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Retrospectiva: Principais fatos que mobilizaram o Brasil e o mundo em 2013

O Brasil entrou 2013 em destaque na imprensa mundial como um dos cenários paradisíacos na economia, frente à crise nos mercados norte-americanos e europeu. Ao longo do ano, teve destaque nas capas dos jornais de todo o mundo. O país naturalmente já ganharia mais visibilidade internacional, uma vez que se prepara para receber dois dos maiores eventos esportivos internacionais, a Copa do Mundo, em 2014, e a Olimpíada, em 2016. Mas, se a construção dos estádios e da infraestrutura para o Mundial de futebol era um destaque previsto nos noticiários, o episódio de espionagem contra o Brasil, a repressão aos protestos de rua, a violência contra profissionais da imprensa e as condenações de parlamentares por crime de corrupção foram alguns dos temas mais tratados pela mídia brasileira, com repercussão mundial.

Dentro e fora do Brasil, este foi o ano em que milhares de pessoas tomaram as ruas em junho para protestar contra, entre outras coisas, os gastos nos preparativos para a Copa e o preço das passagens no transporte público. O país viveu uma explosão de agressões contra profissionais ligados à cobertura dos protestos. Pelo menos 70 dos 113 casos de agressão registrados teriam sido intencionais. No final do ano, a organização Repórteres Sem Fronteira (RSF) divulgou um levantamento em que registra o assassinato de cinco jornalistas no Brasil, o mesmo número de 2012.

Merece destaque o trabalho da Comissão da Verdade, criada para reconstruir a verdade sobre as violações dos direitos humanos ocorridos entre 1946 e 1988, em especial o período da ditadura militar de 1964 até a constituição de 1988. A atuação das comissões estaduais possibilitou a exposição pública de uma série de documentos que ajudaram a aprofundar a compreensão sobre a história brasileira e, principalmente, reforçar as lutas que marcaram a consolidação do regime democrático no país.

Este ano, a África do Sul e o mundo perderam Mandela, o ex-presidente que levou a reconciliação ao país marcado pelo apartheid – regime de segregação racial adotado de 1948 a 1994 pelos sucessivos governos do Partido Nacional na África do Sul.

Confira abaixo um top 10 com os principais fatos que mobilizaram o Brasil em 2013:

1. Protestos

Em junho deste ano, os protestos no Brasil inicialmente surgiram para contestar os aumentos nas tarifas de transporte público, principalmente em Manaus, Fortaleza, Natal, Salvador, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro. As manifestações ganharam o apoio popular após a forte repressão policial contra as passeatas. Foram as maiores mobilizações no país desde as manifestações pelo impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello em 1992.

Em resposta, o governo brasileiro anunciou várias medidas para tentar atender às reivindicações dos manifestantes e o Congresso Nacional votou uma série de concessões, como ter tornado a corrupção como um crime hediondo, arquivando a chamada PEC 37 e proibido o voto secreto em votações para cassar o mandato de legisladores acusados de irregularidades. Houve também a revogação dos então recentes aumentos das tarifas nos transportes em várias cidades do país, com a volta aos preços anteriores ao movimento.

2. Violência contra profissionais da imprensa

Em 2013, o Brasil viveu uma explosão de agressões contra profissionais ligados à cobertura dos protestos pelo aumento das passagens de transporte público e o superfaturamento das obras da Copa do Mundo de 2014. Um levantamento divulgado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) revelou que jornalistas foram agredidos principalmente por policiais durante os protestos que marcaram o país em 2013. Pelo menos 70 dos 113 casos de agressão registrados teriam sido intencionais. Entre os episódios de agressão deliberada, 78,6% foram provocados por forças de segurança.

Em seu relatório anual sobre crimes contra a liberdade de imprensa, a organização Repórteres Sem Fronteira (RSF) registra o assassinato de cinco jornalistas no Brasil, o mesmo número de 2012. O país liderou a lista do continente quanto à repressão policial, com mais de uma centena de agressões contra jornalistas. Apesar de ter deixado a lista dos cinco piores países do mundo para o exercício da profissão de jornalista, não houve melhora nos índices de violência. Entre os principais cenários onde os jornalistas foram mortos, Brasil e México saíram da lista dos cinco piores, sendo substituídos por Índia e Filipinas, somadas à Síria, Somália e Paquistão.

