ABI BAHIANA

Núcleo de Choro da UFBA celebra passado e futuro do ritmo na Série Lunar

Apresentação mesclou clássicos e composições autorais de choro para o deleite do público

Foi um diálogo de música, conhecimento e alegria. Ontem (16/04), o Núcleo de Choro da Escola de Música da UFBA (Emus) abriu a temporada 2025 da Série Lunar com maestria. Já tradicional nessa série de concertos realizada pela Associação Bahiana de Imprensa (ABI), o grupo deu uma aula de ritmo e história à plateia do Auditório Samuel Celestino, no Centro Histórico de Salvador. Juntos, clássicos de Pixinguinha e Ernesto Nazareth e composições autorais do grupo deixaram um gostinho de otimismo aos presentes: o futuro do choro parece brilhante.   

Para a coordenadora do evento, Amália Casal, a noite foi uma oportunidade de celebrar o estilo musical do chorinho e a profissão dos jornalistas em uma só festa. “Quero lembrar que 23 de abril é o Dia Nacional do Choro, e o dia em que nasceu Pixinguinha, um ídolo do choro. A gente também está no mês do jornalista, então fizemos uma comemoração conjunta, simbólica, para que a gente possa trazer um repertório que alegre a todos, que contente a todos”, comentou ela.

Amália Casal ainda aproveitou para convidar outros ativistas pelo Centro Histórico e músicos presentes a se juntarem para materializar um espaço que abrigue mais apresentações como essa, no Pelourinho. “É inacreditável que todos os estados do Brasil tenham um Clube de Chorinho, mas na Bahia não tenha. Estou propondo que a gente pense em um projeto para que possamos criar esse clube aqui no Centro Histórico”, disse ela.

Interação

Foto: Paula Fróes

Descontraída e animada, a apresentação assumiu o tom de intimidade entre palco e público que só se vê nas melhores noites da Série Lunar. Aconteceu de tudo: desde um coro espontâneo da plateia na música Carinhoso, de Pixinguinha, até brincadeiras como a canção “Calma Calabreso”, do pandeirista Tadeu Maciel – ele convidou o público a exclamar o bordão do ex-BBB Davi Brito no ritmo do Choro. E teve até romance, com uma dedicatória do violonista Caio Brandão à sua parceira que rendeu aplausos acalorados de todos. 

Não foi só brincadeira, claro. Entre as canções, também houve perguntas e respostas sobre a história do gênero musical, um debate descontraído sobre as origens do ritmo. O pandeirista Tadeu Maciel, por exemplo, explicou ao auditório: “O choro, é o que dizem alguns musicólogos, descende da dança de salão. Foi o jeito brasileiro de tocar a polca, que levou à construção do maxixe. Mas a gente pode perceber a influência da modinha, do lundu, e tudo isso na formação do que veio a se tornar o choro”, esmiuçou.

Também houve discussão sobre o futuro do choro. Respondendo a indagações de Amália Casal, e à surpresa do público diante da qualidade das composições originais dos membros mais jovens do Núcleo, o cavaquinista Washington Oliveira falou sobre as circunstância dessa cena musical em Salvador: 

“Depois da morte de Edson Sete Cordas, dos Ingênuos, esse grupo que liderava o choro aqui praticamente acabou. Então, depois da partida de Edson, o choro desceu a ladeira em Salvador. Mas agora está havendo uma renovação, uma galera muito jovem está prestigiando, cantando, tocando choro, curtindo a música brasileira”, celebrou ele.

“Achei lindo o repertório, muito bem escolhidos os músicos, a plateia ficou animada, entrou na viagem. E o interessante é que eles trouxeram músicas autorais de cada integrante,  então isso também surpreendeu. São jovens e já estão fazendo músicas lindas assim.  Uma noite maravilhosa. Parabéns à Série Lunar!”

Vitória Régia Sampaio, jornalista, fotógrafa e poeta

“Maravilhoso esse projeto. Eu amo o chorinho, e esses meninos que estão se apresentando aqui são,  para mim, impecáveis, sabe? Uma turma jovem que trabalha o chorinho de uma forma bem bonita, bem pesquisada, eles vão fundo. Então, eu saio daqui leve e muito grata com a ABI, por trazer esse projeto e  fazer o chorinho ser levado para a gente”

Isabel Santos, jornalista

“Sou filha de professora de música e grande apreciadora de música popular brasileira e especialmente de chorinho. Temos um déficit de chorinho, precisamos ter mais possibilidade de apreciar essa linda modalidade do cancioneiro brasileiro, que é tão vibrante e característica da nossa cultura. Foi uma grande oportunidade, um convite que agradeço a Amália [Casal], aqui da ABI, que me convidou.”

Maria Lúcia Carvalho, arquiteta e professora
publicidade
publicidade