Quem disse que criança não gosta de museu? Os espaços culturais da ABI provam o contrário. Nesta quarta-feira (02/08), foi a vez das turmas do 6º ano da Escola SESI Candeias, na Região Metropolitana de Salvador, conhecerem os espaços culturais da Associação Bahiana de Imprensa.
Durante uma aula de campo interdisciplinar, cerca de 150 estudantes com idades entre 10 e 12 anos percorreram a exposição Ginga Nagô, no Museu de Imprensa, conheceram a rotina de um laboratório de restauro, viram uma coleção de máquinas antigas, na Biblioteca de Comunicação Jorge Calmon, e se impressionaram com a beleza da cidade, ao vê-la a partir do Auditório Samuel Celestino, no oitavo andar do edifício-sede da instituição.
As atividades foram supervisionadas pelo diretor de Cultura da ABI, o jornalista e publicitário Nelson Cadena. O pesquisador guiou a garotada por uma espécie de túnel do tempo, explicando a evolução das máquinas de datilografia. Enquanto isso, a assistente de biblioteca Débora Muniz, graduanda em História, apresentava o acervo; à bibliotecária da ABI, Valésia Vitória coube mostrar a Galeria de ex-presidentes.
No Museu de Imprensa, o assistente Pablo Souza, pesquisador e estudante de História, contou detalhes sobre os cliques de Anízio Carvalho. Já na reserva técnica do espaço cultural, a museóloga Renata Santos e a técnica em restauro Marilene Rosa mataram curiosidades sobre o processo de tratamento dos acervos.
O tour envolveu ainda outros equipamentos culturais do Centro Histórico de Salvador, como o Museu Tempostal, o Centro Cultural Solar Ferrão, o Museu Eugênio Teixeira Leal e a Casa do Benin.
Aula dinâmica
A Escola SESI Candeias, pertencente à Rede SESI Bahia de Educação, foi fundada em 1991. Atualmente, atende estudantes do 6º ao 9º ano do ensino fundamental, com práticas diferenciadas que envolvem educação tecnológica, científica e empreendedora.
A historiadora Naiara Natividade explica que a aula dinâmica e interativa foi pensada para estimular os estudantes no processo de aprendizagem. “Essa visita é uma possibilidade de ampliar os espaços de educação. O Centro Histórico é rico em espaços culturais. Lembramos do Museu de Imprensa justamente pela riqueza do acervo”, salienta.
“A fotografia é uma grande fonte histórica. Eles precisam ter essa percepção de que a fotografia traz informações sobre os lugares, contexto histórico em diferentes períodos”. Segundo a professora, depois das visitas, será promovida uma atividade com uma ficha de observação, que resultará em um grande painel sobre todas as visitas.
Se depender de Hayana Carvalho, de 11 anos, a missão será cumprida. De bloquinho e caneta na mão, ela não perdia um detalhe sequer. Hayana destoava da maioria da turma, que, com smartphones, documentava o passeio. “As fotos são lindas, imagens chamam a minha atenção. Alguns traços das pessoas podem contar o que aconteceu com elas”, observa.
Ana Carolina, de 12 anos, se encantou com as câmaras do fotojornalista Anízio Carvalho. “Eu nunca tinha visitado um museu aqui em Salvador. Achei muito interessante a foto da rede que voltou do mar vazia, sem esperança. Ou as imagens que mostram os políticos”.
Se a “puxada de rede” impressionou Ana, para João Pedro, de 11 anos, a foto mais bonita é a que Anízio retratou uma lavadeira na Lagoa do Abaeté, em Itapuã. Ele ficou um tempo parado, observando a fotografia. “Estou achando muito legal. Essas fotos mostram a história da Bahia, a cultura negra, pessoas famosas como Pelé. É um lugar ótimo de se visitar”, destaca.
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A pedagoga Marivalda Conceição atua com atendimento educacional especializado. Para ela, uma proposta pedagógica diferenciada possibilita o exercício consciente da cidadania. “É importante esse resgate da nossa história e cultura. É a primeira vez de muitos desses garotos em museus. Compartilha essas experiências revoluciona o aprendizado”, opina.
“Quando os meninos saem da sala de aula, eles têm oportunidade de vivenciar novas experiências. Aqui, eles viram a história através da imprensa”, reflete Sara Lima. Professora de Língua Portuguesa, ela aproveita toda chance de ensinar no contexto real. “No meu campo, qualquer texto é válido, seja imagético ou com letras, linguagem verbal ou não verbal. Isso possibilita enriquecer o vocabulário. O aluno vai ver uma máquina de datilografar. Como eu explico? ‘É um computador antigo, que serve só para escrever’”, brinca a docente.
“Cada lugar que a gente passar, eu vou tentar fazer esse resgate histórico e escrito, porque no dia a dia a gente perde muito”, afirma. Para Sara, o WhatsApp “é uma ferramenta maravilhosa”, mas o uso predominante da função de áudio em detrimento da escrita tem prejudicado o desenvolvimento dessa habilidade. “Quero mostrar para eles que a escrita tem lugar em nossa sociedade. E tem lugar antigo”, completa.
📌 O Museu de Imprensa da ABI está situado no térreo do Edifício Ranulfo Oliveira, sede da ABI, na Praça da Sé – Centro Histórico de Salvador. Rua Guedes de Brito, 1. O acesso é gratuito e o agendamento pode ser feito por meio do endereço: <[email protected]>. Funcionamento: Seg a sexta, 9h-16h30.