Já no Iraque, às vésperas do Natal, cinco jornalistas morreram em um ataque lançado por quatro terroristas suicidas contra uma emissora de televisão local em Tikrit, ao norte de Bagdá, enquanto forças militares iraquianas atacavam acampamentos da Al-Qaeda no oeste do país. Em menos de três meses, nove jornalistas, incluindo cinco em Mossul (ao Norte), foram mortos no Iraque.

3. Punição a políticos corruptos

O ano de 2013, o primeiro após o início do julgamento do mensalão, foi o período em que o Supremo Tribunal Federal (STF) mais julgou e mais abriu ações penais contra políticos em toda a sua história. Nunca tantos congressistas estiveram sob a mira da Justiça. O número de processos do gênero abertos contra políticos no Supremo cresceu mais de seis vezes e a quantidade de ações penais julgadas pela Corte quadruplicou em comparação com todo o ano de 2012. O aumento de novas ações penais está diretamente associado ao julgamento e, também, ao ano de manifestações e pressões políticas da sociedade, como os protestos contra a PEC 37, que retiraria os poderes de investigação do Ministério Público (MP).

Entre as acusações que recaem sobre os parlamentares, há desde crimes graves como corrupção e envolvimento com o narcotráfico até denúncias relativas a irregularidades – por vezes, de caráter formal – em campanhas eleitorais. Mesmo com o julgamento do mensalão, o Brasil continuou no mesmo patamar no ranking de percepção de corrupção da ONG Transparência Internacional, divulgado no início de dezembro. O País ganhou a nota 42, em uma escala que vai de zero (mais corrupto) a 100 (menos corrupto), no Índice de Percepção de Corrupção (IPC).

4. Comissão da Verdade

A Comissão Municipal da Verdade Vladimir Herzog – constituída pela câmara municipal de São Paulo para rever e investigar casos e crimes da ditadura – divulgou ontem (10) um documento com evidências de que o ex-presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961) foi assassinado durante viagem de carro na rodovia Presidente Dutra, e não morto em um acidente, como registra a história oficial. No documento, a comissão afirma que Kubitschek foi vítima de um complô orquestrado pelo regime militar (1964-1985). O relatório de 29 páginas reúne 90 indícios, “evidências, provas, testemunhos, circunstâncias, contradições, controvérsias e questionamentos” que concluem que a morte do ex-presidente não foi acidente.

Na Bahia, depois da audiência pública na cidade de Feira de Santana, a Comissão Estadual da Verdade ouviu, em Salvador, o então prefeito da capital no ano de 1964, Virgildásio Senna, preso durante o regime militar por 60 dias. Coordenada pela Comissão Estadual da Verdade, a Audiência Pública ouviu oito pessoas que foram alvo de repressão do regime militar instaurado no país.  A Comissão foi criada para reconstruir a verdade sobre as violações dos direitos humanos ocorridos entre 1946 e 1988, em especial o período da ditadura militar de 1964 até a constituição de 1988.

5. Espionagem

Em junho deste ano, um ex-colaborador da Agência Nacional de Segurança (NSA) de apenas 29 anos criou um imbróglio diplomático para o governo dos Estados Unidos. Edward Snowden revelou um esquema de espionagem no qual os EUA bisbilhotaram até o telefone da presidenta Dilma Rousseff. A presidente fez um discurso indignado durante a Assembleia-Geral da ONU, em que afirmou diante de uma plateia de chefes de Estado que as ações de espionagem dos Estados Unidos no Brasil “ferem” o direito internacional e “afrontam” os princípios que regem a relação entre os países.

Já em dezembro, o caso voltou aos holofotes internacionais quando o pivô do escândalo divulgou um documento intitulado “Carta Aberta ao Povo do Brasil”, em afirma que muitos senadores brasileiros pediram sua ajuda na investigação do Congresso sobre a suposta espionagem americana contra cidadãos brasileiros.

Por unanimidade, a Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou a proposta de Brasil e Alemanha sobre “O Direito à Privacidade na Era Digital”. O projeto, que estende a sites da internet o direito à privacidade, não prevê punição para quem descumprir orientações que protegem privacidade, mas tem peso político de ter sido apoiado pelos 193 membros da ONU.

