Nesta segunda-feira (26), o jornalista Ernesto Marques, presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), representou a entidade na Tribuna Popular da Câmara Municipal de Salvador, com um apelo pela regularização do contrato de aluguel do Edifício Ranulfo Oliveira, sede da entidade. O prédio, que é alugado pela Prefeitura de Salvador e abriga as secretarias de Governo e de Comunicação, está com defasagem no valor da locação desde 2015. Frisando a posição da ABI de não aceitar essa situação de irregularidade contratual – que vem dificultando a sobrevivência da entidade -, Marques apresentou um quadro otimista sobre o impasse e recebeu o apoio de diversos membros do Legislativo municipal.
Segundo ele, a longa espera pelo cumprimento do contrato completaria uma década em setembro deste ano, não fossem os últimos capítulos da negociação. “Há exatamente uma semana, no dia 19 de maio, o secretário de Governo, Cacá Leão, delegou à Procuradoria Geral do Município, na pessoa do experiente procurador-geral Eduardo Porto, a missão de solucionar a questão, a partir de uma análise jurídica do contrato”, revelou o dirigente, acompanhado na sessão pelo 1º vice-presidente Luis Guilherme Pontes Tavares e pela 1ª secretária Amália Casal.
Do púlpito, Ernesto Marques enviou cumprimentos ao secretário Leão e ao prefeito Bruno Reis, “pelo acerto na forma de buscar entendimento”, além de expressar expectativa otimista acerca da leitura do problema contratual pela Procuradoria.

Quanto à formulação de um acordo pela Advocacia Pública do Município, o presidente da ABI declarou sua confiança na escrita de uma solução adequada para todas as partes. Ele ressaltou que essa solução precisa ser adequada para a gestão municipal, mas também “segura e, sobretudo, justa, para uma entidade prestes a completar noventa e cinco anos de funcionamento ininterrupto, de reconhecida utilidade pública, sem fins lucrativos e que não remunera seus dirigentes”, pontuou, lembrando a longevidade e relevância da ABI.
Apoio
A fala de Ernesto foi recebida com manifestações de solidariedade por parte de membros da Câmara Municipal de Salvador. O presidente da Câmara, Carlos Muniz (PSDB), foi um dos vereadores que se colocaram à disposição para auxiliar com os trâmites. “Espero que isso seja resolvido o mais breve possível, porque não é possível que o procurador, junto com o secretário, não tome uma providência. Podem contar conosco e podem ter certeza de que, na primeira reunião que eu tiver com o prefeito Bruno Reis, irei cobrar isso dele”, afirmou ele.
De forma semelhante, a vereadora Marta Rodrigues (PT) expressou a sua vontade de ajudar a ABI a resolver a questão com a Prefeitura. “Pode ter certeza de que, no que depender de nós, vamos estar com o presidente Carlos Muniz, intermediando para que as coisas sejam resolvidas o mais breve possível”, disse.
O vereador Sílvio Humberto (PSB) demonstrou indignação com a demora das negociações, e comemorou os últimos desenvolvimentos na direção de um acordo. “[Essa é] uma questão que vem sendo empurrada, e que está se encaminhando com muita perseverança e paciência da ABI para a resolução. É algo que poderia ter sido resolvido há muito tempo. Ainda bem que ganhou um caminho nesse sentido.”
A vereadora Aladilce de Souza (PCdoB) se juntou ao apelo, lembrando da importância das ações culturais da ABI para Salvador. “Espero que a Procuradoria, junto com o prefeito, de uma vez por todas, resolva, porque os objetivos da ABI interessam à cidade”, argumentou.
Violência
Marques aproveitou para levantar um alerta sobre as agressões contra a imprensa na Bahia, com base no Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil – 2024, publicado no dia 20 de maio pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ). Ernesto relacionou os dados deste documento com os últimos casos de violência contra repórteres em Salvador, como o que ocorreu com uma repórter da TV Aratu no início do mês.
“O que o Relatório também mostra e as ocorrências recentes daqui da Região Metropolitana reforçam, é a tese da difusão do ódio como sentimento que legitima, que autoriza, e até anima, expressar divergência ou contrariedade, com palavras e atos violentos”, resumiu ele.
- Confira a participação do presidente da ABI: