ABI BAHIANA

Com votação híbrida, ABI elege e empossa nova diretoria

Nesta quarta-feira (30), em clima de harmonia e com os olhos atentos no futuro da imprensa baiana, os associados da ABI elegeram a chapa #DemocraciaViva. A votação ocorreu em formato híbrido, com participação presencial na sede da ABI e online por meio do Zoom. Pela manhã, a sessão foi aberta pelo atual presidente da Assembleia Geral, Walter Pinheiro. Na reunião, também foi lembrada a importância do Senado da ABI para a instituição e prestadas homenagens. Com a presença de Florisvaldo Mattos, Valter Lessa, Jorge Vital de Lima e Anísio de Carvalho, o recém-reeleito presidente executivo, Ernesto Marques, se emocionou ao lembrar da importância dos mais velhos para a história da imprensa baiana.

O processo se estendeu até o final da tarde, sendo seguido pela cerimônia de posse na qual profissionais da imprensa, autoridades públicas e representantes do segmento da cultura celebraram a passagem de bastão para a nova diretoria. Em decorrência das medidas contra a Covid-19, a maior parte da votação ocorreu de forma online. No decorrer do dia, a votação transcorreu de forma tranquila. O encontro contou com mais de 79 presenças simultâneas e presencialmente, sendo que 23 associados aptos a votar foram recebidos na sede.

Essa foi a primeira eleição na ABI sob o novo Estatuto, formalizando novidades como a transformação dos antigos departamentos de Cultura e de Divulgação em diretorias e a criação de diretorias estratégicas para a atuação da entidade em defesa da liberdade de imprensa e da democracia. Dentre os nomes que chegaram para renovar o quadro diretivo estão Jaciara Santos, Luiz Fernando Lima, Mara Santana e Emiliano José. Além do jornalista Yuri Silva, que assume a Diretoria de Defesa da Liberdade de Informação e dos Direitos Humanos.

A Assembleia teve a ampla participação de antigos representantes das extintas seccionais, que serão reformuladas para interação direta da ABI com associados do interior, sinalizando o compromisso de seguir contribuindo com a entidade. As Disposições Transitórias do novo Estatuto definem o rito para o estabelecimento do novo modelo de representação regional. As assembleias regionais vão escolher seus representantes, que passarão a integrar a Diretoria, com mandato até 10 de setembro de 2025.

Durante um emocionado discurso de posse, Ernesto Marques reforçou as propostas apresentadas pela chapa e falou sobre o futuro da ABI. O jornalista e radialista afirmou que esta foi uma eleição cheia de significados, pois, segundo ele, consolida o processo de transição iniciado sob a presidência de Walter Pinheiro. “Que a gente se esforce para manter isso aqui como um templo à democracia, um lugar onde se possa discutir qualquer assunto. Um lugar onde o contraditório possa sim se afirmar e em voz alta, se for o caso. Onde se faça o debate com calor, se for o caso. Mas sem que isso, em hipótese alguma, signifique qualquer tipo de ultrapassagem a civilidade e o limite da boa convivência”.

Presidente da Assembleia Geral, Walter Pinheiro finalizou a sessão ressaltando a participação dos associados e confirmando mais uma vez o compromisso dos membros da nova Diretoria com a ABI. “Queria, de minha parte, agradecer novamente pelo apoio e confiança dos meus companheiros e parabenizar todos os que estão aqui e aqueles que integram a chapa, pensando no desenvolvimento da nossa ABI”.

  • Confira abaixo a composição da Diretoria eleita para o triênio 2022-2025:

ASSEMBLEIA GERAL

Presidente – Walter Pinheiro
Vice-presidente – Sérgio Mattos
Secretária – Heloisa Sampaio

Suplentes
Wilson Midlej
Raimundo Vieira

DIRETORIA EXECUTIVA

Presidente – Ernesto Marques
1º vice-presidente – Luis Guilherme Pontes Tavares
2ª vice-presidente – Suely Temporal
1ª secretária – Amália Casal
2ª secretária – Jorge Ramos
Diretor de Finanças – Antônio Matos
Vice-diretora de Finanças – Sara Barnuevo
Diretor de Defesa DI/DH – Yuri Silva
Diretor de Cultura – Nelson Cadena
Diretor Social – Nelson José de Carvalho
Diretor de Patrimônio – Raimundo Marinho
Diretora de Comunicação – Jaciara Santos

