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Repórter do Nordesteusou agredido por PM cobra medidas contra violência

Comunicador trabalhava no Circuito Mestre Bimba quando foi atingido na cabeça e desmaiou

O repórter e apresentador Pedro Macedo, do portal comunitário Nordesteusou, precisou de novo atendimento médico na tarde desta quinta-feira (23), por causa de dores de cabeça e enjoos. Na madrugada desta quarta-feira (22), o professor e comunicador havia sido atendido no Hospital Geral do Estado, após ser agredido enquanto trabalhava na cobertura do Carnaval do Circuito Mestre Bimba, no Nordeste de Amaralina, em Salvador. De acordo com Pedro, ele foi golpeado na cabeça por um policial militar, durante o tradicional “Arrastão do NES”. A Corregedoria da PM aguarda denúncia para investigar o caso.

Foto: Reprodução/NES

“Apesar de estarmos em um circuito oficial, a polícia exige que o Carnaval aqui no Nordeste termine às 2h. Por volta da 1h30 da manhã, no final do percurso, o cantor pediu que todos recuassem, para voltar correndo, naquela conhecida brincadeira. Na correria, alguém tombou no policial. Foi quando recebi um golpe forte na cabeça e comecei a desmaiar”, contou Pedro Macedo, que já atua há seis anos no NES.

O repórter foi socorrido por seus colegas e levado ao HGE. Na unidade, ele passou por exames, foi medicado e liberado. Mas, as dores e a tontura persistiram. “Não dormi muito bem, lembrando dos fatos. Estou tomando remédio para dor. Tive perda de memória, convulsionei. Vou procurar um neurologista”, afirmou. 

Na tarde de hoje, em contato com a reportagem da ABI, Pedro Macedo demonstrou frustração e cobrou uma resposta da Polícia Militar. “Estávamos fardados, identificados com os crachás. Atuei como apresentador e repórter nesta cobertura. Todos os anos o NES realiza o arrastão. Por que eu fui agredido?”, questionou.

O diretor jurídico do NES, Rodrigo Coelho, afirmou que a agressão foi presenciada pela major PM Ana Cidreira, comandante da 40ª CIPM – Companhia Independente de Polícia Militar/Nordeste de Amaralina. “Ela debochou da situação, dizendo ‘tá morrendo mesmo’. Eu falei que aquilo era sua responsabilidade. Então, ela respondeu: ‘bote na minha conta’”, lembrou. 

Camisa utilizada pela equipe do NES no Carnaval 2023 | Reprodução

Segundo Coelho, o NES realizou antes do Carnaval uma reunião de alinhamento com a PM, da qual participaram a comandante, o subcomandante e representantes da Associação de Blocos Carnavalescos do Nordeste de Amaralina (ABCN). “Eles sabiam exatamente quem éramos. Nós estávamos com uma camisa chamativa, feita especialmente para a cobertura da festa, todos devidamente identificados. Não houve assistência por parte da PM”, afirmou o advogado e um dos fundadores do veículo. 

Em nota, o Nordesteusou repudiou o que classificou como “mais um caso de truculência da Polícia Militar da Bahia no Complexo Nordeste de Amaralina”. Para o portal, o episódio é “uma metáfora da desastrosa ação da PM dentro da periferia.”

“Lamentamos que a PM veja a nossa comunidade apenas como um inimigo a ser exterminado. A favela não pode servir apenas para votar, queremos respeito, não adianta palavras bonitas sem ações concretas. Não haverá segurança pública enquanto há opressão”, diz o texto.

A direção do veículo também cobrou do governador câmeras nos uniformes policiais. Enquanto aguarda o posicionamento da Secretaria de Direitos Humanos e da Secretaria da Segurança Pública, o NES vai recorrer à Corregedoria da PM e pedir o acompanhamento do Ministério Público do Estado da Bahia.

O coronel PM Hilton Reis, corregedor-adjunto, assegurou que o órgão está pronto para acolher a denúncia. “Ainda não há registro de ocorrência, não possuímos dados sobre esse fato. Mas, estamos à disposição da sociedade 24h, na Rua Amazonas, aqui no bairro da Pituba. Vamos aguardar a formalização para averiguar o caso”, garantiu.

À ABI, o Comando Geral da PM enviou uma nota na qual afirma que:

“Na madrugada desta quarta-feira (22), uma patrulha composta por policiais militares da CIPE/CHAPADA, foi agredida com garrafas e latas arremessadas por foliões, quando realizavam o policiamento no Carnaval do Nordeste de Amaralina,  Circuito Mestre Bimba.

Durante a ocorrência, foi necessário uso progressivo da força para manter a integridade física dos militares e a segurança do público. Não houve detenções. Um homem que se identificou como líder da comunidade fez uso do microfone e passou a incitar as pessoas contra os policiais.

A corregedoria da polícia militar fará a apuração dos fatos para melhor esclarecimento a respeito da conduta dos envolvidos.”

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