Na noite desta quarta-feira (13/11), o auditório da Associação Bahiana de Imprensa esteve lotado não apenas do público que chega a disputar cadeiras no 8º andar do Ed. Ranulfo Oliveira, mas também de um número surpreendente de violões, em sintonia com solistas – do canto ao acordeon. Foi o pré-lançamento do novo CD e livros de música da Orquestra de Violões da UFBA, que, somada também aos violões do Neojiba, trouxe uma mistura do erudito com o popular à Série Lunar deste mês de novembro. Esta foi a quarta apresentação do grupo no auditório da ABI, e a penúltima Série Lunar deste ano.
A coordenadora da Série Lunar, Amália Casal, comemorou a oportunidade de usar essa parceria com a Escola de Música da UFBA para trazer agitação cultural ao Pelourinho, além de aproximar o público da chamada música erudita, em apresentações íntimas e educativas como a de ontem. “Não é uma didática densa, não é uma didática austera nem cansativa, pelo contrário, os maestros e outras pessoas que vão se apresentando aqui falam das músicas e as pessoas interagem, perguntam, e isso é uma coisa muito saudável e educativa”, comentou ela.
Conversas musicais
A dinâmica foi mesmo nesses moldes. O fundador e maestro da Orquestra, Ricardo Camponogara, explicou por exemplo qual é o significado do termo “concerto”. “A palavra remete a três sentidos. O primeiro, de uma apresentação; segundo, no sentido vinculado a ter sempre solistas rivalizando com uma orquestra, e, por fim, ela está relacionada com a forma. A forma concerto se estabelece com Vivaldi no período do barroco e é sempre um movimento rápido, um movimento lento e um movimento rápido”, resumiu, antes de voltar ao diálogo musical com o acordeon de Saulo Gama.
Assim se seguiram as conversas: com os violões ao fundo, entraram também os cantores Janaína Carvalho, Vanda Otero, Polane Brandão, Igor Garcia e Vinicius Abreu, além do clarinetista Pedro Robatto. Nesse esquema, eles transitaram por séculos, continentes e tradições diversas da música, incluindo obras de Francisco Mignone, Guinga, Tedesco e Piazzolla.
Sempre, é claro, voltando às explicações acessíveis. Pedro Robatto também esclareceu como todas aquelas obras complexas puderam caber no modesto auditório da ABI: através de um processo cauteloso de transcrição de obras pensadas para orquestras maiores, e com mais instrumentos. “Essa obra é original para clarineta e orquestra sinfônica, e, por exemplo, seria impossível tocá-la num espaço como esse aqui. Uma orquestra sinfônica tem mais de 70 músicos. Então essa é uma das vantagens de poder ter essa transcrição, trazer uma música bastante complexa a lugares onde não seria possível levar”, disse ele
A próxima Série Lunar está marcada para o dia 4 de dezembro.