Suplentes
Luiz Fernando Lima
Mara Santana

CONSELHO CONSULTIVO

Titulares
Suzana Alice Pereira
Joaci Góes
Emiliano José

Suplentes
Jolivaldo Freitas
Luiz Nova

CONSELHO FISCAL

Titulares
Simone Ribeiro
Pedro Daltro
Romário Costa Gomes

Suplentes
Valter Xéu
Luiz Hermano
Valber Carvalho

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ABI BAHIANA

ABI elegerá nova diretoria no dia 30 de novembro

No dia 30 de novembro, uma Assembleia Geral Extraordinária eleitoral vai eleger a diretoria para o período de 2022-2025. Será a primeira eleição na ABI sob o novo Estatuto, resultado de um longo processo de debates internos. Entre outras inovações, o novo texto transforma os antigos departamentos de Cultura e de Divulgação em diretorias, cria diretorias estratégicas para a atuação da entidade em defesa da liberdade de imprensa e da democracia. A votação ocorre em formato híbrido, com seção presencial na sede da instituição e online por meio do Zoom.

#DemocraciaViva, única chapa a concorrer à Diretoria da ABI para o triênio, traz profissionais com atuações importantes. Dentre eles o jornalista Yuri Silva, que assumirá a Diretoria de Defesa da Liberdade de Informação e dos Direitos Humanos. Outros nomes que chegam para renovar o quadro diretivo são Jaciara Santos, Luiz Fernando Lima, Mara Santana e Emiliano José.

À Diretoria eleita em 30 de novembro se somarão os novos representantes das antigas seccionais, que serão reformuladas com a participação direta de associados do interior. O rito está definido nas Disposições Transitórias do novo Estatuto, com previsão de validação da nova forma de representação regional numa Assembleia Geral convocada especificamente para este fim. As assembleias regionais vão escolher seus representantes, que passarão a integrar a Diretoria, com mandato até 10 de setembro de 2025.

A chapa #DemocraciaViva traz como epígrafe uma frase do jornalista e jurista baiano Ruy Barbosa: “A liberdade não é um luxo dos tempos de bonança; é, sobretudo, o maior elemento de estabilidade das instituições”.

Para Ernesto Marques, presidente da ABI e candidato à reeleição, o pensamento do Águia de Haia sintetiza a missão da entidade, em sua luta permanente pela manutenção do Estado de Direito e pelos valores democráticos.

Quem pode votar

Podem votar associados(as) que tenham sido admitidos pela ABI há mais de 60 dias, que estejam com o cadastro atualizado e em dia com as obrigações estatutárias (art. 37).

Quer regularizar a sua situação? Entre em contato com a Secretaria: 71 3322-6903 |[email protected] | [email protected]

O que você precisa saber sobre o processo eleitoral

– Início às 10h

– A votação acontece no dia 30 de novembro, quarta-feira

– Local:

a) Presencial: Rua Guedes de Brito, 1 – Praça da Sé, 2º andar, Edifício Ranulfo Oliveira

b) Online via Zoom – O link-convite é pessoal e será fornecido pela Secretaria da ABI. Certifique-se de ter o aplicativo no seu celular ou computador.

  • Segue abaixo a composição da Chapa #DemocraciaViva

ASSEMBLEIA GERAL

Presidente – Walter Pinheiro
Vice-presidente – Sérgio Mattos
Secretária – Heloisa Sampaio

Suplentes
Wilson Midlej
Raimundo Vieira

DIRETORIA EXECUTIVA

Presidente – Ernesto Marques
1º vice-presidente – Luis Guilherme Pontes Tavares
2ª vice-presidente – Suely Temporal
1ª secretária – Amália Casal
2ª secretária – Jorge Ramos
Diretor de Finanças – Antônio Matos
Vice-diretora de Finanças – Sara Barnuevo
Diretor de Defesa DI/DH – Yuri Silva
Diretor de Cultura – Nelson Cadena
Diretor Social – Nelson José de Carvalho
Diretor de Patrimônio – Raimundo Marinho
Diretora de Comunicação – Jaciara Santos

