ABI BAHIANA

Souto percebe vontade de mudança e rebate críticas de Rui Costa

Questões polêmicas nas áreas de segurança, mobilidade urbana e serviços públicos aqueceram o encontro da Associação Bahiana de Imprensa (ABI) com o pré-candidato Paulo Souto (DEM), na manhã desta quarta-feira (4), na sede da instituição. O evento conduzido pelo presidente da ABI, Walter Pinheiro, foi parte da série de encontros separados com os três principais pré-candidatos ao governo do estado, com o objetivo de contribuir com o debate eleitoral. Paulo Souto afirmou ter percebido no eleitorado uma vontade de mudança, que teria impulsionado sua pré-candidatura. O ex-governador rebateu críticasfeitas pelo postulante petista Rui Costa, convidado do primeiro encontro, e falou sobre suas propostas e prioridades, caso alcance novamente o cargo de governador da Bahia. No dia 9 de junho, às 9h, a ABI recebe a pré-candidata Lídice da Mata (PSB), que encerra os encontros realizados pela entidade.

Foto: Reginaldo Ipê/ABI
Foto: Reginaldo Ipê/ABI

O coordenador do encontro e diretor da ABI, Aloísio Franca Rocha Filho, explicou o objetivo dos encontros, e enfatizou a inquietação da entidade diante do momento eleitoral e sua repercussão na vida dos baianos. “Aintenção desse debate é, além de conhecer as propostas daqueles que pretendem governar a Bahia, fazer com que a ABI esteja presente na vida pública do estado, evitar possíveis omissões e futuras retratações à sociedade”.

Nas perguntas formuladas pela ABI,o dirigentelembrou que, no encontro anterior, o pré-candidato Rui Costa afirmou ser o mais bem preparado entre os postulantes e que estaria determinado na disputa. “Todos os candidatos devem ser considerados. Agora, quem tem que dizer qual o melhor e mais bem preparado, não éo candidato. É o povo.Espero que ele esteja preparado para a campanha e não haja desvios para questões pessoais. O importante é fazermos uma campanha à altura dos baianos”, rebateu o ex-governador, que acredita que o elemento fundamental para a virada no resultado das Eleições de 2006 foi a presença da política nacional nas eleições estaduais, “além do sentimento de experimentar algo novo, o que é perfeitamente compreensível em uma democracia”.

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Durante encontro na ABI, Rui Costa reconheceu ser um pré-candidato desconhecido do eleitor, mas afirmou que mudaria o cenário desfavorável durante a campanha. Perguntado sobre o que pretende fazer para manter a preferência do eleitorado, diante de um novo candidato disposto a desbancá-lo, Souto não fez rodeios. “Ele fala sobre mim com tantos detalhes que eu chego a pensar que ele foi meu eleitor. Não vejo problema em enfrentar o candidato que representa a continuidade do governo em curso. Com a minha experiência na administração pública, tenho certeza de que terei condições de fazer um governo que priorize a Bahia”.

De acordo com o pré-candidato da oposição, se o sonho de ser governador se realizar, sua prioridade serão as finanças públicas. “Estou muito preocupado com a situação financeira do estado, que é gravíssima. Então, temos que priorizá-la, porque, se não houver esforço nesse sentido, os programas de governo serão meras intenções”. Para ele, das questões emergenciais, a segurança é outro ponto que merece atenção. “E não cabe o argumento de que o panorama é o mesmo em diversos estados brasileiros. Não é assim. Todos sabem, por exemplo, que greve de polícia é gravíssima. Eu tive problemas nos dois governos, mas contornamos bem. É preciso estabelecer uma relação de confiança entre o governo e as corporações. Nas duas últimas greves, faltou aprofundar o diálogo e não enganar os trabalhadores”.

Foto: Reginaldo Ipê/ABI
Foto: Reginaldo Ipê/ABI

Uma das questões abordou a falta de infraestrutura do estado que tem 417 municípios, um dos piores sistemas de saúde e educação e altos índices de violência.O pré-candidato foi estimulado a citar intervenções urbanas feitas por sua gestão, um questionamento lançado à plateia por Rui Costa, no último dia 30. “Salvador tinha alguns problemas incríveis. Realizamos o Bahia Azul, responsável pelo aumento dos índices de saneamento básico do estado. Fizemos com recursos suados o programa Viver Melhor, que diminuiu consideravelmente as tragédias em 80 áreas de risco da cidade. Construímos a Maternidade de Referência Prof. José Maria de Magalhães Netto.Essas obras foram feitas com enorme esforço no governo estadual e espero que o governo federal continue com a mesma disposição em oferecer recursos. Se ele não considera isso como grandes intervenções…”.

Não é novidade a situação caótica da cidade no quesito mobilidade urbana. Segundo o pré-candidato, o problema não será resolvido apenas com o desenvolvimento de eixos de transporte público. Para ele, é necessário incentivar a autossuficiência das áreas periféricas e, assim, diminuir a necessidade de deslocamento para os centros. Já sobre o controvertido projeto da Ponte Salvador-Itaparica, o pré-candidato afirmou não ver problema em dar continuidade, caso seja uma proposta viável econômica e ambientalmente, e seja realizada com recursos privados.

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A questão cultural também agitou o debate. Questionado sobre a possibilidade de incluir em seus planos a construção de um novo Centro de Convenções na Bahia, Souto agiu com cautela. “Eu prefiro não assumir esse compromisso, mas quero reconhecer o estado de degradação do Centro de Convenções. Se não for possível atender ao turismo com a requalificação, teremos que tomar providências”. O pré-candidato criticou o que ele chamou de desrespeito pelos ícones culturais baianos. “Não entendo a razão para acabar com o Prêmio Jorge Amado de arte e literatura. É só porque foi feito na gestão passada? Tenho a impressão de que a Bahia foi descoberta em 2007. Antes disso, na foi feito. Não podemos esquecer que a iniciativa de implantar o Fundo de Cultura foi nossa”, lembrou.

A construção da Barragem do Rio Colônia em Itajudo Colônia, na qual está previsto o investimento de cerca de R$ 68 milhões, é uma reivindicação antiga da população para solucionar o problema da falta de água em municípios como Itabuna e Itapé. Paulo Souto se comprometeu com o projeto que pode beneficiar 484 mil baianos e contribuir para o desenvolvimento da região.

Ainda em estágio de formulação do programa de governo, o pré-candidato reconheceu que não ponderou sobre as 32 secretarias em atividade no governo atual, enquanto sua gestão contava com 18. “Ainda não me debrucei sobre o problema, mas é um número que me desagrada, não só pela questão financeira, mas também operacional. O importante são os projetos e não o número de secretarias. A minha ideia é modernizar a administração pública” concluiu.

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