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Emiliano José lança na Flica “As comadres estão chegando”

Disponível na Amazon, ebook descreve o início das carreiras de seis jornalistas baianas e discute a presença feminina nas redações

Quarto volume da série #MemóriasJornalismoEmiliano, “As comadres estão chegando” será lançado no dia 27 de outubro, às 10h, pelo escritor, jornalista e diretor da Associação Bahiana de Imprensa, Emiliano José. A estreia do livro virtual acontece na Festa Literária Internacional de Cachoeira e o debate “As comadres estão chegando – presença das mulheres no jornalismo baiano” também faz parte da programação do evento.

A arte da capa do ebook é do designer e publicitário Miguel Cotrim

O livro foca na presença feminina nas redações dos jornais locais a partir do final dos anos 1970 e início dos 80. Nessa época, ambientes ainda majoritariamente masculinos. As protagonistas dos capítulos são Isabel Santos, Jaciara Santos, Mônica Bichara, Joana D´Arck, Carmela Talento e Ana Maria Vieira, todas ativas na profissão. 

Seguindo a construção anterior, o livro foi escrito de forma participativa e integra comentários dos leitores que acompanhavam as crônicas postadas diariamente na página de Emiliano no Facebook. Por meio dessa estratégia literária, temos um vislumbre da recepção do público e das homenageadas que fizeram questão de acompanhar a narrativa, contribuindo com mais detalhes.

O autor conta que a célebre trajetória das comadres na imprensa baiana foi um fator preponderante para o sucesso da obra. 

“Eu passei meses trabalhando via Facebook, era publicação diária e devo dizer que a receptividade sempre foi muito boa, porque, afinal de contas, eu estava tratando de mulheres com uma uma grande inserção na vida baiana no meio jornalístico”, admite Emiliano. “O livro tem uma boa receptividade muito mais pelas protagonistas do que pelo próprio autor, viu?”

Na segunda parte do livro, Jaciara Santos – diretora de Comunicação da ABI –  revela suas experiências na editoria de Segurança, ao lado do editor Erival Guimarães. Ela conta que enfrentou seus medos e o preconceito com essa editoria tão pouco desejada por seus colegas de profissão. 

A jornalista também assume que não é nada corajosa – ao contrário do que muitos pensam. Na maior parte do tempo, só se dava conta do perigo ao retornar para a redação ou para casa. Mas, conta que sempre buscou praticar o ofício de forma justa, dando um viés mais humanizado aos seus textos. 

“É uma área em que a gente lida com o melhor e o pior do ser humano. E rapidamente descobri: ninguém é só mocinho/mocinha nem só vilão/vilã. E investi forte nessa busca de mostrar que nenhuma pessoa é superior ou inferior a ninguém”, relembra Jaciara. 

Foto: Antonio Queirós

Para o autor, as comadres simbolizam a irrupção das mulheres nas redações do jornalismo baiano. Sua relação de amizade era tão forte que o deixava admirado diante de tanta solidariedade, sororidade e carinho ao longo das décadas. 

E complementa: “Descobri mulheres fortes, talentos pouco valorizados. Vi de perto o quanto podem as mulheres no exercício da reportagem. Como são capazes de dividir-se entre os cuidados de suas crias e as tarefas da profissão. Vi como é difícil ser mulher, mãe e profissional de jornalismo. E como elas davam conta de tudo isso. Fosse o caso, chegavam à redação com o bebê num carrinho, e cumpriam as pautas. Afrontaram o machismo sem fazer alarde”. O machismo, observa o escritor, “se não acabou, porque é resistente, sofreu um grande abalo”.

Inspirações e mais detalhes da obra

O prefácio do ebook é do também jornalista e escritor Elieser Cesar, que, de certa forma, inspirou Emiliano. Em 2019, a crônica “As comadres”, sobre a amizade do “quadrilátero comadrístico” – referindo-se às colegas Isabel, Mônica, Jaciara e Joana, nasceu sob a autoria de Elieser. 

Ele conta que conheceu Jaciara, Isabel, Mônica e Carmela quando chegou ao Jornal da Bahia, em 1983. Joana, a caçula, depois, quando ela trabalhava na Tribuna da Bahia e Ana Vieira, como assessora de imprensa. 

“A crônica ‘As Comadres’ surgiu num papo descontraído com Joana D’arc, quando disse a ela: ´Vou escrever uma crônica sobre vocês’. Sentei e escrevi. Que bom que ensejou o livro de Emiliano, para o qual fiz o prefácio e conto um pouco desse texto “, esclarece Elieser, adiantando um pouco do que o público pode esperar da obra.

Fotos: Antonio Queirós
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