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Sinjorba luta para preservar sede e proteger patrimônio da cidade

O edifício Bráulio Xavier, localizado no centro de Salvador, sofre há pelo menos cinco anos com o descaso de um dos proprietários. Sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Bahia (Sinjorba) e do painel “A colonização do Brasil”, de autoria do artista Carybé, o local mostra os efeitos uma infiltração causada pela falta de escoamento da água da chuva no terraço pertencente a um condômino. A situação vem sendo denunciada pelo Sinjorba, que precisou recorrer à Justiça para conseguir as providências necessárias. 

O mofo nas paredes do Sinjorba | Foto: Paula Fróes

Por meio de nota, o Sinjorba descreveu os danos já causados à sua sede por conta desse descaso: infiltração em todas as paredes, goteiras, quebra do piso de cerâmica, um curto-circuito na rede elétrica e a perda de um computador por conta da umidade. Em julho do ano passado, um alagamento se somou ao mofo que toma conta do local, o que acarretou em algumas perdas do acervo de documentos e publicações da entidade. Atualmente, a entidade reduziu o tempo de funcionamento por conta das condições e estuda sair do local. 

“O problema já vem de alguns anos e o condomínio não consegue que o responsável tome as providências necessárias”, denuncia Moacy Neves, presidente do Sinjorba. Desde 2016 há uma ação em curso do condomínio contra o proprietário, o senhor Raimundo dos Santos Moreira, e mais dois sócios. Apesar de ter sido concedida uma liminar exigindo uma série de reparos no andar, os responsáveis não cumpriram com todas as exigências, o que fez com que o problema persistisse. Em julho deste ano, o condomínio incluiu uma nova petição no processo para mostrar os danos causados. 

O edifício Bráulio Xavier | Foto via jornal A Tarde

O Sinjorba também moveu uma ação por danos moral e material contra o condômino. Moacy relata que as tentativas de comunicação com Raimundo não têm sucesso. O sindicato também está se mobilizando para contratar uma empresa para realizar um laudo técnico das instalações. 

Além do dano à sede, que é o único bem do sindicato, existe o risco em torno do painel de Carybé, instalado no edifício em 1964.  Para o sindicalista, Salvador corre o risco de perder esse monumento. “Trata-se de um dos mais belos registros do artista em Salvador, em uma área turística que está sendo revitalizada, com a abertura de hotéis, obras públicas e reforma de prédios antigos”, destaca. O painel foi tombado como patrimônio cultural pela Fundação Gregório de Matos em janeiro de 2020. 

O painel de Carybé foi instalado em 64 | Foto: Reprodução

“A colonização do Brasil” faz parte de um conjunto de obras de Carybé espalhado pela cidade. Clisiso Santos, professor universitário e doutorando em História pela UFBA, explica que a exposição das artes ao ar livre é uma das marcas do trabalho do artista. “A obra ganha importância especialmente por ser pública, no sentido de que a população de Salvador tem uma carência muito grande de acesso às artes. Então, há essa exposição pública que dialoga com a cidade, com o vento, com o tempo. Especialmente nessa rua, a obra estabelece dialogo com a história da cidade e da construção da Bahia”, comenta.

A pedido da Fundação, a Defesa Civil de Salvador (Codesal) realizou uma vistoria no edifício, feita no final de agosto. Foram constatadas manchas causadas pela infiltração nos pavimentos, queda de pastilhas da fachada e corrosão de elementos do concreto armado no quarto e no quinto andar. 

A Fundação Gregório de Matos informou que a responsabilidade de preservação da obra é do edifício.

Informações do Sinjorba e do jornal Correio*.

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