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Observatório resgata a história da imprensa negra

A discussão sobre a relação entre jornalismo e equidade racial na sociedade brasileira diz respeito à busca de diversidade nas abordagens, pautas e narrativas da profissão. Para incentivar iniciativas que ampliem a representação simbólica e política da população negra dentro da sociedade, o Observatório da Imprensa resolveu contar a história da imprensa negra, a partir do especial “Equidade Racial”.

“A discussão sobre a relação entre jornalismo e equidade racial na sociedade brasileira diz respeito à busca de diversidade nas abordagens, pautas e narrativas da profissão. Sobretudo, trata da representatividade do negro dentro de espaços institucionais. A importância de existirem veículos que representem a população negra e abordem temáticas raciais demonstrou-se fundamental para o desenvolvimento histórico quanto às questões raciais e ainda tem muito a evoluir. É necessário incentivar iniciativas que ampliem a representação simbólica e política da população negra dentro da sociedade”, defende o Observatório da Imprensa, na abertura do especial “Equidade Racial”.

No editoral que apresenta a série de textos destinados a resgatar a história da imprensa negra no Brasil, o fórum de opiniões traz textos abordando personagens, veículos e curiosidades sobre a atividade, trazendo também algumas sugestões de acervos online, obras e outros conteúdos relativos ao tema.

Leia também:

A primeira pílula da série “Equidade Racial” foi publicada em janeiro:

O surgimento da imprensa negra e seus primeiros veículos

O primeiro jornal brasileiro feito por e para negros surgiu em 1833, no Rio de Janeiro – 55 anos antes da abolição da escravatura, que só ocorreria em 1888. Era O Homem de Cor, ou O Mulato, e foi idealizado por Francisco de Paula Brito, tipógrafo e jornalista, com bandeiras de denúncia contra o racismo e a luta pela cidadania da população negra no Brasil.

Seu surgimento deu-se juntamente com a proliferação de críticas contra o Primeiro Reinado e a insatisfação geral com o regime escravocrata. Editado em anonimato, como outros folhetos, tinha caráter altamente político: era utilizado para expor prisões arbitrárias de negros, expunha falas discriminatórias de governantes e trazia, em suas edições, a transcrição do parágrafo XIV do artigo 179 da Constituição de 1824, onde se lia: “Todo o cidadão pode ser admitido aos cargos públicos civis, políticos e militares, sem outra diferença que não seja a de seus talentos e virtudes”, afirmando o local do negro como pertencente à sociedade, e não à sua margem.

Foto: Museu Afro Brasil

O Mulato teve uma vida curta, de apenas cinco edições, mas abriu caminhos para outros veículos igualmente importantes da imprensa negra. O periódico foi produto da Typographia Fluminense, de Brito & Cia, fortemente marcada pela presença negra, e que acabou produzindo posteriormente O Meia Cara e tendo papel embrionário na produção de outros periódicos como O Brasileiro PardoO Lafuente e O Cabrito.

Sobre a história da imprensa negra, veja também:
– Periódicos USP: Imprensa negra paulista
– Biblioteca Nacional do Brasil
– Ana Flávia Magalhães Pinto – “De Pele Escura e Tinta Preta” (dissertação de mestrado)
– Ariovaldo Lima Júnior – Jornal Ìrohìn: Estudo de caso sobre a relevância educativa do papel da imprensa negra no combate ao racismo (1996-2006) (dissertação de mestrado)
– Gilmar Luiz de Carvalho – “A Imprensa Negra Paulista entre 1915 e 1937: características, mudanças e permanências”

*Informações do Observatório da Imprensa. creative commons

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