A Biblioteca de Comunicação Jorge Calmon, da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), recebeu uma coletânea especializada de 2.436 livros. A doação foi feita nesta quarta-feira (13) pelo jornalista, pesquisador, educador e autor Sérgio Mattos, que integra a diretoria da instituição. Assim como o site que reúne sua obra, a seleta abrange preciosidades e uma das maiores concentrações de periódicos acadêmicos na Bahia. Entre os títulos, há também livros de literatura escritos por biógrafos, contistas, cronistas, poetas, romancistas e jornalistas de várias gerações, em uma importante iniciativa rumo à preservação da memória da comunicação no estado.
A maioria dos livros está autografada pelos autores, o que eleva a estima e o valor individual do acervo. “É impossível quantificar o sentimento que devotei a cada um desses livros, que me acompanharam na vida, como verdadeiros filhos, em minhas conquistas e em meus fracassos. São livros dos quais sinto ciúme, pois fazem parte de minha vida”. Mattos conta que se envolveu sentimentalmente na seleção. “Peguei cada um desses livros, recordando os bons momentos desfrutados em diferentes épocas de minha vida”, confessou. O restante de seu acervo será fracionado entre bibliotecas municipais ou universitárias da Bahia.
Emocionado, Sérgio Mattos recordou um dos principais teóricos da Comunicação no Brasil, o amigo José Marques de Melo, falecido em junho de 2018. Entre as publicações doadas por Mattos está grande parte dos livros escritos e organizados por José Marques, a exemplo da Revista de Comunicação da Intercom, a única revista brasileira de comunicação a ter o reconhecimento do Qualis A e indexação internacional. “Foi o primeiro doutor em Jornalismo do país, um líder da área da comunicação a quem devemos tudo o que conseguimos no que diz respeito ao reconhecimento da importância de nossa área no Brasil”, destacou.
- Leia aqui a íntegra do pronunciamento de Sérgio Mattos
“Minha expectativa é que, aqui na ABI, meus livros serão bem tratados e terão condições de melhor servir à comunidade e aos pesquisadores do que se permanecessem trancados em meu gabinete”, ponderou. “Sinto-me renascer com esta doação, pois estou compartilhando pedaços de minha vida com vocês”. O professor manifestou ainda o desejo de que seu gesto acelere as obras do Museu de Imprensa e a expansão da Biblioteca Jorge Calmon, onde também se encontram acervos doados pelas famílias de João Falcão, Walter da Silveira e José Augusto Berbert de Castro.
Na primeira reunião de diretoria em 2019, o presidente da ABI, Walter Pinheiro, registrou os agradecimentos pela doação. “Esse acervo que ele encaminhou para a nossa guarda é uma parte da sua alma, uma parte da sua vida muito bem registrada”, afirmou. O dirigente ressaltou o privilégio de conviver com Mattos. “Sempre tivemos a convicção daquilo que Sérgio Mattos, um cearense que veio emprestado e que aqui ficou baiano, é para a nossa cultura e para a imprensa baiana. A ABI tem a obrigação de zelar por esse patrimônio”, disse.
“Sérgio nos doa um tesouro. Mas o maior tesouro que essa doação traz é esse imenso sentimento dele, é muito coração”, comentou o diretor de Patrimônio da ABI, Luís Guilherme Pontes Tavares. Para Valber Carvalho, diretor de Comunicação da ABI e ex-aluno de Sérgio, o acervo vai atrair cada vez mais estudantes para a Biblioteca Jorge Calmon, pois a seleta é composta por documentos que não são facilmente encontrados. “Dá para ver que ele está emocionado. Ter livros guardados, escolhê-los, demanda tempo e carinho. A gente agradece, fica feliz por esse compartilhamento”, concluiu o jornalista.
Quem também fez uma importante doação à ABI foi o advogado Antonio Luiz Calmon Teixeira. Ele se associou às comemorações dos 170 anos do nascimento de Ruy Barbosa, que ocorrerá em novembro, e ofertou à Associação um DVD da filmagem “Volta de Ruy à terra natal”. Segundo ele, o vídeo registra o traslado dos restos mortais do jurista para cripta no Fórum Ruy Barbosa, em 1949, ano em que se comemorou os 400 anos de fundação da cidade do Salvador.