6. Oposição se divide

Durante as manifestações de junho, a presidente Dilma Rousseff viu sua alta popularidade encolher em questão de dias. Ela já reverteu boa parte das perdas, mas o cenário ganhou tons mais surpreendentes em outubro deste ano, com o anúncio da aliança entre Marina Silva e Eduardo Campos, dois ex-ministros do governo petista. Marina, ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula, já havia saído a grande novidade das eleições em 2010, quando ficou em terceiro lugar com mais de 20 milhões de votos, então pelo Partido Verde.

Após desentendimentos, Marina deixou o PV e passou a militar pela criação da Rede Sustentabilidade, um novo partido. A Rede não conseguiu validar o número mínimo de assinaturas para se efetivar como partido e teve sua criação barrada. Marina anunciou em outubro sua filiação ao Partido Socialista Brasileiro, o PSB, do governador pernambucano Eduardo Campos. Embora a oposição tenha já posto o batalhão na rua, Dilma recuperou parte da popularidade, com pesquisas apontando para seu favoritismo em 2014.

7. Economia patina

O Brasil virou alvo de desconfiança dos mercados em 2013.  Após o “PIBinho” de 2012, quando o país cresceu apenas 0,9%, a promessa do governo era a de que o país teria um resultado mais vigoroso neste ano. Não chegou a tanto, mas o resultado para 2013 chega a 2,3% – resultado que não é uma tragédia, mas que está longe dos 7,5% de 2010. Além da desaceleração, o governo viu picos de elevação da inflação, que ao fim deve fechar dentro do teto meta de 6,5% em 2013. Também houve ao descompasso das contas públicas, com excesso de gastos do governo. Apesar dos números pouco promissores, o desemprego chegou ao nível mais baixo da história. Em dezembro, o índice de desocupação era de apenas 4,6%.

8. Mandela

2013 foi o ano em que a humanidade se despediu do ex-presidente que levou a reconciliação à África do Sul, Nelson Mandela, morto aos 95 anos, em Johannesburgo, por complicações pulmonares. A imprensa mundial homenageou o principal representante do movimento antiapartheid e destacou sua trajetória contra o racismo. Mandela lutou contra o domínio branco como um jovem advogado e foi condenado por traição em 1964. Ele passou os próximos 27 anos na prisão. Mas foi através de sua vontade de perdoar seus carcereiros brancos que Mandela deixou sua marca indelével na história.

9. Incêndio em Santa Maria

O Brasil acordou mais triste no domingo 27 de janeiro. Dezenas de bombeiros ainda trabalhavam no resgate de vítimas do incêndio na boate Kiss em Santa Maria, no centro do Rio Grande do Sul. A tragédia, que deixou 247 mortos e mais de cem feridos, é o segundo maior incêndio do Brasil, estando atrás apenas do incêndio ocorrido em 17 de dezembro de 1961, no Gran Circo Americano, em Niterói (RJ), em que 503 morreram. A investigação mostrou que o incêndio teve início com o uso de fogos pirotécnicos por parte da banda Gurizada Fandangueira. Os integrantes do grupo e os donos da boate foram indiciados por homicídio doloso.

10. Estupro de turista no RJ

A pouco mais de um ano da Copa do Mundo, o estupro de uma turista americana de 21 anos no Rio de Janeiro, em março deste ano, colocou em evidência o estado de insegurança nas cidades brasileiras. A mídia americana repercutiu com detalhes o caso, através de sites como “USA Today” e “The Christian Science Monitor”, além do jornal “The Wall Street Journal” e da emissora de TV “CNN”. O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ) condenou os três homens suspeitos pelos crimes de roubo majorado, estupro e extorsão.

Com informações da BBC Brasil, Folha de S. Paulo e G1.

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CAPES aprova primeiro Doutorado em Jornalismo do Brasil

O Conselho Técnico-Científico de Ensino Superior (CTC) da Capes aprovou a proposta de curso de Doutorado em Jornalismo apresentada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em maio. A partir de 2014, o Programa de Pós-Graduação em Jornalismo (POSJOR) oferecerá, além do mestrado, o primeiro doutorado com área de concentração em jornalismo do país. O curso deve iniciar suas atividades letivas em agosto de 2014, com oito vagas inicialmente. O processo seletivo acontecerá no primeiro semestre e o Edital de Seleção deve ser publicado em meados de março.

Praça central da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis/Foto: Lionel Baur

Segundo nota da UFSC, assim como no Mestrado, serão duas linhas de pesquisa: Jornalismo, Cultura e Sociedade” e “Tecnologias, Linguagens e Inovação em Jornalismo”.  “A aprovação da Capes sinaliza que temos um programa consolidado, o que reconhece o trabalho dos corpos técnico, discente e docente do POSJOR desde o seu surgimento em 2007”, comemora Rogério Christofoletti, coordenador do curso.

