Notícias

Reuters Institute registra crescimento de confiança nas notícias

O recém-lançado “Reuters Digital News Report 2021”, do Reuters Institute (Universidade de Oxford), registrou um crescimento da confiança em notícias durante a pandemia de Covid-19 e revelou a demanda por redações mais inclusivas.

O relatório é a pesquisa mais abrangente sobre o consumo de notícias em todo o mundo, com base em mais de 92.000 entrevistas e cobrindo 46 países em todo o mundo. Ele examina como a Covid-19 está transformando a indústria de notícias, como o público pensa sobre imparcialidade e o surgimento de redes sociais mais visuais como TikTok e Instagram. Ele também explora o aumento dos modelos de receita do leitor, o papel da confiança e da desinformação e a forma como o público feminino, mais jovem e mais partidário percebe como a mídia os cobre e os representa.

Uma das principais conclusões do estudo é que a confiança do público nas notícias cresceu durante a pandemia, especialmente na Europa Ocidental, ajudando as marcas com uma reputação de reportagem confiável durante um período crítico.

“Passamos por um período muito sombrio e grande parte do público reconhece que as organizações de notícias costumam ser as que brilham nessa escuridão”, disse Rasmus Nielsen, diretor do Instituto Reuters.

Os dados do estudo também mostram que os jornais impressos viram um declínio ainda mais acentuado à medida que os bloqueios afetaram a distribuição física, acelerando a mudança em direção a um futuro predominantemente digital e o uso das mídias sociais para consumo de notícias. A aceleração da revolução tecnológica significa que 73% das pessoas agora acessam as notícias por meio de um smartphone, contra 69% em 2020.

No entanto, o número de usuários dispostos a pagar por notícias digitais permanece baixo e, na maioria dos países, uma grande proporção das assinaturas digitais vai para apenas algumas grandes marcas nacionais.

Para a Federação Internacional de Jornalistas (IFJ, na sigla em inglês), esses achados demonstram que a transição da mídia impressa para a digital ainda não foi concluída com sucesso e que ainda existem grandes desequilíbrios que precisam ser resolvidos. A entidade defende que o fortalecimento de sindicatos de jornalistas é crucial para entregar jornalismo de qualidade e diversificar redações.

Inclusão e diversidade nas redações

O estudo aponta que um dos maiores desafios para a mídia é desenvolver a confiança conquistada e envolver ainda mais o público. Para conquistar assinantes, principalmente os jovens, é importante dar espaço e contratar mais jovens repórteres e estar presente nas redes sociais. Mas isso não é tudo.

A pesquisa descobriu que os meios de comunicação são vistos como representando os jovens (especialmente as mulheres), pessoas com um forte ponto de vista político e pessoas de grupos étnicos minoritários de forma menos justa. Essas descobertas evidenciam a necessidade urgente de redações mais diversificadas que representem os pontos de vista e os interesses de todos.

“Os resultados do Reuters Digital News Report revelam que a pandemia de Covid acelerou as tendências positivas e negativas na mídia que precisam ser abordadas. Os sindicatos desempenharão um papel fundamental na garantia de direitos trabalhistas e salários justos em um cenário de mídia digital em crescimento, garantindo redações diversificadas e equilibradas por gênero e garantindo que a transição do jornalismo impresso para o digital não deixe nenhum trabalhador para trás”, declarou o secretário-geral da IFJ, Anthony Bellanger.

*Informações são da FIJ

publicidade
publicidade
Notícias

SRTE e Sinjorba firmam parceria para regularizar registros profissionais

Centenas de jornalistas que precisaram recorrer ao Ministério da Economia para conferir seus registros profissionais tiveram uma surpresa: ao acessarem o link no site do governo (clique aqui), descobriram que a inscrição constava como inexistente. De acordo com o Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba), os profissionais se depararam com a informação apenas quando o documento foi requerido no cadastramento para a vacinação contra a Covid-19.

