ABI BAHIANA

Museóloga e artista plástica Lygia Sampaio é homenageada pela ABI

A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) realizou na manhã de hoje (14/11) a solenidade de outorga da Medalha Ranulfo Oliveira à artista plástica e museóloga Lygia Sampaio, de 90 anos. A homenagem havia sido proposta pelo jornalista e vice-presidente da ABI, Ernesto Marques, e acatada pela diretoria da entidade presidida por Walter Pinheiro. A condecoração foi estabelecida em 1998, para prestigiar profissionais com notável contribuição à liberdade de imprensa e ao exercício da atividade jornalística. Participaram da cerimônia familiares e amigos de Lygia, jornalistas e representantes do segmento da cultura.

O presidente da ABI, Walter Pinheiro, evocou o economista e sociólogo estadunidense Douglas McGregor, suas teorias sobre o comportamento humano em relação ao trabalho e as ideias acerca das necessidades do indivíduo, para falar da importância do reconhecimento. Ele classificou a solenidade como a homenagem perfeita, porque, de acordo com o dirigente, as duas partes foram homenageadas. “Os dois lados crescem. O reconhecimento, quando é espontâneo, tem uma valia enorme”, afirmou.

O jornalista Ernesto Marques, vice-presidente da ABI, relembrou o dia em que chegou à ABI para se tornar sócio e conheceu Lygia Sampaio, então museóloga da instituição. “Eu queria fazer um agradecimento pessoal, porque, talvez, eu esteja na diretoria da ABI por causa do museu que a senhora cuidou com tanto zelo”. Ele criticou a falta de reconhecimento dos baianos em relação a personagens centrais de sua história. “Infelizmente, a Bahia é uma terra injusta com seus filhos. Estamos nos livrando desse pecado ao reconhecer os relevantes serviços que a senhora prestou, não só para a ABI, mas para a Bahia”.

Foto: Joseanne Guedes/ABI

Marques aproveitou o momento para enaltecer o trabalho dos funcionários do Museu de Imprensa da ABI e da Biblioteca de Comunicação Jorge Calmon, que, segundo ele, herdou o exemplo de Lygia Sampaio no trato com o acervo sob a guarda da Associação. “O que aqui está guardado continua sendo muito bem cuidado pela equipe atual”, ressaltou o diretor.

Segundo o pesquisador Nelson Cadena, Lygia aportou na ABI em 1974, para organizar o museu da entidade constituído por iniciativa do então presidente da casa, Afonso Maciel Neto, em 16/1/1974, com base no acervo doado em 16/8/72 por Maria Koch de Carvalho, filha de Aloísio de Carvalho Filho e neta de Lulu Parola, o celebrado versista, epigramista e proprietário do Jornal de Notícias. Para Nelson, se trata de uma “justa esta homenagem da ABI em reconhecimento a quem serviu à entidade por mais de duas décadas”. Ele revela que Lygia Sampaio, na função de museóloga, organizou o acervo composto de documentos e jornais antigos, entre os quais edições raras de jornais que fizeram história na imprensa local.

Foto: Fernando Franco/ABI

De acordo com o jornalista e crítico Reynivaldo Brito, Lygia é a última representante do movimento de arte moderna que ocorreu na Bahia no século XIX tendo como integrantes Mário Cravo Júnior, Carlos Bastos, Genaro de Carvalho, Rubem Valentim, Jenner Augusto dentre outros já falecidos. “Estamos hoje aqui reunidos para homenagear uma das artistas mais talentosas destas últimas décadas em nossa Bahia. Lygia Sampaio, exímia desenhista, pintora, gravadora e ilustradora”, afirmou. Brito considerou uma homenagem merecida pelo que representa Lygia. “Ela foi responsável pela organização e preservação de parte da memória da imprensa baiana”.

Para Brito, os desenhos guardados na casa de Lygia precisam ser mostrados numa grande exposição retrospectiva para que as pessoas que gostam de arte possam apreciar. “Ela é uma pessoa reservada, doce. Sua obra pictórica merecia ser mais vista, e estar num patamar ainda mais de destaque pela qualidade de suas pinturas, e especialmente de seus desenhos a bico de pena”, recomenda o jornalista.

Leia o artigo “Lygia Sampaio e a grandeza de sua arte”, de Reynivaldo Brito

Textos relacionados:

publicidade
publicidade