Suplentes
Luiz Fernando Lima
Mara Santana

CONSELHO CONSULTIVO

Titulares
Suzana Alice Pereira
Joaci Góes
Emiliano José

Suplentes
Jolivaldo Freitas
Luiz Nova

CONSELHO FISCAL

Titulares
Simone Ribeiro
Pedro Daltro
Romário Costa Gomes

Suplentes
Valter Xéu
Luiz Hermano
Valber Carvalho




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“Vozes da Negritude” expõe desafios para uma sociedade antirracista

Saúde, engenharia, química, tecnologia. Cientistas e inventores negros foram silenciados por uma narrativa que sempre retratou o continente africano como lugar de sofrimento, de miséria, impondo a seus descendentes a invisibilidade nos diversos campos do saber. Aos poucos, intelectuais pretos emergem e buscam descortinar a história preta.

Para fortalecer o diálogo antirracista e o empoderamento negro, a Associação Bahiana de Imprensa promoveu em sua sede o especial “Vozes da Negritude”. O ciclo de palestras recebeu, nos dias 22 e 23, jornalistas, professores, estudantes, funcionários e diretores da ABI, em uma potente celebração do mês da Consciência Negra.

O evento foi organizado pelas equipes da Biblioteca de Comunicação Jorge Calmon e do Museu de Imprensa, espaços culturais da ABI, como forma de popularizar o debate sobre diversidade e representatividade preta. A iniciativa reforça o compromisso cultural, social e político da Associação como uma ferramenta de divulgação e promoção do debate público.

VOZES

No primeiro dia, a mesa “Vivências e Empoderamento Negro” abordou os desafios da juventude negra nos âmbitos social, educacional, profissional e político no Brasil.

A atividade contou com Carlos Sacramento, professor de História, participante do curso de História da Arte Africana e Afro-Brasileira pelo Centro de Memória da Bahia; Carlos Victor Pereira, mestrando em História da Arte e professor de Artes Visuais; a publicitária e jornalista Regina Moura, gestora de Produção Executiva e Comunicação do Projeto Axé; e Amanda Soares, ativista social, uma das idealizadoras do grupo “Roda de Samba de Mulheres de Itapuã.

Os palestrantes estabeleceram importantes trocas com os jovens do Projeto Axé, ao contarem um pouco da sua trajetória, entre conselhos e orientações.

O professor Carlos Sacramento relatou ter sido vítima de abordagens violentas por parte da polícia, quando era adolescente. Ele enfatizou que, para jovens negros, estar na rua já era um ato de perigo e pouca coisa mudou. Sacramento também externou o seu incômodo com a cobertura midiática acerca de indivíduos negros. “A gente precisa de uma imprensa libertadora”, defendeu Carlos Sacramento.

Para Amanda Soares, a imprensa precisa se perguntar que tipo de jornalismo ela está fazendo, quando aborda o povo preto. “Ela tem que contar a nossa história, porque precisamos nos ver de outra forma na televisão. Quando falamos de vozes negras, em novembro ou em qualquer mês, devemos falar de nossas conquistas. Sentamos muito para falar de nossas dores. Estar nessa casa agora falando é uma conquista para mim”, ressaltou.

Aos 12 anos, Amanda Soares atravessou uma fase difícil. Mas teve a vida transformada depois de assistir a uma peça no Espaço Xisto Bahia, a convite de uma professora. “Ela transformou a minha vida com um passeio de escola”, lembra.

Ela também veio do ensino público, foi aluna de projetos sociais. “Eu ia pela manhã para a escola e ficava para a aula de teatro, computação e tudo o que fosse ofertado. Eu sou filha desses projetos”. Hoje, trabalha com música. “Tive que romper muitas barreiras. O ‘não’ é a minha motivação. Diziam ‘mulher não rege bateria de escola de samba’, eu virei regente. ‘Mulher não dirige grupo’, eu me tornei diretora”, ela ri.

