Aloísio da Franca Rocha Filho*
“Solitário do lado de fora…”
Solitário do lado de fora
percebo dentro de ti ainda
o que restou de nós…
fragmentos…
não têm centro…
caem pela tangente dos teus olhos
inteiros…
tua alma…teu doce sorriso
me animava
e das perguntas do meu semblante
respostas mudas valiam menos
do que beijos…
eles me convenciam mais
torci para que perdesses
o trem
preferiste ganhar os trilhos
na estação do aceno vão…
e… enquanto…
enquanto o trem apitava…
suas rodas de aço
sobre trilhos… sobre dormentes…
ensaiavam as primeiras notas
de sua antiga cantiga…
“café com pão
manteiga não…”
“café com pão
manteiga não…”
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“Em algum lugar…”
Em algum lugar
onde a vida não seja um sopro
e reine um silencio total
para um homem
qualquer, existe?
Metafísica…
metafísica do
silencio total
jamais escutei
esse a b s o l u t o…
quem já o ouviu?
voo raso de uma vespa-fada voadora
derrubaria seu
reino…
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“No banco do jardim um…”
no banco do jardim um velhinho
cabeça toda branca descansa
os passantes olham-no
como a dizer
a vida é longa…
fotografam…
soprando o vento a favor ali
e contra eles o futuro próximo
se lograrem aqueles fios brancos…
quão breve a vida…
dirão
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*Aloisio da Franca Rocha Filho é professor e jornalista; ex-diretor da Associação Bahiana Imprensa (ABI)