Catharine Ferreira*
30, 40 anos de profissão fazem a diferença em qualquer ofício. No jornalismo, uma área ligada à memória e que exige competências que só são atingidas com a prática do dia a dia, essa perspectiva é ainda mais importante. Na tarde desta quarta-feira (10), o presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), Ernesto Marques, o 1º vice-presidente Luis Guilherme Pontes Tavares, e a 1ª secretária Amália Casal, se reuniram com a gerontóloga Marta Lopes Pontes, para ampliar a iniciativa da entidade de aproximar seus membros mais velhos das atividades realizadas na ABI.
A expectativa é que o novo plano de ação possa ser proposto e discutido na próxima reunião de diretoria, no mês de junho.
“Queremos criar o máximo de condições para que aconteçam esses encontros geracionais. Até porque, as redações, que eram espaço para esses encontros e que foram fundamentais para vários de nós, praticamente já não têm mais ninguém de cabelos brancos”, aponta Ernesto Maques.
Para ele, o contato com os veteranos da imprensa baiana, como Antônio Silveira Dias, foi fundamental para sua formação como jornalista. “Nossa ideia não é criar um cercadinho de idosos, mas tornar a ABI um lugar acolhedor, onde os mais velhos saibam que são bem-vindos para contribuir”, explica o dirigente.
Durante a visita, foram discutidas propostas de eventos que podem fomentar esse encontro. O diálogo geracional é visto pela diretoria da ABI como passo de grande valia para o futuro do jornalismo baiano, afinal, a profissão tem se “rejuvenescido” cada vez mais.
De acordo com a pesquisa Perfil do Jornalista Brasileiro de 2021, feita pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a maior parte dos profissionais de imprensa se encontra na faixa etária de 23 a 40 anos.
Uma das iniciativas da ABI para promover o intercâmbio entre as gerações do jornalismo na Bahia é o “Senado ABI”. O ambiente de interação, onde diretores veteranos se reúnem para trocar ideias e passar sua expertise para o corpo diretivo, foi consolidado em novembro passado. Nele, Florisvaldo Mattos, Valter Lessa e Jorge Vital de Lima, titãs da imprensa baiana, discutem suas principais ideias para contribuir com a Associação e com o futuro do jornalismo. Os jornalistas nonagenários, com disposição e generosidade, assumiram a tarefa de construir um diálogo com os mais jovens.
“No imaginário social, desde cedo, ouvimos coisas como ‘o velho do saco vai te pegar’ ou quando vemos os contos de fadas, as princesas são todas jovens enquanto as bruxas, não”, argumenta Marta Pontes, propondo que a velhice seja vista de outra forma e, principalmente, considerando a desenvoltura física e cognitiva. “A proposta de vocês é extremamente válida e importante”, analisa a gerontóloga.
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*Catharine Ferreira é estagiária de Jornalismo da ABI.
Edição: Joseanne Guedes.