A jornalista e publicitária Regina Moura fez um resgate da história do Projeto Axé, desde a sua criação, em 1990, pelo italiano Cesare La Rocca, passando por suas principais realizações. De acordo com a jornalista, a instituição incentiva os educandos a acreditarem nos seus sonhos. “Desejem realizar sonhos. É isso que significa resistir e persistir”.

“Persistência” poderia ser o sobrenome do professor de Artes Visuais do Projeto Axé. “Por mais que preguem que a universidade não é o nosso lugar, através da educação eu consegui estar aqui. Através dela, podemos ver que essa narrativa que nos foi imposta não é verdadeira. Precisamos criar novas narrativas e quebrar o sistema”, afirmou Carlos Victor.

Estudante do Axé há cerca de cinco anos, Gerson Mário, de 16 anos, ouvia atentamente as histórias inspiradoras dos convidados. Em certo momento, ele confessou que às vezes é tomado pelo medo de não realizar o seu maior sonho, que é ser um grande artista. “Para mim, esse sonho é grande demais. Algumas vezes, eu duvido. Vêm aqueles pensamentos ‘será que eu vou alcançar?’. Aí, eu fico com medo de não dar certo”, disse o jovem.

Carlos Victor aproveitou para encorajar Gerson. “Na sua idade, eu também tinha esse sonho. E todos os dias quando acordo, eu ainda penso ‘será que vou conseguir?’. Mesmo hoje, já tendo livros publicados. O lugar onde estou ainda não é o que eu quero. É difícil. Nós precisamos fazer o triplo do esforço. Estudar, trabalhar, sustentar a família, muitas vezes. Existem outras perspectivas, como a busca por potências que estão dentro da gente”, comentou o designer.

“Tudo que a gente admira quando está desse lado [o de aluno] a gente é. Para todos os nossos sonhos existem caminhos. É difícil, mas a gente também é potência. Somos o legado dos nossos ancestrais. A gente pode tudo. A força, a inteligência estão com a gente. Nossa memória é ferramenta potente”, incentivou Amanda Soares. “Não tem fórmula para pular e dar no grande sonho. É uma conquista a ser construída e nenhuma construção é fácil. Você vai colocar sua energia, animação, profissionalismo e um dia ele chega”, conclui a professora.

Luã Figueredo, de 17 anos, quer dar prosseguimento aos estudos. Para ele, já é uma conquista o fato de estarem estudando, buscando uma vida melhor.

Assistente da Biblioteca da ABI e graduanda em História pela Universidade Federal da Bahia, Débora Muniz foi uma das idealizadoras do evento. “A palestra teve um papel muito importante para entender o quanto fomos silenciados. O Vozes da Negritude cumpriu esse papel de ajudar a romper esse silenciamento, ao não falar só das mazelas, mas das conquistas”. Bastante emocionada, ela narrou as dificuldades que enfrentou na busca por cursar uma universidade pública.

“Eu cheguei a ter preconceito com a Lei de Cotas, não queria entrar por ela, achava que aquilo me diminuía. Só depois que vim tomar consciência do seu potencial de reparação histórica. Existe todo um sistema que trabalha para te fazer achar que a universidade não é o seu lugar”, disse a mediadora.

Ao final da mesa, foi exibido o vídeo “Cota não é esmola”, da cantora Bia Ferreira.

No último dia, a mesa “Por uma educação antirracista” discutiu a importância da formação docente e o papel da educação antirracista no último país a abolir a escravidão. O debate trouxe à ABI a professora Edinelia Maria Oliveira Souza, Dra. em História Social e professora de História da UNEB; e Kleber Amâncio, professor do Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas da UFRB – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e docente do Mestrado Profissional em História da África da Diáspora e dos Povos Indígenas na mesma instituição.

De acordo com a professora Edinelia Souza, a sociedade passa longe de reconhecer que o racismo é um problema estrutural. “A questão do racismo não é um problema do negro, é um problema do branco. Então, é necessário praticar uma educação antirracista, não apenas abordar. Desde o ensino infantil, trazendo as personalidades negras e desconstruindo a imagem dos heróis brancos como inventores da história”, defendeu. “Nossos intelectuais negros ficaram silenciados. Foi para a mulher negra, por exemplo, que a educação chegou mais tarde”. Edinélia falou da importância das políticas afirmativas para oportunizar essa parcela excluída.