“Nenhum registro encontrado” ou “Registro cancelado” são as mensagens mais comuns

Segundo o responsável pelos registros na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) – antiga DRT – do Ministério da Economia aqui na Bahia, Carlos Melo, o problema aconteceu porque houve migração de dados dos livros de registro para o sistema online. Quando os registros foram transferidos houve inconsistências haja vista que o sistema informatizado não aceitou as informações incompletas. E isso ocorreu porque quando muitos colegas fizeram seu pedido, muitos há décadas, estes dados não foram solicitados. Aliás, tudo era presencialmente, com cópias impressas dos documentos, com inclusão feita à mão. 

Inicialmente, a SRTE sugeriu que o trabalhador entrasse novamente no sistema e fizesse um novo pedido de registro. No entanto, após pedidos do Sinjorba e simulações feitas pelo órgão, foi sistematizada uma maneira de resolver, usando um recadastramento de dados feito a partir do Sindicato.

A partir de agora, quem ingressar no sistema do ME e encontrar inconsistência em seu registro, pode clicar neste link aqui, preencher os campos e anexar os documentos pedidos. Este cadastro será compartilhado entre o Sinjorba e a SRTE. Segundo o Sindicado, a regularização da inscrição é concluída em alguns dias, caso as informações fornecidas estejam corretas.

publicidade
publicidade
Blog das vidas

Aos 73 anos, morre o radialista e ativista cultural Ramiro Guedes

Teixeira de Freitas chora a partida de um filho ilustre que a adotou e foi adotado pela maior cidade do Extremo-sul da Bahia. O radialista Ramiro Guedes, 73 anos, lutava há semanas pela vida, internado no Hospital Municipal de Teixeira de Freitas.  Durante a internação contraiu uma infecção por uma bactéria devastadora e uma corrente de amigos se mobilizou para encontrar o único antibiótico capaz de reverter o quadro, em falta em vários hospitais públicos e privados. Na manhã desta sexta-feira 25 de junho, falência múltipla dos órgãos provocou a morte do comunicador, referência para a imprensa da região.

Mineiro de nascimento, Ramiro Guedes nasceu na casa de número 07, da Rua da Flores, em Teófilo Otoni (MG), em 12 de março 1948. O primeiro casamento de Ramiro foi com Raquel da Imaculada Conceição com quem viveu sete anos e teve Juan Pablo, Tarsila e Luciano. Com Marisa de Fátima Goulart, sua segunda esposa, viveu uma bela história de amor de 36 anos e teve mais uma filha, Maíra Guedes.

Formado em Letras numa extensão da Universidade Católica na cidade mineira de Pedro Leopoldo, era apaixonado por literatura, mas encontrou sua realização profissional no rádio. Trabalhava na Rádio Imigrantes de Teófilo Otoni quando recebeu o convite do então prefeito de Teixeira de Freitas, Francistônio Pinto, para trabalhar na Rádio Caraípe, recomendado pelo presidente da Associação Comercial de Teófilo Otoni da época, Sélem Handele. Mas não aceitou logo o convite: “eu fiquei indeciso, pois conhecia a fama de Teixeira de Freitas, de violência. Isso foi logo depois da primeira eleição, onde receberam uma juíza a tapas e tinha vindo Força Federal para cá”. Depois de muito refletir, aceitou o desafio e chegou a Teixeira em 1990, no dia 9 de maio, aniversário da cidade.

Logo nos primeiros dias do novo trabalho, criou o programa “Almoço à Brasileira”, ícone da radiodifusão do Extremo-sul e assinava colunas em jornais da região, migrando depois para sites e blogs. Morou dois anos em Porto Seguro, mesmo assim, sempre apresentou o Almoço à Brasileira em Teixeira. “Nunca deixei de fazer. As únicas vezes que deixei de fazer o programa foram em dois momentos: no casamento de Uldurico Pinto, que eu fui para o casamento e deixei o programa gravado; e, no falecimento de meu filho, que faleceu numa quinta-feira, aí no sábado eu não fiz o programa”, contou o radialista.