De acordo com a coordenadora da área Ciências Sociais Aplicadas I, Maria Helena Weber, as propostas foram avaliadas pelos professores João José Azevedo Curvello (UCB) e Suely Ceravolo (UFBA), que atuaram como consultores  de propostas de mestrado profissional, e pela comissão formada pelos professores César Guimarães (UFMG), Cristiane Gutfriend (PUCRS), Dione Moura (UNB), Henriette Gomes (UFBA) e Maria Helena Weber (UFRGS).

Para o presidente da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), Celso Schröder, a aprovação do primeiro Doutorado em Jornalismo do Brasil merece muita comemoração. “É mais um importante reconhecimento das especificidades do Jornalismo na área das ciências aplicadas a ser saudado não só pelos profissionais e entidades do campo acadêmico, como também pelo movimento sindical dos jornalistas”.

PósCom

Na Bahia, o Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia – PósCom/UFBA – implantou a primeira turma de Doutorado em 1995, sob a coordenação do professor  Wilson Gomes. O curso obteve conceito “A” desde a primeira avaliação e quando esta nota foi trocada pela escala numérica, nunca foi atribuído algum conceito abaixo de 5. No entanto, o programa, que congrega pesquisadores em três linhas de pesquisa – Análise de Produtos e Linguagens da Cultura Midiática, Cibercultura e Comunicação e Política –, não oferece curso de Doutorado com área de concentração em Jornalismo.

Fonte: Programa de Pós-Graduação em Jornalismo/UFSC com informações do site Coletiva.net

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Brasil: Índice de violência contra jornalistas não diminuiu em 2013

Em seu relatório anual sobre crimes contra a liberdade de imprensa, a organização Repórteres Sem Fronteira (RSF) registra o assassinato de cinco jornalistas no Brasil, o mesmo número de 2012. Entre os principais cenários onde os jornalistas foram mortos, Brasil e México saíram da lista dos cinco piores, sendo substituídos por Índia e Filipinas, somadas à Síria, Somália e Paquistão. De acordo com o estudo, o número de casos de sequestro de jornalistas subiu 129% com relação ao ano anterior, tendo sido contabilizados 87 episódios.

A situação da liberdade de imprensa na América Latina em 2013 foi “estável” no quadro geral, porém “grave” no Brasil, no México e em Honduras, onde foi registrada a maior parte dos 12 assassinatos do ano na região, segundo o balanço anual da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) publicado na última quarta-feira (18). Ao longo do ano, foram assassinados cinco jornalistas no Brasil (o mesmo número que em 2012), três em Honduras (um a mais), dois no México (quatro a menos), um na Colômbia e outro no Paraguai.

Em 2013, o Brasil viveu uma explosão de agressões contra profissionais ligados à cobertura dos protestos pelo aumento das passagens de transporte público e o superfaturamento das obras da Copa do Mundo de 2014. O país liderou a lista do continente quanto à repressão policial, com mais de uma centena de agressões contra jornalistas. Apesar de ter deixado a lista dos cinco piores países do mundo para o exercício da profissão de jornalista, não houve melhora nos índices de violência. Para a RFS, a situação estável diz respeito ao aumento das agressões em outros países, como Índia, Filipinas, Síria, Somália e Paquistão.

Menos assassinatos, mais sequestros

O número de jornalistas assassinados em 2013 diminuiu, mas registou-se um aumento de profissionais sequestrados nesse período, sendo a Síria o principal cenário, indicou o estudo. A organização defensora da liberdade de imprensa contabilizou 71 assassinatos de jornalistas, o que representa uma queda em relação aos 88 do ano anterior, número classificado pela RSF de “hecatombe” para a profissão.

Apesar da diminuição, a organização considerou muito elevado o número de mortos e comparou-o com os 67 de 2011 e os 58 do ano anterior. Além disso, a RSF salientou que a queda dos assassinatos coincide com um aumento dos sequestros e das agressões, ligadas a situações muito específicas, como os protestos no Brasil, no Egito e na Turquia, além dos mais recentes, na Ucrânia.