O professor Kleber Amâncio falou dos prejuízos causados pela noção eurocêntrica no ensino. “A questão é estrutural. Aquilo que é branco é considerado normal e aquilo que não é branco é considerado exceção”, constatou. “Se você colocar essa exceção em um dia do ano, uma vez no currículo, se torna insustentável, não é suficiente para enfrentar o problema de uma forma radical”, disse.

Ele lembrou que, embora o Brasil não tenha uma lei com o Apartheid, por exemplo, a contravenção prevista no artigo 59 do decreto-lei 3.688 de 1941 – conhecida como “lei da vadiagem” serviu para perseguir pessoas negras, no período de Estado Novo liderado por Getúlio Vargas. Em suas pesquisas, Amâncio notou que 100% das pessoas autuadas com base nessa lei, que tem raízes no Código Criminal do Império, eram negras.

“Precisamos decolonizar os currículos. Educar a população negra é a única forma de ascender. Os intelectuais negros estão nas universidades fazendo o resgate da nossa história. Isso se deve também às cotas. A Lei de Cotas foi o primeiro motivo para o povo negro se afirmar como tal, se reconhecer”, destacou Amâncio.

O debate foi mediado por Pablo Sousa, pesquisador e graduando em História, que atua também como estagiário do Museu de Imprensa e da Fundação Pedro Calmon. Para ele, as falas dos palestrantes possibilitam enxergar um futuro melhor. “Historicamente estamos centrados em uma educação branca, europeia. Trazer professores negros analisando essa temática faz com que seja possível quebrar essa antiga estrutura e valorizar as pessoas negras que vêm construindo a história deste país. Precisamos, sim, de representatividade”.

O evento foi encerrado uma apresentação do Grupo de Teatro da Polícia Militar da Bahia. No espetáculo “África, um conto cantado”, encenado na ABI, o grupo contou com os sargentos Luis Anselmo, Zuleica Gonçalves, PedroTeles, Jeã Paulo, Milena Celina, o Cabo PM Lima Santos e o Sd. PM J. Machado.

“É a polícia militar acreditando em uma nova tecnologia de segurança pública, que é a arte. Porque nós entendemos que ela tem esse poder de chegar onde, muitas vezes, qualquer outra coisa não chega. Onde nos convidarem, onde nos chamarem, nós iremos”, garantiu o autor da peça “África, um conto cantado”, o Cabo PM Lima Santos.

Durante o espetáculo, os artistas cantaram as grandezas de grandes reinos do continente africano, como a história do imperador Mansa Musa, destacado como a pessoa mais rica que o mundo conheceu. O rei esteve à frente do Império de Mali (na região noroeste), no início do século 14, e presenteava em ouro. Para lembrar os feitos de Musa, o grupo distribuiu saquinhos de glitter dourado, simbolizando o estoque de barras de ouro daquele reino. E cada um trazia uma tirinha de papel com uma invenção científica de autoria negra, a exemplo dos travões de automóvel, criados em 1872 por John V. Smith.

“Entendemos que distribuir o nosso ouro é distribuir o conhecimento. Precisamos conhecer a nossa história de potência. A gente abre a geladeira de manhã, bebe uma água e não sabe que quem criou foi o nosso povo. A gente passa pelo semáforo e não sabe que quem criou foi gente nossa. E saibamos de uma vez por todas: a história da África não começa na escravidão. A história da África foi interrompida pela escravidão”, sinaliza o professor.

Para a Sgt. PM Zuleica Gonçalves, a peça é uma aula de história que pode ser apresentada o ano todo. Com o apoio da Secretária de Educação, o grupo se prepara para rodar as escolas da rede pública de ensino, levando os espetáculos.

