De acordo com informações divulgadas nesta quarta-feira (1º) pelo Observatório Sírio de Direitos Humanos, o Estado Islâmico deu continuidade à série de execuções e decapitou mais sete homens e três mulheres na Síria. Os assassinatos fariam parte de uma campanha do grupo jihadista para aterrorizar os cidadãos que se opõem ao avanço do grupo em algumas regiões da Síria. As execuções em massa, sequestros de mulheres e crianças para torná-las escravas sexuais e utilização de crianças como soldados, em violações “sistemáticas e assustadoras”, podem constituir crimes de guerra praticados pelo Estado Islâmico, informaram as Nações Unidas nesta quinta-feira (2), em relatório.
O chefe do Observatório Sírio, Rami Abdulrahman, declarou que cinco soldados curdos opositores ao EI, entre eles três mulheres, e outros quatro rebeldes árabes de origem síria, foram detidos e decapitados na terça-feira, a 14 quilômetros ao leste de Kobane, uma cidade perto da fronteira com a Turquia e que foi sitiada pelas forças do Estado Islâmico. Além disso, um civil curdo também foi decapitado.
“Não sei por que eles foram detidos e mortos”, acrescentou Abdulrahman. “Só o Estado Islâmico pode saber. O que querem é assustar as pessoas.” A agência Reuters, que divulgou esta informação, esclarece que não conseguiu uma verificação independente. As decapitações realizadas pelos soldados do Estado Islâmico costumam ser em público para lançar a mensagem de que nenhuma dissidência será tolerada.
Em agosto, duas semanas depois da divulgação da decapitação do jornalista norte-americano James Foley, o Estado Islâmico cumpriu sua ameaça e acabou com a vida do também repórter Steven Joel Sotloff. A vítima da terceira decapitação realizada pela organização fundamentalista, em menos de um mês, foi o britânico David Haines, de 44 anos, funcionário de ajuda humanitária.
No início do mês de setembro, um grupo de quatro relatores para a liberdade de expressão da ONU condenaram os recentes ataques, sequestros e prisões injustificadas de jornalistas em todo o mundo. Grupos para a Organização de Segurança e Cooperação, Organização de Estados Americanos e a Comissão Africana sobre Direitos Humanos e dos Povos cobraram a punição dos envolvidos e proteção para todos os profissionais que atuam no jornalismo, principalmente em situações de conflito.
Crimes contra a humanidade
Em um relatório baseado em cerca de 500 entrevistas, a ONU também afirma que os bombardeios aéreos feitos pelo governo do Iraque contra os militantes sunitas causaram “mortes civis significativas” ao atingir vilas, uma escola e hospitais, violando as leis internacionais.
Pelo menos 9.347 civis foram mortos e 17.386 ficaram feridos até setembro, bem mais da metade deles desde que os insurgentes islâmicos começaram a ocupar vastas áreas do norte do Iraque no início de julho, diz o relatório. “A gama de violações e abusos perpetrados pelo Estado Islâmico e grupos armados associados a ele é estarrecedora, e muitos de seus atos podem equivaler a crimes de guerra ou crimes contra a humanidade”, afirmou o novo Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad al Hussein. Em um comunicado, ele voltou a pedir ao governo de Bagdá que se filie ao Tribunal Penal Internacional, afirmando que a corte de Haia foi criada para processar tais abusos e agressões diretas contra civis com base em seu grupo religioso ou étnico.
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As forças islâmicas cometeram graves violações de direitos humanos e atos de violência de “uma natureza sectária crescente” contra grupos como cristãos, yazidis e muçulmanos xiitas em um conflito cada vez mais disseminado, que já forçou 1,8 milhão de iraquianos a fugirem de seus lares, de acordo com o relatório de 29 páginas do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU e da Missão de Assistência da ONU para o Iraque (Unami, na sigla em inglês). “Entre eles estão ataques que visam diretamente civis e infraestrutura civil, execuções e outras mortes premeditadas de civis, sequestros, estupro e outras formas de violência sexual e física perpetradas contra mulheres e crianças, recrutamento forçado de crianças, destruição ou profanação de locais de importância religiosa ou cultural, destruição gratuita e saque de propriedades e recusa de liberdades fundamentais”.
O Estado Islâmico levou adiante seu ataque a uma cidade na fronteira síria nesta quinta-feira apesar dos ataques aéreos da coalizão, forçando mais milhares de curdos a buscarem refúgio na Turquia e mergulhando Ancara ainda mais no conflito. Mas o relatório também expressa uma profunda preocupação com as violações cometidas pelo governo iraquiano e pelos combatentes aliados, incluindo ofensivas aéreas e bombardeios que podem não ter feito distinção entre alvos militares e áreas civis.
*As informações são da Reuters via G1 e do El País (Edição Brasil).