Blog das vidas

Nosso “teacher” foi para o céu

Antônio Matos*

Trabalhei com o ‘professor’ Gabriel Saraiva, quando comecei na imprensa esportiva, como repórter, na Rádio Cruzeiro, em 1968, após aprovado num teste com Zé Ataide.
Era um jovem, com apenas 21 anos, e Gabriel, com mais de 40 e já consagrado como o maior rádio-escuta esportivo do Nordeste. Era um época sem internet, sem redes sociais, sem e-mail e quem, como ele, dominava as ondas (médias e curtas) do rádio, era muito valorizado pelas emissoras, especialmente por aquelas que tinham departamentos de esporte.
Quando, em novembro de 1969, assumi a editoria de esportes da recém-fundada ‘Tribuna da Bahia’, levei o ‘professor’ – a quem chamava, carinhosamente, de ‘teacher’ – para trabalhar comigo.
Eu lhe dei a missão de fazer o placar do caderno de esportes das edições de segunda-feira e sugeri o título de ‘Placar do Gabriel’, em sua homenagem.
Foi um sucesso. Graças as suas escutas, além dos jogos de futebol realizados na Bahia, publicávamos também os resultados das partidas que aconteciam em todo o país e dos mais importantes campeonatos da América do Sul e da Europa.
Aos 96 anos, o ‘teacher’, que era só alegria com suas originais gravatas, ilustradas com escudos do Bahia, Botafogo e Palmeiras, além da foto da mulher – e sucesso absoluto em suas andanças, sobretudo nos principais shoppings da cidade – estava sofrendo muito ultimamente, após a amputação das duas pernas.
Seu sepultamento será às 15 horas desta segunda-feira (31), no Campo Santo e, certamente, Deus já o recebeu em sua casa.

*Antônio Matos, jornalista e delegado de Polícia, é diretor-financeiro da ABI

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