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Comunidade do Centro Histórico discute sustentabilidade social do Pelourinho

“Preservar o Pelô é um gesto de amor” foi a frase que estampou o tapete vermelho estendido da Cantina da Lua até a entrada do Museu Eugênio Teixeira Leal, onde o Projeto Cultural Cantina da Lua, a Associação dos Comerciantes do Centro Histórico de Salvador (Acopelô) e a Sociedade protetora dos Desvalidos e o Montepio dos Artistas promoveram uma reunião de urgência, para discutir a sustentabilidade social do Pelourinho. Na noite desta quarta-feira (30), o encontro, que abordou temas como segurança, mobilidade e combate ao uso de drogas, reuniu moradores, representantes de diversos movimentos sociais, órgãos da administração pública nos âmbitos estadual e municipal, além de outras entidades comprometidas com a revitalização da área.

Tapete estendido na rua da Cantina da Lua exorta comunidade a amar o Pelourinho - Foto: Joseanne Guedes/ABI
Tapete estendido na rua da Cantina da Lua exorta comunidade a amar o Pelourinho – Foto: Joseanne Guedes/ABI

O processo de expansão e ocupação territorial da cidade criou novos bairros, provocando o fenômeno de descentralização e perda de qualidade urbana no Centro Antigo, principalmente a degradação do Centro Histórico, que sofre com o encolhimento dos espaços econômicos. O resultado é um Pelourinho em estado de abandono e comerciantes locais com sérias dificuldades financeiras, moradores e visitantes com seu direito de ir e vir cassado pela insegurança. Apesar de se mostrar um ambiente com um fluxo razoável de pessoas nos períodos de alta estação, os efeitos das políticas públicas adotadas no local não se mostraram suficientes para manter um padrão mínimo de consumo e a consecutiva autossustentabilidade do “Pelô”.

A partir do debate dessas questões, será constituída uma comissão encarregada de elaborar um documento, para cobrar das instituições uma participação mais ativa nas ações sociais voltadas para a área. Segundo o coordenador do Projeto Cultural Cantina da Lua e dirigente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes, Clarindo Silva, é preciso implementar ações concretas para manter o Pelourinho vivo e ativo.

“Os problemas do Pelourinho vão muito além das obras de preservação, iluminação e requalificação de casarões e monumentos. Eu vou pessoalmente, de porta em porta, entregar os convites das reuniões e fiquei muito feliz com a representatividade desta, porque as pessoas estão descrentes com a revitalização do Centro Histórico. Elas não acreditam que as mudanças prometidas sejam possíveis, mas juntos podemos conseguir”, afirma Silva, que está no Terreiro de Jesus há mais de 60 anos lutando pela preservação do Pelourinho.

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Drogas

Pelas ruas do Pelourinho e em seu entorno, é comum encontrar jovens com idade entre 7 a 14 anos envolvidos com o uso ou tráfico de drogas, furtos e prostituição. Um dos precursores das ações em redução de danos na capital baiana, o médico psicanalista Tarcísio de Andrade coordena o programa da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Para ele, um dos principais obstáculos é a falta de comprometimento da gestão pública com o atendimento eficaz ao usuário. “Não existe uma política do Estado nem do município para que haja um cuidado com os usuários de drogas. No CAPSad Gregório de Matos [Centro de Atendimento Psicossocial para Álcool e Drogas], tentamos fazer nosso papel, mas a descontinuidade administrativa prejudica o trabalho. Nesta gestão municipal, o número de profissionais para o atendimento dessas pessoas encolheu”.

Reunião teve expressiva participação de instituições comprometidas com a preservação do Pelourinho - Foto: Joseanne Guedes/ABI
Reunião teve expressiva participação de instituições comprometidas com a preservação do Pelourinho – Foto: Joseanne Guedes/ABI

“Frequento esse local desde a época colegial e, para mim, é dignificante participar de uma reunião para debater a área, mas eu fico triste em ver a situação difícil que encontramos aqui. Recolhi um jovem usuário de crack e depois de horas ele já estava nas ruas novamente. Essas crianças precisam de tratamento, porque não são criminosas, estão doentes. O policiamento nas ruas foi ampliado, mas o poder policial sozinho não pode muito”, afirma o comandante do 18º Batalhão da Polícia Militar da Bahia, tenente-coronel Valter Menezes.

