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Entidade internacional lança guia de cobertura eleitoral em português

Iniciativa abrange orientações de segurança e fornece valiosos recursos, técnicas e ferramentas para a apuração de dados

Aprender as regras e leis que regem a disputa eleitoral; determinar ferramentas e métodos para manter você, seus dados e suas fontes seguros; e listar as tendências, fontes e ameaças que podem desencadear histórias e investigações valiosas. Essas são as principais contribuições de um guia lançado pela Global Investigative Journalism Network (GIJN) e agora traduzido para a língua portuguesa. O “Guia de Eleições para Repórteres Investigativos“, escrito pelo jornalista Rowan Philp, está disponível no site da organização. (Confira Introdução, Capítulo 1Capítulo 2Capítulo 3 e Capítulo 4).

Em 2022, pelo menos nove países realizarão eleições nacionais importantes. O Brasil é um deles. No mundo todo, o contexto eleitoral enfrenta ameaças crescentes de campanhas de desinformação, interferência estrangeira, o autoritarismo crescente e outros problemas. No Brasil, soma-se a esse cenário o constante questionamento da validade do sistema eleitoral, incitado pelo presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores.

De acordo com a GIJN, o guia foi desenvolvido para oferecer uma ampla gama de ferramentas, técnicas e recursos para ajudar os repórteres investigativos a se aprofundarem em quase todas as eleições.

O guia fornece, entre outros recursos, uma estrutura de como os jornalistas podem monitorar o autoritarismo crescente nas democracias, incluindo uma lista de táticas antidemocráticas cada vez mais usadas para influenciar as eleições. Além de orientações para manter os repórteres seguros enquanto estiverem seguindo o rastro de campanhas, a organização também compartilhou várias ferramentas projetadas para lidar com os prazos apertados e a enxurrada de informações que caracterizam o período eleitoral.

Em seu texto introdutório, Philp destaca como a erosão das instituições democráticas é comumente velada por fachadas legais e pretextos de emergência, enquanto a violência eleitoral patrocinada pelo Estado é reduzida ao mínimo ou atribuída a atores terceirizados.

“A mídia independente e os jornalistas investigativos precisam cavar além da superfície de eleições cada vez mais precárias, ao mesmo tempo em que protegem suas informações, a si mesmos e a própria liberdade de expressão de ataques multifacetados e com interesses antidemocráticos”, afirma o jornalista Rowan Philp. Fazer isso exige coragem, planejamento, apoio colaborativo, fontes corajosas e ferramentas novas e inovadoras para lidar com essas ameaças.

Em parceria com o projeto Comprova, a a GIJN realizou ontem (19) o webinar “Eleições no Brasil 2022 – Dicas de investigação”, que reuniu os jornalistas Breno Pires, da Revista Piauí; Juliana Dal Piva, do UOL; Jamile Santana, da Transparência Pública, sob a moderação de Sérgio Lüdtke, editor-chefe do Comprova.

Confira algumas das muitas dicas trazidas pelo Guia:

1- Familiarize-se com as leis e processos de gestão eleitoral local, disposições constitucionais e organizações cívicas em seu país.

2- Uma boa higiene digital e precauções de segurança inteligentes são essenciais. Use criptografia em seus dispositivos.

3- Segurança física em protestos políticos: Confira o abrangente kit de ferramentas do CPJ para segurança em eventos polêmicos – desde opções de roupas até riscos de COVID-19 e gás lacrimogêneo.

4- Planeje reportagens sobre ameaças de violência eleitoral. Conheça também a Ferramenta de Gestão de Risco Eleitoral, desenvolvida pela International IDEA.

5- Observe tendências notáveis, como monopólios políticos da mídia ou interferência estrangeira. Confira o Rastreador de interferência autoritária, produzido pela Alliance for Securing Democracy.

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