Em 2013, o número de sequestros aumentou 129% até chegar a 87, em relação aos 38 de 2012. Destes, 49 foram sequestrados na Síria, onde 18 repórteres internacionais e 22 locais são reféns. Além dos sequestrados, 178 jornalistas estão presos no mundo inteiro, em países como China, Eritreia, Turquia, Irão e, de novo, Síria. Pequim mantém 30 jornalistas atrás das grades, sem contar os que estão nas chamadas “prisões negras”, cujo número é desconhecido, mas que contribuem para a política de controle da informação do regime destinada a promover a autocensura.

Leia tambémAbraji revela que 60% das agressões a jornalistas foram intencionais

A RSF reiterou o seu pedido de que sejam considerados crimes de guerra os ataques deliberados contra jornalistas, para evitar que esse tipo de ataques aconteça com impunidade, principal inimigo da liberdade de imprensa, já que leva à autocensura. A organização afirmou que o assédio aos colaboradores de comunicação permaneceram. O relatório contabilizou o assassinato de 39 dissidentes que praticavam jornalismo através da rede e de 127 cidadãos por terem divulgado informações pela internet. Informações do site Diário Digital.

Controvérsia

Outra organização internacional, o Comitê para a Proteção de Jornalistas (CJP, na sigla em inglês), com sede em Nova York, aponta dados diferentes da RSF. O CPJ afirma que o Brasil é o 5º país com o maior número de número de morte de jornalistas, com três casos confirmados: o fotógrafo Walgney Assis Carvalho, o jornalista Rodrigo Neto e o radialista Mafaldo Bezerra Goes. O País segue atrás de Síria (21), Egito (6), Paquistão (5) e Somália (4).

Em 2013, o CPJ registrou 52 casos de assassinatos de jornalistas por motivos confirmados e 26 por motivos desconhecidos, além de dois casos de morte de dois profissionais de apoio (um distribuidor e um técnico de rádio e TV). Entre os crimes de motivação confirmada, 58% foram em decorrência de coberturas na área de política, 54% na área de Direitos Humanos e 48% durante conflitos armados.

O Comitê destaca que houve uma queda de 232 jornalistas presos em 2012 para 211 em 2013. Antes do ano passado, o número mais alto no censo anual do CPJ foi de 185 prisões em 1996. Para a organização, a Turquia, Irã e China foram os piores carcereiros de jornalistas do mundo, nessa ordem, com um total de 107 detenções.

Com informações da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e do Instituto Palavra Aberta

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Após caso mensalão, ações contra políticos batem recorde no STF

Volume de ações penais instauradas na Corte foi seis vezes maior este ano que em 2012. Julgamentos quadruplicaram. Entre as acusações que recaem sobre os parlamentares, há desde crimes graves como corrupção e envolvimento com o narcotráfico até denúncias relativas a irregularidades – por vezes, de caráter formal – em campanhas eleitorais.

Nunca tantos congressistas estiveram sob a mira da Justiça/ Foto: Luiz Silveira – SCO – STF

O ano de 2013, o primeiro após o início do julgamento do mensalão, foi o período em que o Supremo Tribunal Federal (STF) mais julgou e mais abriu ações penais contra políticos em toda a sua história. Nunca tantos congressistas estiveram sob a mira da Justiça. O número de processos do gênero abertos contra políticos no Supremo cresceu mais de seis vezes e a quantidade de ações penais julgadas pela Corte quadruplicou em comparação com todo o ano de 2012.

Conforme os dados do STF, em 2012, quando o mensalão foi julgado, os ministros aceitaram a abertura de 23 ações penais, número que chegou a 149 neste ano. Até então, o ano de 2011 havia sido o recordista em ações penais instauradas: 72 ações abertas em um ano. A quantidade de casos em que houve o desfecho cresceu de 15 ações em 2012 para 63, até a segunda semana de dezembro. O recorde anterior de ações julgadas era 2010, com 23 ações penais analisadas pela Corte.

Instrumento jurídico pelo qual o Judiciário examina a existência de um crime, as ações penais só são abertas quando o juiz entende que existem indícios suficientes no inquérito – aberto pelo Ministério Público, no caso de uma ação pública – para julgamento.

