O Grupo Band Bahia faria, nesta terça-feira (20), a doação para a Associação Bahiana de Imprensa (ABI) de duas obras de arte alusivas ao centenário do rádio no Brasil, comemorado este ano. O ato, no entanto, precisou ser adiado a pedido da direção da Band Bahia. As peças, originalmente encomendadas pela empresa de comunicação, são de autoria dos artistas baianos Marepe e Bel Borba.
A doação ainda não tem uma nova data para ocorrer, mas será realizada no Museu de Imprensa, no térreo da sede da ABI, onde as obras devem ser conservadas e expostas. No ato, o presidente da diretoria executiva da ABI, Ernesto Marques, receberá as peças das mãos de Augusto Correia, diretor do Grupo Band Bahia e presidente do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Estado da Bahia (Serteb).
SERVIÇO O que: doação de obras do Grupo Band Bahia ao acervo da ABI Quando: ADIADO Onde: Museu da Imprensa. Rua Guedes de Brito, 1, Térreo, Praça da Sé
De olhos atentos, as crianças e adolescentes do Projeto Axé acompanharam todos os detalhes do filme Medida Provisória, exibido na manhã desta sexta-feira (23) pelo Museu de Imprensa da ABI, como parte da programação da 16ª Primavera dos Museus. Após as sessões matutina e vespertina, os jovens conversaram sobre a obra com o pesquisador e graduando em História, Pablo Sousa, que atua também como estagiário do Museu de Imprensa e da Fundação Pedro Calmon.
Com um elenco rico de expoentes do cinema nacional, o filme Medida Provisória, oficialmente lançado em abril de 2022, é ambientado num Brasil futurista mas não muito distante. Na trama, uma inciativa de reparação pelo passado escravocrata provoca uma reação no Congresso Nacional, que aprova uma medida provisória, para enviar todos os cidadãos negros para o continente africano. O longa é uma adaptação da peça Namíbia, Não!, uma tragicomédia escrita por Aldri Anunciação – e que Lázaro Ramos já dirigiu no teatro -, em torno de temas como reparação, representatividade e com potentes discussões sobre racismo e as tensões sociais no país.
“Me identifiquei bastante com o filme, me vi dentro da história, principalmete com ‘Antonio’ [personagem do ator Alfred Enoch], porque as pessoas desacreditavam dele por causa da cor da pele. Já aconteceram alguns fatos comigo, mas aprendi a ser forte contra isso. Cabeça erguida sempre e correr atrás dos meus sonhos”, reflete Davi Pereira, de 16 anos. O jovem morador do Campo da Pólvora chegou ao Projeto Axé há quase cinco anos. “A parte que eu mais gosto é a arte, fazer máscaras, pintura do quadro…”, detalha o educando do projeto, que promove o resgate social de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade socioeconômica em Salvador.
Isabela Santos, de 18 anos, confessa que ficou muito emocionada com o filme. “Nós, negros, precisamos lutar pelos nossos direitos. Me identifiquei muito com história”. Isa faz parte do Projeto Axé desde os oito. No Projeto Axé, ela aprendeu muitas coisas, uma delas foi lutar pelo que quer. “Minha área preferida lá é moda, gosto de costurar, mexer com arte. A minha experiência é muito boa. Entrei para aprender alguma coisa, me profissionalizar”, lembra a estudante.
O professor Carlos Victor Pereira, licenciado em Desenho e Artes Plásticas pela UFBA, explica que o Projeto Axé não é como uma escola do ensino formal, trabalha com turmas multisseriadas. Mas é exigência do projeto que todos os estudantes estejam frequentando a escola no turno oposto às aulas na unidade educativa. Segundo ele, é na oficina de experimentação que os alunos desenvolvem os primeiros contatos com as artes visuais.
Carlos Victor atua há quatro anos no projeto e parabenizou a iniciativa do Museu de Imprensa da ABI. “É muito importante que esses espaços de cultura, de produção cultural, tenha um diálogo com a comunidade e Projeto Axé faz parte dessa comunidade do Centro Histórico junto com a ABI. Construímos durante os 365 dias do ano essas parcerias, essas trocas. Ficamos muito felizes quando vimos que a ABI havia proposto essa atividade”, disse.
“Enquanto espaços de produção de cultura, temos um papel muito fundamental de discussão das questões raciais, sobretudo porque nossos educandos são meninos e meninas de periferia. É preciso que eles saibam dessa história que não foi contada. Às vezes, eles acham que vão ficar restritos àquela comunidade de origem, sem perspectiva de futuro. O filme, sem dúvida, é um mote reflexivo para eles. A gente já estava planejando fazer uma sessão com esse filme”, afirma o artista visual. Em breve, o Projeto Axé vai contar com um laboratório de audiovisual.