Almoço à Brasileira marcou os fins de semana da cidade. Muitas vezes, saia dos estúdios ia até o público, em festas, feijoadas e projetos que estivessem acontecendo. Mesclava informação, música e valorização da cultura, sempre levando poetas, escritores em geral, cantores e muitos outros artistas. Ramiro já fez muitos programas nas universidades e em cidades vizinhas. Trouxe atrações nacionais como Renato Teixeira e Xangai no aniversário de 5 e de 10 anos de programa e Oswaldo Montenegro nos 15 anos. “A parte mais importante da minha vida profissional é o Almoço à Brasileira”, confessou Ramiro, certa vez, conversando com colegas.

Pai zeloso, Ramiro teve um filho autista que morreu cedo, em 1997. “Uma cidade onde você tem um filho enterrado se torna aquele pedaço que Chico Buarque define como “saudade é o revés de um parto, saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu”, disse certa vez.

Bom contador de história vividas, Ramiro Guedes fez história no Extremo-sul da Bahia e ainda nos seus primeiros anos atuando na imprensa na região, ganhou o apelido de “Roberto Marinho dos pobres”. O motivo: era diretor das rádios Caraípe e Difusora (Teixeira de Freitas), Alvorada (Eunápolis), e outras emissoras rádio de Itapetinga e de Medeiros Neto, ao mesmo tempo. Enquanto dirigiu essas rádios, buscou valorizar os colegas e pagou salários bem acima da média das emissoras do interior da Bahia.

Sobre o início da imprensa na região ele diz que o jornalismo “era bem mais agressivo, no sentido dos fatos”. Em 1991 aconteceu algo que marcou a vida de todos os radialistas da cidade, que foi o caso Ivan Rocha, radialista tido como desaparecido até hoje). “Foi o meu batismo de fogo, pois nunca tinha tido uma participação de rádio que levasse para esse lado”, falou Ramiro.

Outro momento marcante para ele foi a disputa entre os candidatos a prefeito Temóteo Brito e Ubaldino Júnior: “foi uma campanha terrível, de muita agressividade, ameaça de morte e uma série de outras coisas”, contava.

“Teixeira prende a gente, pelos encantos e desencantos”, dizia, sem qualquer arrependimento por ter escolhido fazer carreira ali. “Teixeira é o seu povo a sua gente humilde”, disse Ramiro. Ele passava pelas ruas e percebia a vida dos cidadãos pela poesia de Vinicius de Morais para definir a cidade liricamente: “São casas simples com cadeiras na calçada e na fachada escrita em cima que é um lar, pelas janelas flores tristes e baldias como alegria que não tem onde encostar”.

Ramiro foi secretário Municipal de Cultura entre 2012 e 2016, reconhecido como  um ícone local no assunto cultura, pois lutou muito pela valorização dos artistas da terra. “O rosto cultural de Teixeira é diversidade, e, ao mesmo tempo, é uma cidade que falta tudo, por exemplo, livrarias, teatro”.

“Eu me lembro que Fernando Moulin estava aqui quando eu cheguei e até hoje está no ar, Alberto Legalé também, que agora está na Abrolhos FM em Mucuri e Samuca Macedo. Essa turma toda continua trabalhando”, disse. “A velha guarda do rádio está aí, o alicerce continua, como Moreau Nunes, JB”, enfatizou numa roda de conversa, lembrando com carinho dos colegas de profissão.

Todos choram a partida do mestre, hoje. O levará a tristeza e a dor da perda, deixando apenas as lições de vida e de profissionalismo e as saudades de um colega inesquecível.

Ernesto Marques, com informações do site Vida Diária

publicidade
publicidade
Blog das vidas

Colegas lamentam a morte do jornalista Igor César Ribeiro, vítima de Covid-19

A morte do jornalista automotivo, radialista e publicitário Igor César Ribeiro Pereira, aos 35 anos, causou comoção entre os profissionais da imprensa de Salvador. O produtor e editor de programas independentes, como Carros & Consórcios e do TV Auto – ambos transmitidos pela Band Bahia – veio a óbito nesta segunda-feira (21), por complicações decorrentes da Covid-19. Igor estava internado há 90 dias no Hospital da Cidade, na capital baiana. De acordo com familiares, ele não tinha comorbidades. Com cerimônia restrita por causa da pandemia, a cremação acontece nesta terça-feira (22), no Cemitério Bosque da Paz.