Segundo ela, o Grupo de Teatro, criado em 1998, segue firme no seu objetivo de ser um elo entre a corporação e a comunidade baiana. Além do espetáculo apresentado na ABI, o grupo encena diversas peças, como “As aventuras de Pedrinho”, “Labirinto”, sobre as consequências do uso e do tráfico de drogas, ou “Pedrinho e a luz da vida”, que aborda a violência sexual contra crianças e adolescentes. “A Polícia Militar da Bahia entende o teatro como ferramenta importante para estreitar os laços com a comunidade. Tenho muito orgulho de integrar esse grupo e poder levar conscientização pela arte”.

Assim como a museóloga da ABI, Renata Santos, a bibliotecária da instituição, Valésia Vitória, estava emocionada durante a peça. “Foi a primeira vez que eu vi um teatro transmitir a realidade dessa maneira, foi muito real. As escolas públicas pouco recebem as informações que eles trouxeram de forma artística. Tem muita coisa que foi guardada, foi escondida de nós”, afirmou.

Confira a galeria de fotos:

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Primeira reunião do “Senado ABI” prioriza o futuro da imprensa e a integração de gerações

Quem tem medo da tecnologia? Com toda certeza não é a turma do “Senado ABI”. O ambiente de interação, onde diretores veteranos vão se reunir para trocar ideias e passar sua expertise para o corpo diretivo, foi consolidado nesta segunda-feira (21). Os jornalistas nonagenários Florisvaldo Mattos, Valter Lessa e Jorge Vital de Lima, com muita disposição e generosidade, assumiram a tarefa de construir um diálogo com os mais jovens. Da sede da ABI, eles sacaram os celulares e se conectaram com o presidente da instituição, Ernesto Marques, via aplicativo de videoconferência.

O encontro em formato híbrido acontece a nove dias da Assembleia Geral Extraordinária, que elegerá a próxima Diretoria da ABI. Os primeiros integrantes do Senado ABI têm importantes atuações na trajetória da Associação – e na imprensa baiana. Agora, eles abriram espaço na chapa única #DemocraciaViva para a renovação do quadro diretivo.

“O Senado é a melhor possibilidade de fazer esse diálogo, da passagem do bastão, de troca de experiência, cultivando o respeito. São nossos mestres”, enfatizou Ernesto Marques, idealizador do espaço, que valoriza o saber de quem ajudou a construir a história da ABI.

Durante a reunião, o Senado ABI refletiu acerca do papel da imprensa, evocou memórias, sugeriu homenagens e propôs medidas para fomentar o relacionamento da ABI com novos associados.

Membro da Diretoria da ABI há mais de 30 anos, o fotojornalista Valter Lessa (90) demonstra entusiasmo com a formação do trio. “Uma das coisas que eu considero mais importantes é selar uma orientação para os mais novos, se aproximar das escolas de comunicação. Eles precisam de uma bússola que possa norteá-los na verdadeira comunicação. Um jornalismo sério, competente e objetivo”, opinou Lessa, titular da Secretaria da Assembleia Geral da ABI. Mestre da fotografia, Lessa é pioneiro nas teleobjetivas e grandes angulares. Seu rico acervo conta com aproximadamente 110 mil fotografias e mais 80 mil ainda não catalogadas.

O conselheiro fiscal da ABI, Jorge Vital, tem uma carreira marcante no jornalismo esportivo. Chegou à ABI ainda na época do ex-presidente Jorge Calmon, no início da década de 70. Aos 92 anos, ele acumula passagens por veículos como o jornal O Momento, Diário da Bahia, Jornal da Bahia e A Tarde. Foi presidente da Associação Bahiana de Cronistas Desportivos (ABCD) e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Bahia (Sinjorba). Para ele, o Senado é uma iniciativa para qual pretende se dedicar. “Eu estou disposto. No que puder fazer, colaborar e contribuir, vamos para frente!”, ressaltou, durante a reunião.

Florisvaldo Mattos, de 90 anos, desempenhou muitas funções no campo da comunicação, em mais de 50 anos no jornalismo profissional. O 2º vice-presidente da atual Diretoria espera continuar passando o seu conhecimento. Como professor na Faculdade de Comunicação da UFBA (Facom), Mattos transmitiu ensinamentos para nomes de destaque na imprensa baiana. “Eu acho que é um momento novo que se instala no universo da nossa ABI”, afirma Flori, com entusiasmo e bom humor.

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