal e Luis Guilherme Pontes Tavares; Eudes Benício Dias, coordenador geral de Jornalismo da Secretaria de Comunicação Social (Secom), acompanhado pela assessora de imprensa Milena Leal; Floriano Freaza, arquiteto autor do projeto de reforma da sede.

De cara nova

O dia 14 de abril de 1945 marca a fundação da Associação dos Jornalistas da Bahia, a entidade que, em 17 de abril de 1951, originou o Sinjorba. Em setembro de 2023, foi iniciada a reforma. As obras de requalificação do espaço abarcam novos revestimentos, nova pintura, mobiliário planejado e climatização total.

Além de entregar à categoria e à sociedade um espaço mais acolhedor e confortável, o Sindicato lançou uma nova identidade visual. De acordo com o jornalista e escritor Nestor Mendes, 2º secretário de Administração e Finanças da entidade, a criação da designer Mila Pinheiro “é uma marca moderna. Vai da pena até as ondas cibernéticas.”

O presidente do Sinjorba, Moacy Neves, agradeceu todo o apoio que a diretoria recebeu para concretizar as últimas ações. Ele elencou algumas atividades de valorização, modernização e fortalecimento da instituição, como a luta pela imprescindibilidade do diploma para o exercício da profissão, e convocou a categoria para a Campanha Salarial Nacional dos Jornalistas, iniciativa da Fenaj para unir a categoria em todo o país em torno da mobilização por melhores salários e condições de trabalho.

Segundo o dirigente, “a luta agora é pelo restabelecimento do diploma. Só a universidade consegue preparar profissionais para exercer essa atividade tão importante para a democracia. Essa é uma bandeira nossa. Não se trata de reserva de mercado. Queremos tê-los em nossas lutas”, pediu apoio.

Ave, Flori! – A Biblioteca agora carrega o nome de um jornalista, professor e escritor muito querido pela categoria profissional.

Florisvaldo Mattos, de 92 anos – completados no último dia 8, é membro da Academia de Letras da Bahia (ALB) e ex-diretor da Associação Bahiana de Imprensa (ABI) e membro do Senado ABI, um projeto criado para o relacionamento integeracional na entidade. Ele desempenhou muitas funções no campo da comunicação, em mais de 50 anos no jornalismo profissional. Como professor na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom/UFBA), transmitiu ensinamentos para nomes de destaque na imprensa baiana.

Coube a um de seus contemporâneos, o escritor Ruy Espinheira Filho, também membro da Academia de Letras da Bahia, o discurso que antecedeu a homenagem ao amigo. “Eu fico muito feliz. Essa é uma das grandes figuras que a Bahia produziu. De renome nacional também, é claro. Mas o que ele fez pela nossa cultura é difícil de se encontrar. É uma produção admirável de ponta a ponta. Estamos aqui com Florisvaldo Mattos, esse grande homem da cultura brasileira”, arrematou.

Natural de Uruçuca (que, na época, era o distrito ilheense de Água Preta), Flori saiu de casa decidido a estudar Direito em Salvador, onde conheceu Walter da Silveira, Glauber Rocha, Paulo Gil Soares, Carlos Anísio Melhor, Antônio Guerra Lima, Fernando da Rocha Peres, Calasans Neto, Sante Scaldaferri, Myriam Fraga, Guido Araújo, João Ubaldo Ribeiro e outros grandes do jornalismo, artes plásticas, da literatura e do cinema, no célebre movimento chamado Geração Mapa, nos anos 50.

Mesmo com uma trajetória invejável em todas as carreiras que desenvolveu, ele demonstrou certa timidez e surpresa diante da homenagem do Sinjorba. “Estou mais do que surpreso, estou assombrado. E acho isso uma tramóia armada por Nestor”, disse Flori, provocando risos do público. “Há muitas pessoas no jornalismo que são mais merecedoras. Agradeço essa homenagem, esse símbolo de reconhecimento como jornalista e homem de literatura”.

As plateleiras da Biblioteca Florisvaldo Mattos já contam com diversos títulos. Ao longo das últimas semanas, o equipamento cultural, que também abriga fotografias e ilustrações de fotógrafos, cartunistas e ilustradores, já ganhou obras de Sérgio Mattos, Cau Gomez, Alessandra Nascimento, Jaciara Santos, Emiliano José, ZédeJesus Barreto, Franciel Cruz, Alberto Freitas. E a lista só cresce…

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