Debatee outras atividades
A abertura das atividades do Museu de Imprensa da ABI no âmbito da Primavera dos Museus foi com a roda de conversa “200 anos da Independência e outras histórias”. Sob a mediação do 1º vice-presidente da ABI, Luís Guilherme Pontes Tavares, a discussão reuniu o publicitário e pesquisador Nelson Cadena, diretor de Cultura da ABI, Pablo Sousa e Débora Muniz, ambos graduandos em História. (Assista parte 1 e parte 2)
Nos dias 21 e 22, turmas do Projeto Axé foram recebidas no auditório da ABI para atividades como contação de história e confecção da boneca Abayomi. No dia 21, o jornalista e escritor Ricardo Ishmael apresentou para os educandos seu terceiro livro infantojuvenil, “Deu a Louca na Bicharada”, que conta a história de Dudu, um menino negro vítima de bullying, e a sua relação com “bichos falantes”.
Já no dia 22, a professora Telma Holtmann contou a história de Lalá, do livro “A princesa do Olhinho Preguiço”, também de Ricardo Ishmael e com o bullying como tema principal.
De acordo com a educadora, essas bonecas de pano artesanais eram feitas nos navios negreiros por mulheres negras escravizadas, usando pedaços de suas vestes, para acalmar e alegrar suas crianças.
Uma versão própria das Abayomi se popularizou através da artesã maranhense Lena Martins, a partir dos anos 80, como elemento de afirmação dos corpos pretos e exaltação das raízes da cultura brasileira.
As atividades tiveram coordenação de Renata Ramos, museóloga da ABI, com o apoio da técnica em restauro Marilene Rosa.
O Museu de Imprensa da ABI preparou uma agenda especial para o mês de março. A partir do dia 15, o espaço vai promover:
✅ Mini oficina de conservação e higienização documental dos acervos de Walter da Silveira e Glauber Rocha [VAGAS LIMITADAS. Inscrições de 2 a 5 de março].
Facilitadoras: Renata Santos, Marilene Rosa, Marines Paixão e Vanice Modesto
Conteúdo: Ética e a história da preservação |Conservação de documentos raros (manuscritos, cartazes, documentos avulsos impressos e fotografias); Preservação e conservação preventivas; Processos de higienização a seco e aquosos de documentos; Pequenos reparos: veladura e enxertos; Restauração de documentos especiais e muito mais!
✅ Dinâmica do Dado da Paz com estudantes da rede pública de ensino
✅ Sessões de cinema com filmes de Glauber Rocha.
✅ Visitas ao Museu: terças e quintas, das 9h às 15h30; sexta, das 9h às 11h30
As atividades integram a ação de contrapartida do Museu de Imprensa com uso do subsídio pago pela Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura de Salvador, por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc (Chamada Pública 004/2020 Mapa Cultural de Salvador), recursos da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal.
O Mapa Cultural auxilia o município a distribuir os subsídios financeiros previstos pela Lei Aldir Blanc para manutenção de espaços, instituições, organizações comunitários, cooperativas e empresas culturais que tiveram suas atividades interrompidas por conta da pandemia.
Devido às medidas sanitárias, as vagas para as atividades são limitadas. Quem tiver interesse em participar, deve entrar em contato através do email: [email protected]
Turistas ou moradores de Salvador têm bons motivos para conhecer o Museu de Imprensa, que está com uma estrutura nova desde o segundo semestre de 2020. Depois de subir o Elevador Lacerda e andar pela Praça Municipal em direção ao Pelourinho, chega-se à Praça da Sé. Por lá, os atrativos são muitos. Uma foto no Monumento da Cruz Caída, quem sabe uma visita ao Palácio Arquiepiscopal de Salvador ou mesmo conhecer a Estátua de Zumbi dos Palmares. Antes de seguir para o Terreiro de Jesus, uma dica: Por ali, na esquina da Praça da Sé com a Rua Guedes de Brito, no térreo do Edifício Ranulfo Oliveira (sede da Associação Bahiana de Imprensa – ABI), está o Museu de Imprensa.
Com instalações modernas, boa iluminação para fotos que destacam as peças em exposição, com acessibilidade e cumprimento dos protocolos sanitários, o equipamento cultural vale ser incluído no roteiro de quem passa pelo Centro Histórico de Salvador. As visitas, que são gratuitas, devem ser preferencialmente agendadas pelo e-mail [email protected] ou WhatsApp 71 99620-4014. Por enquanto, o público pode agendar visita nas terças e quintas, das 9h às 15h30, e às sextas, das 9h às 11h30. Em breve será divulgada uma programação especial para o mês de março.
Aqui vão cinco dicas do porquê ir e como aproveitar melhor a visita ao local. E mais três dicas bônus!