Participaram da reunião representantes das Secretarias de Segurança Pública, Saúde, Cultura e Turismo, a Fundação Gregório de Matos, Ministério Público, Delegacia de Proteção ao Turista, Cedeca, Abrasel – Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, Sindicato dos Guias de Turistas, Associação dos Taxistas, Conselho de Segurança do Centro Histórico, CONDER, IPAC, Centro de Culturas Populares e Identitárias, as Associações dos Moradores do Centro Histórico e dos Barraqueiros do Pelourinho e do Terreiro de Jesus, Associação dos Vendedores Ambulantes e outras entidades preocupadas com o Centro Histórico.

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ABI BAHIANA Notícias

ABI realiza Fórum de Comunicação Social em Feira de Santana

A Seccional Norte/Nordeste da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), com o apoio do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (SINJORBA) e do Sindicato de Radialistas de Feira de Santana realizará o XIV Fórum de Comunicação Social ABI, no próximo dia 2 de agosto, às 8h30, em Feira de Santana (BA). O evento abordará temas como a violência contra jornalistas na Bahia, a imprensa na era digital e a cobertura da Copa 2014, e vai reunir profissionais e estudantes na Associação Comercial e Empresarial de Feira de Santana (ACEFS), com a presença do advogado baiano Antônio Augusto de Aras.  Mais informações: (75) 9134-3791/88078-1026/ E-mail: [email protected]

SERVIÇO

O que: XIV Fórum de Comunicação Social ABI

Quando: Dia 2 de agosto de 2014, às 8h30

Onde: Associação Comercial e Empresarial de Feira de Santana (ACEFS)

 

Confira a programação:

8h30 – Recepção

9h – Abertura: Jair Cezarinho, presidente ABI – Seccional Norte/Nordeste

9h20 – Palestrantes:

  •  Violência contra a liberdade de imprensa na Bahia – Agostinho Muniz (ABI – Associação Bahiana de Imprensa);
  •  Imprensa na era digital – Dilton Coutinho (Acorda Cidade), Ricardo Luzbel (SITE Bahia Notícias – ABI – Presidente – ABJD – Associação Bahiana de Jornalismo Digital), Marcilio Costa (TV Subaé);
  •  Copa do Mundo – 2014 – Jorge Biancchi (De Olho na Cidade)

10h50 – Intervalo

11h – Debate coordenado pelo presidente da Seccional Norte/Nordeste

12h – Encerramento

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Palácio Arquiepiscopal abrigará o primeiro Centro de Referência da História da Igreja Católica do Brasil

A Arquidiocese de São Salvador da Bahia e a Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) na Bahia apresentaram ontem (29), na Casa dos Sete Candeeiros, o projeto de restauração do edifício do Palácio Arquiepiscopal de Salvador para implantação de um Centro de Referência da História da Igreja Católica do Brasil. A obra está orçada em 18 milhões de reais e será executado com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e Banco Itaú.

“A restauração do Palácio Arquiepiscopal vira realidade e ilustra o olhar atento que uma série de pessoas têm sobre este precioso patrimônio que não é só da Bahia, mas do Brasil”, disse o arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger. Ele destacou que a deterioração do imóvel pesou na hora da escolha. “O Palácio merecia prioridade na realização das obras, porque do jeito que estava não teríamos mais condições de restaurá-lo”, completou.

Dom Murilo informou que a conclusão dos trabalhos está prevista para um prazo de 24 meses. “Será um centro de estudo que irá proporcionar as pessoas fazerem um passeio pela história da Igreja Católica no Brasil”, ressaltou. Para que o edifício retome as características originais, serão executados serviços como a reestruturação de alguns pilares localizados ao fundo do prédio, das grades e gradis, das cercaduras de pedra, da escada monumental, da porta principal em pedras, demolição da edícula situada na face oeste, ligação com a Praça da Sé, instalações elétricas, hidráulicas e drenagem, elevador para oito pessoas, climatização, ambientação dos espaços, projeto educativo, aquisição e instalação de equipamentos dos laboratórios e para a área de pesquisa.