Já as ações penais julgadas dizem respeito aos casos que tiveram desfecho e condenações. Neste ano, por exemplo, o STF determinou a prisão do ex-deputado federal Natan Donadon (sem partido-RO), condenado a mais de 13 anos de prisão, pelos crimes de peculato e formação de quadrilha por desviar R$ 8,4 milhões da Assembleia Legislativa de Rondônia. O senador Ivo Cassol (PP-RO) é outro caso de político condenado pelo Supremo em 2013. O STF determinou pena de quatro anos e oito meses por fraudes em licitações, mas como da decisão ainda cabe recurso, o parlamentar ainda não teve sua prisão decretada.

O julgamento de ações contra políticos não significa necessariamente uma condenação: o deputado federal Tiririca (PR-SP), por exemplo, teve uma ação penal contra ele arquivada por falta de provas. O parlamentar foi acusado de omitir a relação de bens à Justiça Eleitoral durante as eleições de 2010 e de usar uma declaração falsa de que sabia ler e escrever.

Manifestações de rua e período pós-mensalão

Entre os ministros e setores do Poder Judiciário, existe um entendimento de que o crescimento das ações instauradas ou julgadas contra políticos é fruto de uma visão personalista do atual presidente da Corte, Joaquim Barbosa. Tanto é que uma providência de caráter técnico adotada por Barbosa na sua gestão foi a destinação das quintas-feiras para análise de inquéritos ou ações penais contra políticos. Por outro lado, existem setores que veem o rendimento do Supremo no julgamento de ações penais como fruto do rescaldo de toda a exposição dada à Corte pela Ação Penal 470, designação oficial do caso do mensalão.

Para o juiz Márlon Reis, porta voz do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), o aumento de novas ações penais está diretamente associado ao julgamento e, também, ao ano de manifestações e pressões políticas da sociedade, como os protestos contra a PEC 37, que retiraria os poderes de investigação do Ministério Público (MP). “Há uma tendência do STF de dar maior atenção a essas causas, isso porque a própria atenção da sociedade aumentou. E o STF, como toda instituição democrática, sente essa pressão”, disse Reis.

Já para o promotor Bernardo Boclin, um dos responsáveis pelas investigações da Operação Monte Carlo, que desarticulou o esquema de jogos de azar comandado pelo empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira em 2012, a intensificação das ações penais abertas e julgadas contra políticos dá um recado claro à toda a sociedade. “O STF está dando exemplo de que os quem têm foro privilegiado também serão processados e julgados por crimes de corrupção. Isso para nós é importante”, declarou o promotor. “Quando todas as instâncias (Supremo Tribunal/ Superior Tribunal de Justiça – STJ e tribunais de 2ª instância) passam a trabalhar pela mesma causa, isso mostra que o promotor não fica sozinho na ponta atuando contra o empresário ou contra determinados agentes públicos”, complementou.

Leia também: Aumenta a percepção sobre corrupção no Brasil

Mesmo com o julgamento do mensalão, o Brasil continuou no mesmo patamar no ranking de percepção de corrupção da ONG Transparência Internacional, divulgado no início de dezembro. O País ganhou a nota 42, em uma escala que vai de zero (mais corrupto) a 100 (menos corrupto), no Índice de Percepção de Corrupção (IPC). Mesmo com os frutos do julgamento do mensalão, o Brasil ficou em 72º lugar entre 177 países, três posições à frente do 69º lugar alcançado em 2012. País segue abaixo da linha dos 50 pontos e ONG diz que há muito por fazer.

Para Reis, a divulgação de novas denúncias e investigações pode confundir a opinião pública, deixando a impressão de que há mais corrupção do que quando as investigações não eram abertas. “A notícia de novas ações não soa como uma notícia positiva necessariamente, mas essa mentalidade tende a mudar porque o Brasil está mudando. São cada vez mais instrumentos de combate à corrupção, inclusive do Judiciário”, analisa.

Para o doutor em ciência política pela Universidade de Brasília (UnB), Leonardo Barreto, a intensificação do combate à corrupção é um primeiro passo para uma mudança de cultura no Brasil. Mas esse é um processo que ainda tende a demorar um tempo. “Você tinha um conjunto de práticas muito comuns, que, em outras oportunidades não eram vistas como grandes problemas. Esse mesmo conjunto de práticas passou a não ser mais aceito, as pessoas exigem uma melhor aplicação dos recursos e aí as instituições que estavam acostumadas com o funcionamento antigo são pressionadas a se transformar, a se modificar”, afirmou o professor da UNB. Informações de Natália Peixoto e Wilson Lima – iG São Paulo e iG Brasília.

Fonte: Tribuna da Bahia Online

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