1. Lembre-se do tempo em que os equipamentos dos jornalistas estavam longe de caber no bolso
O Museu de Imprensa guarda e registra informações de equipamentos que já foram essenciais para os profissionais de comunicação. No museu, é possível ver e fotografar um gramofone e um enorme equipamento fotográfico que pertenciam ao empresário Eduardo Morais de Castro. Há máquinas de datilografia e caneta tinteiro, além de um rádio que pertenceu à avó do jornalista e pesquisador Luís Guilherme Pontes Tavares, Antônia Serra Pontes. O equipamento da marca inglesa Mullard (modelo R1200u), fabricado na primeira metade do século XX, ainda sintoniza ondas AM.
2. Rememore títulos e capas de revistas e jornais que marcaram época
Dezenas de fotografias e originais de publicações raras compõem a exposição permanente. É um mergulho nas capas de revistas e jornais que têm chamado a atenção de historiadores e amantes do jornalismo que visitam o local, a exemplo da famosa revista Única (1929 – 1972), das revistas Neon (1999) e Axé Bahia (1981), além de jornais como Folha do Roceiro, O imparcial (1918 – 1947), O Inimigo e A Cachoeira.
3. Em um giro, mergulhe na história da imprensa e dos diferentes suportes
Cerca de 150 fotografias e painéis com textos do jornalista e pesquisador Nelson Cadena – que é o curador da exposição – permitem um rápido passeio pela história da imprensa na Bahia. Os painéis passam pela memória do rádio, os tempos de ouro da TV, a imprensa especializada e alternativa e muito mais. O foco é contar essas histórias principalmente através das primeiras publicações. Dá para também conhecer a história da própria ABI nos últimos 90 anos.
4. Conheça a versão jornalista de Ruy Barbosa
A exposição também resgata a trajetória de Ruy Barbosa através de sua atuação jornalística, ressaltando sua representatividade na imprensa baiana e brasileira. Há um busto do famoso jurista exposto no museu. Se visitar o segundo andar do prédio, fique atento também a tantas outras figuras homenageadas nas paredes da sede da ABI. A entidade, por exemplo, guarda um retrato do jornalista Cipriano Barata, de autoria de Henrique Passos.
5. Troque uma ideia com profissionais especializados
Na visita, se tiver oportunidade, não deixe de matar as curiosidades que tiver com a museóloga Renata Ramos ou com a técnica em restauro Marilene Rosa. Elas tocam o moderno laboratório de restauração e conservação que funciona no local – estando no museu e olhando para cima, é possível ver uma parede de vidro onde o laboratório funciona. Elas sabem de tudo um pouco sobre conservação e restauração de jornais e livros e conhecem as peças mais raras guardadas no local. Pesquisadores e estudantes podem solicitar uma visita especial ao laboratório para fins acadêmicos. No segundo andar, não passe sem papear com a simpática bibliotecária Valésia Oliveira, que sabe de onde vieram praticamente todos os livros e também pode fazer indicações para uma leitura rápida no local.
+Bônus
6. Sinta-se íntimo de intelectuais baianos visitando suas bibliotecas pessoais
Aproveitando que já está na sede da ABI, conheça a biblioteca que foi inaugurada em 1973, e fica atualmente no segundo andar do prédio (que conta com elevador). Vale conferir e fazer uma foto no painel sobre Jorge Calmon, que dá nome à biblioteca e fica logo na entrada. Além de livros raros e documentos históricos, a ABI conserva e guarda livros que foram das bibliotecas pessoais de jornalistas como Jorge Calmon, João Falcão e Berbert de Castro. Pesquisadores também podem pedir para ter acesso direto às publicações. A biblioteca tem como especialização livros de comunicação, embora já tenha extrapolado esse interesse ao receber acervos diversos.
7. Conheça um dos principais acervos de Walter da Silveira do país
Os cinéfilos devem dar uma atenção especial para o acervo de Walter da Silveira. A biblioteca que o crítico de cinema e escritor mantinha em um escritório anexo ao apartamento em que ele vivia, no bairro da Graça, em Salvador, hoje está sob guarda da ABI. Faz parte do material centenas de livros, coleções de revistas especializadas, discos de vinil, fotografias, além de registros com Jorge Amado, livros autografados por Vinicius de Moraes e correspondências trocadas com Carlos Drummond de Andrade.
8. Não deixe de fazer uns stories da vista privilegiada do Centro Histórico e da Baía de Todos os Santos
O Edifício Ranulfo Oliveira, sede da ABI, merece uma atenção especial por sua arquitetura e localização privilegiada. Ele foi projetado entre 1945 e 1951. É uma edificação de arquitetura moderna estilo Le Corbusier, com uma fachada de janelas contínuas, estruturas em pilotis, cobogós e um terraço com um painel de Mário Cravo Júnior. No oitavo andar, onde funciona um auditório da instituição, os visitantes têm uma vista privilegiada do Centro Histórico. Se tiver rolando algum evento por lá, não deixe de passar na varanda do auditório e fazer uma foto e marcar o @abi_bahia contando o que achou da visita.