Para o superintendente do IPHAN na Bahia, Carlos Amorim, a restauração do Palácio para implantação de um Centro de Referência da História da Igreja Católica do Brasil é um projeto grandioso, que cria um fluxo muito interessante de atividades e de produção do conhecimento, e se integra a um programa de recuperação que o Centro Histórico de Salvador começa a viver. A ordem de serviço será assinada na primeira semana de setembro, dando início a execução das obras.

Preservação da memória

O centro terá uma área total de 1950m2. O proponente do projeto cultural perante o Ministério da Cultura, o Instituto para o Desenvolvimento Humano – IDH, destacou na apresentação que o processo de restauração do palácio deverá trabalhá-lo de forma a valorizar todas as fantásticas características arquitetônicas, tratando o próprio edifício como um dos principais elementos dos momentos expositivos.

O Centro será destinado para preservação da memória com a instalação e operação de laboratórios de restauro; portal do conhecimento com espaço de estudo e pesquisa; área para exposição com espaço de mostra e de educação histórico-patrimonial; e um espaço de acolhimento e atendimento da arquidiocese.

No pavimento térreo, terá seis laboratórios de restauros, todos dotados dos equipamentos e máquinas necessário, com paredes de vidro possibilitando que a visitação perceba os trabalhos de restauros que serão executados; no primeiro pavimento serão instalados centros de documentação e um banco de dados que será lincado com os principais centros de documentação da Igreja Católica no mundo; o segundo pavimento será destinado ao atendimento da arquidiocese, com sala de reunião, auditório, sala do arcebispo, recepção, secretária, varanda.

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O objetivo do Laboratório de Preservação da Memória é dar visibilidade à importância do ensino técnico na preservação da memória e restauração documental. Há poucos técnicos especializados nesse trabalho no Brasil e que, de um modo geral, tiveram uma formação profissional empírica. O projeto irá se associar, num sistema de parceria, aos Centros de Restauração histórica espalhados pelo país, ligados ao IPHAN e a outros órgãos de preservação histórica no âmbito estadual e municipal, às universidades e escolas técnicas ou outras organizações correlatas no Brasil ou no exterior.

O laboratório servirá de modelo e funcionará como uma espécie “vitrine” para dar visibilidade ao trabalho de restauro dos profissionais. Técnicos de diversas áreas afins serão convidados a trabalhar em esquema de revezamento e in loco como numa espécie de aula técnica a ser ministrada durante o período de visitação do Centro de Referência. Painéis e vídeos trarão todas as informações necessárias a compreensão do trabalho que está sendo realizado, como também poderão fazer perguntas e se informar sobre cursos técnicos disponíveis no Brasil e no exterior.

O Portal Digital pretende ser uma fonte de informação e de pesquisa inovadora no país. Será um ambiente e veículo de comunicação permanente entre a igreja e a comunidade católica no Brasil e no mundo, com salas de pesquisas especificamente preparadas e equipadas com os mais modernos sistemas de comunicação e dados. O Centro terá também espaço para exposição de conteúdos permanente, com acervo próprio, e temporários.

Fonte: Rosilane Barbosa (Assessora de Comunicação – IPHAN-BA)

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Militares pedem saída da imprensa e ficam calados na Comissão da Verdade

DEU NA ABI – Associação Brasileira de Imprensa*

Três militares que foram convocados na manhã desta terça-feira, 29 de julho, para prestar depoimento na Comissão Nacional da Verdade (CNV) pediram que a imprensa se retirasse da sala de audiência pública e, ainda assim, não responderam às perguntas dos membros do colegiado. Nesta semana, estão previstos depoimentos de 20 militares convocados e de um convidado no Arquivo Nacional, para tratar de 11 temas como o atentado à bomba no Riocentro, a Casa da Morte de Petrópolis e a morte do deputado Rubens Paiva.

