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Milhões de aplausos para o mestre ARTHUR AREZIO DA FONSECA

Luis Guilherme Pontes Tavares*

Ele merecia muitas homenagens neste dia, 10 de junho de 2023, do seu 150º aniversário de nascimento. Faltou, de minha parte, mobilizá-las. O personagem em apreço foi gráfico, artista plástico, editor e escritor, sobretudo, de cinco livros técnicos. O baiano Arthur Arezio da Fonseca (1873-1940) foi dono de uma das primeiras clicherias da Cidade do Salvador, foi fundamental na montagem da Imprensa Oficial do Estado (IOE), em 1915, e editor alguns periódicos, dentre os quais a Malagueta, no final do século XIX, e Artes e Artistas, na década de 1920.

Na segunda metade da década de 1990, o elegi como tema de tese de doutoramento em História Econômica na FFLCH/USP, sob a orientação da professora doutora Antonia Fernanda Pacca de Almeida Wright (1925-2014), e a escolha decorreu de leitura de texto do médico, antropólogo e professor Thales de Azevedo (1904-1995) sobre o convívio que teve com Arezio quando exerceu a função de revisor da IOE. A tese, revista e ilustrada, foi publicada em 2005 pela Empresa Gráfica da Bahia (EGBA), sucedânea da IOE e da IOB, quando festejava os 90 anos de sua fundação.

Capa de “Nome para compor em caixa alta”, de Luis Guilherme Pontes Tavares

Lamento que o último descendente de Arthur Arezio com quem mantive contato, o nosso colega jornalista, fotógrafo e professor Oldemar Victor (1944-2008), tenha falecido há 15 anos. Foi ele quem me ofertou o retrato de Arezio desenhado pela filha Verediana Santos, em 1920. A musicista Verediana era a mãe de Oldemar. Utilizei a obra na capa (ao lado) do livro Nome para compor em caixa alta: ARTHUR AREZIO DA FONSECA (Salvador: EGBA, 2005).

Passados mais de 20 anos da defesa da tese e mais de 15 anos da sua publicação, o livro sobre a vida e a obra pode e deve servir de inspiração e subsídio para outros trabalhos sobre o baiano extraordinário que tem o nome incluído em obras mundo afora como um dos precursores da sistematização dos termos gráficos em português. A propósito, o seu Diccionario de termos graphicos (Salvador: IOE, 1936) ganhou, com o apoio da EGBA e da Casa Civil do Governo do Estado, edição fac-similar em 2010. A mesma obra ganhou nova edição fac-similar em 2017 por iniciativa da Com-Arte, editora da Escola de Comunicações e Artes da USP.

Fac-similar de “Diccionario de termos graphicos”, 2010
Fac-similar, 2017

Sugiro que se estude as relações de Arthur Arezio com os seus contemporâneos José Joaquim Seabra (1855-1942), governador que criou a IOE; Luiz Tarquinio (1844-1903), industrial e patrocinador de periódicos; e Cosme de Farias (1875-1972), seu colega na IOE e na Associação Typographica Bahiana. Sugiro, ademais, que se estude os periódicos Malagueta, ilustrada, redigida e editado por ele, e A Coisa, revista soteropolitana que circulou entre 1898 e 1904.

Registro ademais, que a filha de Arthur Arezio, a artista plástica e escritora Waldette Cristina da Fonseca, minha fonte preciosa sobre o personagem e a família, doou objetos valiosos – diplomas, medalhas, caneta de outro, retrato e outros – ao Museu da Imprensa da ABI no início da década de 2000. Destaco, sobretudo, a xilogravura de autoria dele, gravada em casca de cajazeira, com a efígie de Gutemberg. Ele se notabilizou nas artes plásticas como autora de bonecos de pano. Conforme o blog https://culturaefutebol.wordpress.com/ , em janeiro de 2021, foi exposto na estação Tiradentes do metrô o presépio que ela criou com os personagens feitos de pano.

Viva o meu amigo Arthur Arezio!

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*Jornalista, produtor editorial e professor universitário. É 1º vice-presidente da ABI. [email protected]

Nossas colunas contam com diferentes autores e colaboradores. As opiniões expostas nos textos não necessariamente refletem o posicionamento da Associação Bahiana de Imprensa (ABI).
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