“Igor César sempre soube cativar por ser uma pessoa prestativa e cheia de ideias. Editor de imagens tem que participar e trazer suas ideias. Ele tinha seus sonhos, gostava de carros e também da comunicação. Perdemos mais um talento para essa doença terrível”, lamentou o jornalista automotivo Roberto Nunes, editor do site especializado Autos e Motos. De suas três décadas atuando na comunicação, ele compartilhou 10 anos de experiências com o jovem amigo. “Sempre encontrei ele nos eventos da cobertura do jornalismo automotivo. Nunca vi Igor sem seu sorriso largo. Alto astral, ele gostava de contar piadas e fazer suas gracinhas para animar a todos”, relatou Nunes.

Os jornalistas Duda Godinho, diretor do programa TV Auto Nordeste, Igor César e Roberto Nunes | Foto: arquivo pessoal

Coube ao jornalista Ramon Margiolle, diretor de conteúdo do site Informe Baiano, noticiar o falecimento de Igor, seu amigo há 10 anos. “Conheci Igor no programa Mercado Livre Sanave, hoje Carros & Consórcios, que é exibido pela Band. Ele iniciou conosco como estagiário. Chegou cheio de sonhos, como todo jovem. Demonstrou competência e conquistou a todos”, declarou Margiolle em entrevista à Associação Bahiana de Imprensa (ABI). Ele acredita que Igor, que não havia sido vacinado, contraiu Covid-19 no exercício da função. “É bom a gente enfatizar, porque ele estava todos os dias nas concessionárias de veículos, conversando com clientes, gravando vídeos, fotografando. Viaja, cobria eventos do jornalismo automotivo fora do estado. A vida dele era trabalhar. Ele não pegou Covid em farra”, ressaltou.

Indignado, Ramon Margiolle lamentou a situação do país em meio à crise sanitária causada pelo coronavírus e denunciou a desvalorização dos profissionais da imprensa. “Como uma categoria essencial como a nossa ainda não foi vacinada e dão esse paliativo de 40 anos de idade?”, indagou. Segundo ele, a maioria que está em campo é jovem, de 26 a 35 anos. “Um sentimento de revolta, de tristeza, por estarmos de mãos atadas diante de tanto descaso neste país. Já passamos de meio milhão de mortos e mesmo assim vemos o presidente da república agredindo a imprensa”, destacou o jornalista, em referência ao episódio ocorrido ontem em SP, quando o presidente Jair Bolsonaro tirou a máscara e mandou uma jornalista calar a boca durante entrevista.

Vacinação da categoria

Na quinta (17) morreu em Gandu a apresentadora Josy Soares, 42 anos, da rádio WG FM, de Wenceslau Guimarães. Na manhã de hoje (22), o Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba) falou sobre as mortes dos dois colegas e disse que vai procurar novamente a Comissão Intergestores Bipartite (CIB), para “pedir sensibilidade e responsabilidade” ao órgão na análise do pedido da entidade sobre a continuidade da vacina dos profissionais de imprensa. 

Para o Sinjorba, as mortes de Josy e Igor, mostra que a CIB precisa atender ao pedido já formalizado para continuar a vacinação dos profissionais de imprensa no Estado, reduzindo a faixa de idade, conforme consta no ofício 15/2021 de 15 de junho passado. “Nossa categoria vem sendo duramente atingida porque está trabalhando na linha de frente sem proteção. Como não temos no plano federal um Ministério que cuide da imunização com seriedade, as autoridades sanitárias baianas precisam olhar com responsabilidade o problema epidemiológico grave que atingiu o setor de comunicação”, reivindica Moacy Neves, presidente do Sinjorba.

publicidade
publicidade