Na manhã desta terça-feira seriam ouvidos o general reformado Nilton de Albuquerque Cerqueira e os capitães Jacy e Jurandyr Ochsendorf, todos defendidos pelo advogado Rodrigo Roca, que orientou seus clientes a ficarem em silêncio. “A questão não é colaborar, nem se defender. É evitar que erros históricos se repitam e acabem virando uma verdade”, disse o advogado, afirmando que a comissão foi induzida a um “erro histórico” ao divulgar uma foto do acidente em que morreu a estilista Zuzu Angel, na qual aparece o coronel Freddie Perdigão. A imagem foi entregue à CNV pelo ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) Claudio Guerra.

“Com esse engano, causou-se um transtorno muito grande, acredito eu, para os parentes e para os companheiros de farda [do coronel Perdigão]. Quem declarou isso a Vossa Excelência, ou se enganou, ou te enganou, que é pior ainda”, disse o advogado ao coordenador da CNV, Pedro Dallari.

Dallari classificou a justificativa de incoerente: “Se há erro, o erro só pode ser corrigido com depoimentos, com elementos e com documentos. Não com silêncio. A declaração de que [o convocado ou convidado] não vai se manifestar sobre um assunto não ajuda na investigação”, disse Dallari. Ele ressaltou que a foto do acidente foi recebida de uma testemunha de grande credibilidade, que participou ativamente dos eventos. “Não podemos aceitar que haja contestação das informações por quem se nega a prestar depoimento, porque aí seria uma inversão da própria lógica do processo de investigação.”

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Apesar de lamentar, o coordenador da comissão, no entanto, minimizou: “É claro que, para a CNV, seria muito importante que houvesse mais colaboração, mas eu diria que já temos elementos suficientes. A fala deles era importante do ponto de vista do direito de defesa, de eles poderem apresentar a sua versão dos fatos. Para mim, essa estratégia pode fazer sentido juridicamente, embora, do ponto de vista da imagem, seja péssima, porque quem fala que não tem nada a declarar em geral é quem é culpado. Se eles fossem inocentes, apresentariam a sua versão dos fatos.”

O general Nilton Cerqueira comandava a Polícia Militar do Rio de Janeiro na época do atentado do Riocentro, em 1981, e há um ofício em seu nome que pede a retirada do policiamento no dia do show em que ocorreria o atentado. Em outra audiência pública sobre o caso, a CNV apontou essa estratégia como uma das formas de contribuir com o clima de terror no episódio, em que a bomba acabou explodindo no carro com os militares dentro. A participação de Nilton também é apontada no Araguaia e na Operação Pajuçara, em que foi morto o líder militante Carlos Lamarca, na Bahia. “Ele esteve relacionado diretamente a esses eventos. É protagonista de eventos dramáticos da história do Brasil”.

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Mais de dez perguntas foram feitas a Nilton, e nenhuma foi respondida. De acordo com a advogada Rosa Cardoso, integrante da CNV, ele disse apenas que pediu para os jornalista deixarem o salão porque “a imprensa distorce tudo” e afirmou “que era um absurdo a comissão investigar o fato 30 anos depois”.

Os irmãos Jacy e Jurandyr são apontados como participantes da farsa montada para sustentar a versão de que o deputado Rubens Paiva foi resgatado por guerrilheiros e fugiu, encobrindo o fato de ter sido torturado e morto. “Estavam vinculados ao DOI-Codi e participaram diretamente da operação de simulação da fuga de Rubens Paiva. Depois, a comissão apurou que Rubens Paiva não fugiu, foi executado no DOI-Codi, e o que se fez foi forjar a fuga do parlamentar. Os capitães Jacy e Jurandyr tiveram participação direta no evento, como foi relatado por um colega deles.”

Antes do depoimento de Jurandyr, membros da CNV chegaram a insistir que ele falasse, e, se não fosse falar, que a imprensa pudesse acompanhar as perguntas. Em resposta, o militar respondeu apenas que “permaneceria calado” e que “preferia a ausência da imprensa”. O jurista João Paulo Cavalcanti Filho, que pediu a permanência da imprensa, classificou a posição de uma “deselegância”, já que os jornalistas tiveram que sair do salão no início de cada depoimento. Cinegrafistas e fotógrafos foram impedidos pela segurança pela Polícia Federal de fazer imagens do embarque dos dois últimos depoentes, Jacy e Jurandyr, em carros no pátio interno do Arquivo Nacional.

*Informações de Vinícius Lisboa para a Agência Brasil

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